Aniversário da “jovem
senhora”
Pedro
J. Bondaczuk
As cidades podem ser
consideradas, pelo menos em sentido metafórico, como seres vivos. E, de fato,
são. Não me refiro, claro, à sua parte material: a seus prédios, casas, ruas,
avenidas, viadutos etc.etc.etc. O que lhes dá vida não é isso. São aqueles que
as habitam. São eles que formam seu cérebro, músculos, coração e vísceras. São,
enfim, sua alma. Ademais, as cidades têm personalidade. Podem ser até parecidas
com algumas outras do mesmo porte, mas jamais serão iguais. Nascem, aprendem a
caminhar, têm infância, adolescência, maturidade e... finalmente velhice.
Algumas, até, por alguma razão, morrem. E, como todas as pessoas, as cidades
também aniversariam.
Campinas, que neste 14
de julho completa 240 anos de fundação, é assim. Pode, então, ser comparada a
uma anciã, vivida e mourejada, mas já sem o vigor original? Não, não e não! E
por uma razão bem simples. A idade das cidades não é contada em anos, mas em
séculos. Por este parâmetro, Campinas é jovem, bastante nova, quase uma
criança. Aliás é uma linda moça, em plena passagem da adolescência para a
maturidade.
Seu cérebro –
representado por suas escolas, universidades, institutos de pesquisa, centros
culturais e artistas de todas as artes – é inteligente, vigoroso, ativo, sensível e
perspicaz. Seus músculos, elásticos e hábeis, são suas indústrias, seu
comércio, sua agricultura e seu setor de serviços, além dos seus notáveis
esportistas. Seu sistema imunológico, que a protege de doenças e contribui para
sua cura caso sejam instaladas, são seus hospitais. E vai por aí afora.
É esta “jovem senhora”,
no início da maturidade, que completa 240 anos – equivalentes, digamos, a 20
anos em humanos – e que festeja, portanto, mais uma etapa de vida, em pleno
vigor físico e mental. Como toda pessoa saudável e normal, está cheia de
sonhos, ambições, desejos e ideais. Nós, seus habitantes, somos células desse vigoroso
e belo organismo, formando seus vários órgãos, de conformidade com nossas
respectivas funções. Como em qualquer corpo com saúde, nos renovamos
continuamente, o tempo todo, com nascimentos e mortes, sem que, todavia, haja
solução de continuidade em seu desenvolvimento.
Portanto, o aniversário
desta “jovem senhora” é, também, em certa medida, o nosso. Afinal, somos nós
que lhe damos vida. Somos nós que asseguramos seu vigor, beleza e destino.
Somos nós, a alma de Campinas. E estamos, pois, todos de parabéns por mais esta
etapa vitoriosa na sua, que igualmente é a nossa, já magnífica trajetória.
Crônica publicada no "Jornal de Campinas"
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