Sunday, July 13, 2014

Forja de pesquisadores


Pedro J. Bondaczuk


As iniciativas positivas no País – e há muitas, a maioria das quais o público raramente chega a tomar conhecimento – em geral, e estranhamente, passam em brancas nuvens. Caso específico é um projeto, do Centro Cultural do Castelo (promovido pelas Obras Sociais Universitárias e Culturais), que conseguiu comprometer as duas universidades campineiras, a Unicamp e a Puccamp.

Trata-se do Programa de Estudo Científico Orientado, que este ano tem a sua terceira edição, que teve início ontem e tem término determinado para o dia 31 deste mês, com apresentação final de trabalhos em 4 de setembro. É uma iniciativa pioneira, desenvolvida junto a alunos de 1º e 2º colegial, com bom desempenho escolar, para lhes abrir horizontes de pesquisas científicas e tecnológicas. Ou seja, para orientar esses jovens de forma a que descubram e fixem suas vocações.

O projeto serve como uma ponte entre o ensino de 2º grau e o mundo universitário, que muitas vezes parece assustador ao estudante que procura ingressar nele. A cada ano, são escolhidas áreas diversas, nas quais os jovens realizam pesquisas, como se fossem defender teses de pós-graduação.

Em 1993, foram escolhidas seis disciplinas: Medicina, Administração de Empresas, Engenharia Eletrônica e Informática, Engenharia Mecânica, Direito e Física. Os alunos, porém, não pesquisam sozinhos. Contam com supervisão direta e constante de orientadores, que são professores e universitários de graduação e pós-graduação da Unicamp e da Puccamp.

A eficiência, portanto, é absoluta. Provas são os trabalhos individuais, em diversas áreas, de anosa anteriores, publicados em livro. Pode estar neste projeto o embrião da solução de um dos grandes problemas que atrapalham o desenvolvimento brasileiro: a falta de pesquisadores.

Ressalte-se que se trata de um programa privado, sem nenhuma interferência ou financiamento do Poder Público. É uma iniciativa ousada de uma entidade sem fins lucrativos – no caso o Centro Cultural do Castelo – que tem atuação marcante junto à juventude não apenas neste caso, mas em diversas outras promoções.

Trabalhos como este devolvem o otimismo de qualquer cidadão deste sofrido País, por mais descrente que esteja. Felizmente, há muitas pessoas brilhantes apostando no futuro. Mas não se trata de meros sonhadores que se limitam a esperar que as coisas aconteçam “milagrosamente”. São empreendedores, homens que agem – longe da falsa notoriedade e da ribalta da mídia – com seriedade e competência.

Talvez a melhor explicação da natureza e da finalidade do programa tenha sido dada pelo professor da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp, João Marcos Travassos Romano: “Despertar na juventude a vocação e o gosto pela investigação está, por diversas razões, entre as tarefas mais nobres e importantes dos educadores. De um ponto de vista mais filosófico, pode-se dizer que como pano de fundo da investigação científica está o próprio amor à verdade. Não de uma verdade forjada nos lugares-comuns, nas próprias idéias preconcebidas ou na assimilação indiscriminada da mídia: mas de uma verdade que custa trabalho, isto é, engajamento sério de raciocínio e do esforço pessoal”. Isto é educar!!!   

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de maio de 1993)


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