Inigualável
colecionador de títulos
Pedro
J. Bondaczuk
O “Homem Borracha”,
como Leônidas da Silva – cujo centenário de nascimento se comemora neste mês de
setembro de 2013 – era conhecido nos meios futebolísticos, foi, sem dúvida, o
jogador de futebol mais bem sucedido e brilhante da primeira metade do século XX.
E não somente nos clubes, cujas camisas defendeu, mas também na Seleção
Brasileira. Por isso, foi mais do que justa a homenagem que lhe foi prestada no
amistoso do Brasil contra a Austrália, neste 7 de setembro, na Arena Mané
Garrincha, em Brasília. Só faltou, mesmo, o time canarinho fazer sete gols,
para ficar de acordo com a data. Quase conseguiu isso. Fez seis!!! Mas,
brincadeira a parte, a homenagem foi o mínimo que a CBF poderia fazer para
manter vivo, na “frágil” memória nacional, um dos maiores (o maior?) ídolos de
todos os tempos do futebol pentacampeão mundial. Menos mal.
Leônidas da Silva
nasceu no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Seus pais eram o
português Manoel Nunes da Silva e dona Maria. Em 1922, todavia, quando só tinha
nove anos, perdeu o pai. Acabou adotado pelos patrões de sua mãe. Começou a
jogar bola no ano seguinte. E seu
primeiro clube foi o mesmo de Ronaldo, o “Fenômeno”, ou seja, o modesto, mas
tradicional, São Cristóvão, que acumula muuuuita história. Ocorre que seu pai
adotivo tinha um bar nas proximidades desse histórico clube. Ciente da paixão
de Leônidas pelo futebol, levou-o, pois, para o São Cristóvão, pertinho de onde
a família morava, onde o garoto deu os primeiros passos no mundo da bola. E que
passos!
Em 1929, aos dezesseis
anos, passou a atuar pelo Sírio Libanês Futebol Clube, não tardando, contudo,
em chamar a atenção dos olheiros de times com mais recursos, torcida e melhor
estrutura. Tanto que, nesse mesmo ano, transferiu-se para a Sul América F. C.,
pelo qual disputou o Campeonato da Liga Brasileira, oportunidade em que
conquistou o primeiro (de muitos) título da carreira. Isso quando era ainda
quase menino. Tinha, reitero, só dezesseis anos!!! Todavia, mostrou talento de
gente grande, tamanho que, com essa idade precoce, foi convocado para um
amistoso da Seleção Brasileira. Não consegui apurar qual foi o adversário. A
história só registra que, nesse jogo de estréia, o “garoto de ouro” fez dois
gols. Foi o seu cartão de visitas. E que cartão!
Em 1931, Leônidas foi
contratado por um clube um pouquinho maior dos que até então havia defendido: o
Bonsucesso. Não ficou, porém, muito tempo ali. Permaneceu, apenas, um ano. Mas
nesse período, foi convocado várias vezes para a Seleção Carioca, pela qual
conquistou o título de Campeão Brasileiro de Seleções, em 1931. Tornou-se, como
se vê, desde muito cedo, voraz “papa-títulos”. E sempre como protagonista, como
artilheiro, como homem-gol, que decidia os jogos mais complicados.
Tratarei da sua
magnífica passagem pela Seleção Brasileira em separado, pois foi muito marcante
para ser analisada em poucas palavras. Só adianto que, defendendo seu país,
ostenta, até hoje, a melhor média de gols de todos os tempos. Fez 37 em 37
partidas!!! Isso mesmo! Sua média, não igualada nem por Pelé, ou Ademir de
Menezes ou outro qualquer grande artilheiro, foi de assombrosos um gol por jogo
que disputou. Entenderam por que suas performances na Seleção merecem capítulo
a parte? Pois merecem mesmo!
Por causa de uma
atuação brilhante com a camisa do Brasil contra o Uruguai, então já duas vezes
campeão olímpico de futebol, num amistoso em Montevidéu – quando fez um gol
inédito, de bicicleta (que se tornaria sua marca registrada) – foi contratado
pelo Peñarol. Isso em 1933, quando estava com vinte anos de idade. No aurinegro
uruguaio (com sua tradicional camisa amarela e negra), Leônidas ajudou seu time
a conquistar o vice-campeonato nacional daquele ano. Mas... decidiu, no ano
seguinte, retornar ao Brasil. E foi parar, direto, no Vasco da Gama. E brilhou,
para variar, na equipe cruzmaltina. Tanto que esta, com sua decisiva
contribuição, conquistou o campeonato carioca de 1934.
Leônidas da Silva
atuou, e de forma sempre decisiva, em três dos quatro grandes do Rio de
Janeiro. Ironicamente, o único deles que nunca defendeu foi, exatamente, o time
pelo qual torcia desde menino: o Fluminense. Às vezes, isso acontece e nem é
tão raro assim. Em 1935, por exemplo, transferiu-se para o Botafogo e o clube
da estrela solitária ganhou o bicampeonato carioca. Em 1939, já considerado
mito do futebol, aportou na Gávea. E ali seguiu o que tinha virado rotina em
sua carreira. Ou seja, foi campeão. Dessa forma, ganhou um tricampeonato
pessoal, e por três clubes diferentes. Nenhum, todavia, pelo tricolor das Laranjeiras,
o time pelo qual sempre torceu.
Quanto à sua passagem
pelo futebol paulista – e aqui sim, por uma única agremiação, o “caçula” dos
grandes do Estado, o São Paulo Futebol Clube – ela foi tão marcante, para
variar. que também merece (a exemplo da sua performance na Seleção) um capítulo
a parte. Afinal, foi aqui que se fixou e que permaneceu até sua morte, em um
asilo de idosos no município de Cotia, onde viveu seus últimos 30 anos em
decorrência do Mal de Alzheimer. Leônidas da Silva morreu há nove anos, em 24
de janeiro de 2004, aos noventa anos de idade. Tenho certeza que jamais será
esquecido pelos que amam o futebol. E nem deve.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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