Coadjuvante de peso
* Pedro J.
Bondaczuk
O piloto brasileiro Rubens Barrichello estaria
prestes a firmar novo contrato – o atual expira somente em dezembro de 2004
– com a Ferrari, escuderia pela qual
conquistou suas seis vitórias na Fórmula 1. Um site europeu (não me recordo
qual) chegou, inclusive, a noticiar que já estaria tudo certo entre as partes,
embora ninguém confirme (e nem desminta) a informação. A renovação,
convenhamos, é mais do que uma conveniência para os dois lados, mas até uma
questão de justiça.
Apesar de que muitos não admitem, Rubinho é, hoje,
depois de Michael Schumacher, o melhor piloto de Fórmula 1 da atualidade e, em
termos de pilotagem, não fica nada aa dever a Juan Pablo Montoya, Raikonen,
Coulthard, Alonso e nem mesmo ao alemão. É seguro, ousado, sabe poupar
equipamento quando preciso e, quando a equipe permite, dá show nos mais
diversos autódromos, entusiasmando os ferraristas. Mas não a direção da
escuderia. Estranho, não é mesmo?
Pena que Barrichello tenha conquistado sua chance de
correr pela Ferrari na era Schumacher! Não fosse o alemão, e o piloto
brasileiro, tão criticado pela nossa própria imprensa, já teria emplacado pelo
menos um título mundial. Sua corrida, no encerramento da temporada de Fórmula
1, no Japão, por exemplo foi soberba! Rubinho pilotou como se tivesse baixado
nele o espírito do saudoso Ayrton Senna. Com isso, garantiria o sexto título a
Schumacher mesmo que o carro do alemão tivesse quebrado.
Ninguém nega o extraordinário talento do hexacampeão
mundial. Não se chega a uma marca dessas se não for um fora de série. Mas que
Rubinho sacrificou, em favor do companheiro mais famoso de escuderia, aqueles
que poderiam ser os momentos marcantes da sua carreira, disso não tenham
dúvidas. Quem não se lembra, por exemplo, do Grande Prêmio da Áustria, quando,
por ordem do comando da equipe, Barrichello teve que abrir passagem, na reta de
chegada, para o companheiro ilustre vencer e somar mais dez pontos na
classificação?!
Essa, porém, não foi a única, e nem aa última, das
“ursadas” da Ferrari com Rubinho. Por exemplo, depois da mancada dos mecânicos,
no Grande Prêmio do Brasil de 2003, em Interlagos, quando calcularam errado o
consumo de combustível do seu carro e impediram, dessa forma, que o piloto
brasileiro conquistasse uma vitória que persegue há já alguns anos, se esperava
que não voltassem a cometer novos erros, e por muito tempo.
Quem pensou dessa forma, porém, se enganou. No
Grande Prêmio de San Marino, disputado no circuito de Ímola, na Itália, mais
uma vez voltaram a “pisar na bola”. Nas duas últimas paradas nos boxes, para
reabastecimento, retardaram Rubinho, que vinha dando show de pilotagem na pista
(aquela ultrapassagem sobre Ralph Schumacher foi uma pintura de técnica e de
habilidade), por um tempo absurdo!
Barrichello, ao contrário dos seus concorrentes,
portanto, tem um “handicap” a mais para vencer alguma corrida. Além de ter que
superar os adversários na pista, precisa driblar a incompetência, ou má
vontade, ou boicote, ou sabe-se lá o quê, dos mecânicos da própria equipe. E
como o alemão já avisou que não vai parar...Nosso piloto pode esquecer qualquer
ambição de se tornar campeão do mundo. É realmente uma pena! Mas que merecia sorte melhor, disso
não resta a mínima dúvida!
Pedro J. Bondaczuk é jornalista de Campinas-SP e assina as colunas de
esporte “De Primeira...”, “Arquibancada” e “Toque de Letra”, publicadas em
diversos jornais do interior paulista
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