TV Campinas: espelho
mágico da região
Pedro
J. Bondaczuk
Esta semana marcou a
ocorrência de uma data muito significativa para as comunicações em toda esta
vasta e rica região do Estado de São Paulo, que tem Campinas como grande pólo
econômico, político e social. Foi a do aniversário de uma empresa que já nasceu
grande. E daí, perguntaria o leitor, estranhando este preâmbulo. Afinal, o
assunto desta coluna é televisão. E é mesmo.
Pois é exatamente sobre
uma emissora de TV que estamos nos referindo. Um canal nosso, com gente da
cidade dirigindo e operando essa gigantesca máquina de captação e retransmissão
da realidade. Um órgão que fala das nossas coisas e com a nossa linguagem. O
leitor atento já deve ter percebido que estamos nos referindo à TV Campinas,
fundada graças ao arrojo e a visão empresarial de José Bonifácio Coutinho
Nogueira e que ágora completa seu primeiro lustro de existência.
Os benefícios quie os
veículos de comunicação trazem a uma comunidade nem sempre são devidamente
avaliados pelos seus beneficiários. No caso da TV, por exemplo, há pessoas
retrógradas que vêem nesse meio apenas uma opção de lazer. Não entenderam ainda
a força e o alcance da televisão como elemento de formação e de integração de
um povo. Mesmo estes, no entanto (e talvez até mais do que os outros) têm
motivos para agradecer a visão e a coragem do empresário José Bonifácio
Coutinho Nogueira, que investiu em aparelhagem cara, sofisticada, para que o
telespectador da região pudesse ter acesso aos melhores programas, com uma
imagem perfeita, clara, cristalina e que não perde para a de qualquer capital
deste vasto País. Na pior das hipóteses, eles tiveram seus receptores de TV (ou
seja, um patrimônio particular) valorizados pela possibilidade do melhor uso
possível desse dispendioso, e por isso precioso, bem.
Graças ao investimento
feito pela empresa, pelo menos 40 cidades circunvizinhas (e esses números são
os oficiais, pois na verdade, mais localidades são atingidas pelas ondas da TV
Campinas) têm acesso a essa imagem chamada, popularmente, quando se quer
qualificar como de qualidade insuperável, “de cinema”. Mas a emissora, nesse
aspecto, ainda não se deu por satisfeita. Continua fazendo novos investimentos,
para integrar um número ainda maior de comunidades, como é o caso, por exemplo,
de Piracicaba, que no máximo em três meses vai ganhar uma moderna torre de 50
metros, que trará benefícios não apenas ao telespectador piracicabano, mas de
todos os municípios contíguos. Há planos, ainda, para dotar Pinhal, Águas de
Lindoia, Lindoia e São João da Boa Vista, entre outras, de retransmissoras
próprias. Portanto, do ponto de vista material, não há como negar os progressos
trazidos pela TV Campinas à nossa região.
Mas isso não é o mais
importante. Relevante, sim, é o fato da população desta parte do Estado poder,
finalmente, conhecer-se a si própria. Ter a sua cultura e suas realizações
difundidas, inclusive em nível nacional quando forem de interesse e porte de
moldes a despertar a atenção de uma platéia mais ampla. Ganhar uma companheira
vigilante e atenta, que dá voz aos anseios da comunidade. Denuncia as coisas
erradas, levanta problemas, cobra providências e, sobretudo, reivindica
soluções.
Para essa tarefa, abriu
espaços para profissionais de comum icação da própria região (a maior parte de
Campinas mesmo), sob a direção de um jovem e dinâmico comandante, como Oliveira
Andrade, de um homem de visão, como Walter Abrucez e de repórteres e
cinegrafistas (além de editores, redatores e locutores) conscientes dos
assuntos que abordam, pela familiaridade que têm com a matéria. Trata-se de
gente nossa, e por isso mais do que capacitada para tratar de nossos problemas,
que também são os seus.
É claro que, pelo porte
desta região, apenas três jornais diários e um espaço reservado a esportes, são
insuficientes para retratar a diversidade das nossas questões. E a direção da
TV Campinas não está alheia a isso. Tanto é que está nos seus planos, dentro
das naturais limitações de horário, típicas da TV (onde tempo é o elemento mais
precioso que existe) a criação de um programa semanal, de cunho jornalístico,
mas com um enfoque bem descontraído e informal. Ele seria apresentado aos
sábados, com a duração de uma hora, e daria destaque, principalmente, à área
cultural, com apresentação, ao vivo, de nossos cantores, das peças teatrais em
cartaz na cidade, das exposições, palestras, debates e outros tantos eventos
que ocorrerem em Campinas e região.
Seria, portanto, por
tudo aquilo que expusemos, nas linhas acima, e por outros fatores que não cabem
num rápido comentário, como o nosso, uma heresia de nossa parte se não déssemos
a devida atenção para este quinto aniversário da TV Campinas. Afinal, o que são
cinco anos na vida de uma cidade? Um quase nada, não é mesmo? Mas num tempo tão
curto, a emissora trouxe tamanha influência a esta comunidade, que chegou a
mudar, até, certas formas de comportamento. Despertou o interesse de outros
canais para a região de Campinas, a ponto dela estar sendo olhada com muito
mais respeito do que antes. E abriu um espaço imprescindível para que a nossa
cultura e as realizações de nosso povo ganhassem a dimensão que sempre
mereceram: a decaráter nacional. Parabéns TV Campinas!
(Comentário publicado
na página 26, editoria de Artes e Variedades, do Correio Popular, em 5 de
outubro de 1984).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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