Forja
de pesquisadores
Pedro J. Bondaczuk
As iniciativas positivas no País – e há muitas, a
maioria das quais o público raramente chega a tomar conhecimento – em geral, e
estranhamente, passam em brancas nuvens. Caso específico é um projeto, do
Centro Cultural do Castelo (promovido pelas Obras Sociais Universitárias e
Culturais), que conseguiu comprometer as duas universidades campineiras, a
Unicamp e a Puccamp.
Trata-se do Programa de Estudo Científico Orientado,
que este ano tem a sua terceira edição, que teve início ontem e tem término
determinado para o dia 31 deste mês, com apresentação final de trabalhos em 4
de setembro. É uma iniciativa pioneira, desenvolvida junto a alunos de 1º e 2º
colegial, com bom desempenho escolar, para lhes abrir horizontes de pesquisas
científicas e tecnológicas. Ou seja, para orientar esses jovens de forma a que
descubram e fixem suas vocações.
O projeto serve como uma ponte entre o ensino de 2º
grau e o mundo universitário, que muitas vezes parece assustador ao estudante
que procura ingressar nele. A cada ano, são escolhidas áreas diversas, nas
quais os jovens realizam pesquisas, como se fossem defender teses de
pós-graduação.
Em 1993, foram escolhidas seis disciplinas:
Medicina, Administração de Empresas, Engenharia Eletrônica e Informática,
Engenharia Mecânica, Direito e Física. Os alunos, porém, não pesquisam
sozinhos. Contam com supervisão direta e constante de orientadores, que são
professores e universitários de graduação e pós-graduação da Unicamp e da
Puccamp.
A eficiência, portanto, é absoluta. Provas são os
trabalhos individuais, em diversas áreas, de anosa anteriores, publicados em livro. Pode estar
neste projeto o embrião da solução de um dos grandes problemas que atrapalham o
desenvolvimento brasileiro: a falta de pesquisadores.
Ressalte-se que se trata de um programa privado, sem
nenhuma interferência ou financiamento do Poder Público. É uma iniciativa
ousada de uma entidade sem fins lucrativos – no caso o Centro Cultural do
Castelo – que tem atuação marcante junto à juventude não apenas neste caso, mas
em diversas outras promoções.
Trabalhos como este devolvem o otimismo de qualquer
cidadão deste sofrido País, por mais descrente que esteja. Felizmente, há
muitas pessoas brilhantes apostando no futuro. Mas não se trata de meros
sonhadores que se limitam a esperar que as coisas aconteçam “milagrosamente”.
São empreendedores, homens que agem – longe da falsa notoriedade e da ribalta
da mídia – com seriedade e competência.
Talvez a melhor explicação da natureza e da
finalidade do programa tenha sido dada pelo professor da Faculdade de
Engenharia Elétrica da Unicamp, João Marcos Travassos Romano: “Despertar na
juventude a vocação e o gosto pela investigação está, por diversas razões,
entre as tarefas mais nobres e importantes dos educadores. De um ponto de vista
mais filosófico, pode-se dizer que como pano de fundo da investigação
científica está o próprio amor à verdade. Não de uma verdade forjada nos
lugares-comuns, nas próprias idéias preconcebidas ou na assimilação
indiscriminada da mídia: mas de uma verdade que custa trabalho, isto é,
engajamento sério de raciocínio e do esforço pessoal”. Isto é educar!!!
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 2 de maio de 1993)
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment