Monday, January 13, 2014

TV Campinas: espelho mágico da região

Pedro J. Bondaczuk

Esta semana marcou a ocorrência de uma data muito significativa para as comunicações em toda esta vasta e rica região do Estado de São Paulo, que tem Campinas como grande pólo econômico, político e social. Foi a do aniversário de uma empresa que já nasceu grande. E daí, perguntaria o leitor, estranhando este preâmbulo. Afinal, o assunto desta coluna é televisão. E é mesmo.

Pois é exatamente sobre uma emissora de TV que estamos nos referindo. Um canal nosso, com gente da cidade dirigindo e operando essa gigantesca máquina de captação e retransmissão da realidade. Um órgão que fala das nossas coisas e com a nossa linguagem. O leitor atento já deve ter percebido que estamos nos referindo à TV Campinas, fundada graças ao arrojo e a visão empresarial de José Bonifácio Coutinho Nogueira e que ágora completa seu primeiro lustro de existência.

Os benefícios quie os veículos de comunicação trazem a uma comunidade nem sempre são devidamente avaliados pelos seus beneficiários. No caso da TV, por exemplo, há pessoas retrógradas que vêem nesse meio apenas uma opção de lazer. Não entenderam ainda a força e o alcance da televisão como elemento de formação e de integração de um povo. Mesmo estes, no entanto (e talvez até mais do que os outros) têm motivos para agradecer a visão e a coragem do empresário José Bonifácio Coutinho Nogueira, que investiu em aparelhagem cara, sofisticada, para que o telespectador da região pudesse ter acesso aos melhores programas, com uma imagem perfeita, clara, cristalina e que não perde para a de qualquer capital deste vasto País. Na pior das hipóteses, eles tiveram seus receptores de TV (ou seja, um patrimônio particular) valorizados pela possibilidade do melhor uso possível desse dispendioso, e por isso precioso, bem.

Graças ao investimento feito pela empresa, pelo menos 40 cidades circunvizinhas (e esses números são os oficiais, pois na verdade, mais localidades são atingidas pelas ondas da TV Campinas) têm acesso a essa imagem chamada, popularmente, quando se quer qualificar como de qualidade insuperável, “de cinema”. Mas a emissora, nesse aspecto, ainda não se deu por satisfeita. Continua fazendo novos investimentos, para integrar um número ainda maior de comunidades, como é o caso, por exemplo, de Piracicaba, que no máximo em três meses vai ganhar uma moderna torre de 50 metros, que trará benefícios não apenas ao telespectador piracicabano, mas de todos os municípios contíguos. Há planos, ainda, para dotar Pinhal, Águas de Lindoia, Lindoia e São João da Boa Vista, entre outras, de retransmissoras próprias. Portanto, do ponto de vista material, não há como negar os progressos trazidos pela TV Campinas à nossa região.

Mas isso não é o mais importante. Relevante, sim, é o fato da população desta parte do Estado poder, finalmente, conhecer-se a si própria. Ter a sua cultura e suas realizações difundidas, inclusive em nível nacional quando forem de interesse e porte de moldes a despertar a atenção de uma platéia mais ampla. Ganhar uma companheira vigilante e atenta, que dá voz aos anseios da comunidade. Denuncia as coisas erradas, levanta problemas, cobra providências e, sobretudo, reivindica soluções.

Para essa tarefa, abriu espaços para profissionais de comum icação da própria região (a maior parte de Campinas mesmo), sob a direção de um jovem e dinâmico comandante, como Oliveira Andrade, de um homem de visão, como Walter Abrucez e de repórteres e cinegrafistas (além de editores, redatores e locutores) conscientes dos assuntos que abordam, pela familiaridade que têm com a matéria. Trata-se de gente nossa, e por isso mais do que capacitada para tratar de nossos problemas, que também são os seus.

É claro que, pelo porte desta região, apenas três jornais diários e um espaço reservado a esportes, são insuficientes para retratar a diversidade das nossas questões. E a direção da TV Campinas não está alheia a isso. Tanto é que está nos seus planos, dentro das naturais limitações de horário, típicas da TV (onde tempo é o elemento mais precioso que existe) a criação de um programa semanal, de cunho jornalístico, mas com um enfoque bem descontraído e informal. Ele seria apresentado aos sábados, com a duração de uma hora, e daria destaque, principalmente, à área cultural, com apresentação, ao vivo, de nossos cantores, das peças teatrais em cartaz na cidade, das exposições, palestras, debates e outros tantos eventos que ocorrerem em Campinas e região.

Seria, portanto, por tudo aquilo que expusemos, nas linhas acima, e por outros fatores que não cabem num rápido comentário, como o nosso, uma heresia de nossa parte se não déssemos a devida atenção para este quinto aniversário da TV Campinas. Afinal, o que são cinco anos na vida de uma cidade? Um quase nada, não é mesmo? Mas num tempo tão curto, a emissora trouxe tamanha influência a esta comunidade, que chegou a mudar, até, certas formas de comportamento. Despertou o interesse de outros canais para a região de Campinas, a ponto dela estar sendo olhada com muito mais respeito do que antes. E abriu um espaço imprescindível para que a nossa cultura e as realizações de nosso povo ganhassem a dimensão que sempre mereceram: a decaráter nacional. Parabéns TV Campinas!

(Comentário publicado na página 26, editoria de Artes e Variedades, do Correio Popular, em 5 de outubro de 1984).


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