Monday, July 14, 2014

Coadjuvante de peso


* Pedro J. Bondaczuk


O piloto brasileiro Rubens Barrichello estaria prestes a firmar novo contrato – o atual expira somente em dezembro de 2004 –  com a Ferrari, escuderia pela qual conquistou suas seis vitórias na Fórmula 1. Um site europeu (não me recordo qual) chegou, inclusive, a noticiar que já estaria tudo certo entre as partes, embora ninguém confirme (e nem desminta) a informação. A renovação, convenhamos, é mais do que uma conveniência para os dois lados, mas até uma questão de justiça.

Apesar de que muitos não admitem, Rubinho é, hoje, depois de Michael Schumacher, o melhor piloto de Fórmula 1 da atualidade e, em termos de pilotagem, não fica nada aa dever a Juan Pablo Montoya, Raikonen, Coulthard, Alonso e nem mesmo ao alemão. É seguro, ousado, sabe poupar equipamento quando preciso e, quando a equipe permite, dá show nos mais diversos autódromos, entusiasmando os ferraristas. Mas não a direção da escuderia. Estranho, não é mesmo?

Pena que Barrichello tenha conquistado sua chance de correr pela Ferrari na era Schumacher! Não fosse o alemão, e o piloto brasileiro, tão criticado pela nossa própria imprensa, já teria emplacado pelo menos um título mundial. Sua corrida, no encerramento da temporada de Fórmula 1, no Japão, por exemplo foi soberba! Rubinho pilotou como se tivesse baixado nele o espírito do saudoso Ayrton Senna. Com isso, garantiria o sexto título a Schumacher mesmo que o carro do alemão tivesse quebrado.

Ninguém nega o extraordinário talento do hexacampeão mundial. Não se chega a uma marca dessas se não for um fora de série. Mas que Rubinho sacrificou, em favor do companheiro mais famoso de escuderia, aqueles que poderiam ser os momentos marcantes da sua carreira, disso não tenham dúvidas. Quem não se lembra, por exemplo, do Grande Prêmio da Áustria, quando, por ordem do comando da equipe, Barrichello teve que abrir passagem, na reta de chegada, para o companheiro ilustre vencer e somar mais dez pontos na classificação?!

Essa, porém, não foi a única, e nem aa última, das “ursadas” da Ferrari com Rubinho. Por exemplo, depois da mancada dos mecânicos, no Grande Prêmio do Brasil de 2003, em Interlagos, quando calcularam errado o consumo de combustível do seu carro e impediram, dessa forma, que o piloto brasileiro conquistasse uma vitória que persegue há já alguns anos, se esperava que não voltassem a cometer novos erros, e por muito tempo.
Quem pensou dessa forma, porém, se enganou. No Grande Prêmio de San Marino, disputado no circuito de Ímola, na Itália, mais uma vez voltaram a “pisar na bola”. Nas duas últimas paradas nos boxes, para reabastecimento, retardaram Rubinho, que vinha dando show de pilotagem na pista (aquela ultrapassagem sobre Ralph Schumacher foi uma pintura de técnica e de habilidade), por um tempo absurdo!

Barrichello, ao contrário dos seus concorrentes, portanto, tem um “handicap” a mais para vencer alguma corrida. Além de ter que superar os adversários na pista, precisa driblar a incompetência, ou má vontade, ou boicote, ou sabe-se lá o quê, dos mecânicos da própria equipe. E como o alemão já avisou que não vai parar...Nosso piloto pode esquecer qualquer ambição de se tornar campeão do mundo. É realmente  uma pena! Mas que merecia sorte melhor, disso não resta a mínima dúvida!

Pedro J. Bondaczuk é jornalista de Campinas-SP e assina as colunas de esporte “De Primeira...”, “Arquibancada” e “Toque de Letra”, publicadas em diversos jornais do interior paulista


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