Feliz Alma Nova!
Pedro
J. Bondaczuk
Acabou! The end. C’est
fini. É finito. Fim. Mais um ano se foi e se incorpora, em definitivo,ás nossas
respectivas biografias. Por favor, no entanto, caros leitores, na verdade
incógnitos amigos, não interpretem mal essas palavras iniciais. Não as
identifiquem como eventual desabafo, como um suspiro de alívio por um suposto
pesadelo que, finalmente, tenha passado. Ate porque, este não é o caso. Se os
últimos 365 dias não foram perfeitos, e lembro que perfeição não existe, foram
até que dignos de serem recordados, e já a partir desta meia-noite, sobretudo,
com saudades. Pelo menos foram para mim.
Afinal, como constatou
com suprema pertinência o filósofo espanhol Ortega y Gasset, todos temos nossas
próprias circunstâncias. Quando favoráveis, manda o bom senso que as
aproveitemos e tentemos melhorá-las. E quando negativas, ou até mesmo trágicas
(ás vezes são), é nosso dever como seres que pensam nos opormos a elas e
tentarmos extrair qualquer coisa de positivo, por mínima que seja, dessas
situações aflitivas.
Sei que muitos (mais
uma vez) torcerão o nariz para estas descompromissadas e espontâneas reflexões
e não pelo fato delas, eventualmente, não terem nada de aproveitáveis, mas
somente porque estão redigidas na primeira pessoa do singular. Ora, ora, ora...
Não sei quem inventou que para expressarmos nossas idéias devemos recorrer ao
pronome pessoal “nós”. Sei (e assim mesmo, não integralmente) o que penso,
quero ou sinto. O mesmo já não posso afirmar em relação a terceiros. Caso
escrevesse, pois, na primeira pessoa do plural, ou seja, conjugando o verbo de
acordo com o “nós”, estaria, em vez de manifestando humildade, sendo hipócrita.
E isso eu não sou. Vai daí...
Mas, retomando a linha
inicial de raciocínio, não tenho queixas em relação ao ano que termina. Se me
frustrei em vários dos meus projetos (e me frustrei, na verdade, em
pouquíssimos), a culpa me cabe com exclusividade e a mais ninguém. Foi porque
quis dar passos além da capacidade de alcance das minhas pernas. Porque sonhei
alto demais, acima da minha capacidade de tornar o sonhado concreto. Reitero
que, apesar de tratar da minha própria experiência, muito do que vier a
escrever servirá, certamente, para uma infinidade de pessoas. Nossas vidas não
são tão diferentes assim. Se projetos que julguei realizáveis fracassaram, em
contrapartida, vários outros, aos quais não dei a menor importância,
surpreendentemente deixaram de ser planos para se transformarem em gratíssima
realidade. A vida é mesmo assim (ainda bem).
No frigir dos ovos,
tenho uma infinidade de motivos de agradecimento e escassas razões para me
queixar. A principal gratidão é por terminar mais um ano em pleno gozo de
saúde, apesar de estar a menos de três semanas de completar 71 anos de idade.
Nunca imaginei chegar a esta etapa da minha vida saudável, física e
mentalmente. Querem privilégio maior?! Bem, tive outro que, se não supera este,
praticamente se iguala a ele. Refiro-me às amizades (e aqui não distingo as
virtuais das presenciais, ambas gratificantes e desejáveis).
Neste ano que chega ao
fim, além de conservar centenas (quiçá milhares, não consigo contar todos) de
amigos, de quebra conquistei praticamente o mesmo tanto de novos. São pessoas
que tenho certeza que me querem bem e às quais dedico reciprocidade. Fazem um
bem enorme à auto-estima. Dão-me sensação de segurança, de cumplicidade, de
multiplicação do amor, pois amizade é uma forma peculiar de amar e ser amado.
Não nomearei nenhum dos tantos amigos que conservei e das centenas e centenas de
novos que conquistei, até por não confiar (pelo menos não neste caso) na
memória. Posso esquecer algum, dada a imensa quantidade, e dar a impressão ao
esquecido de que a amizade que lhe devoto não é tão grande e nem definitiva
como dou a entender.
Por fim, trago uma
reflexão para esta passagem de ano, para não perder o hábito. Não é minha, nem
é nova, mas continua tão válida como sempre foi. A citação é de um desses
tantos homens dos “sete instrumentos”, desses gênios cuja memória e cuja obra jamais
morrem, apesar do corpo morrer. Refiro-me ao inglês Gilbert Keith Chesterton,
falecido em 14 de junho de 1936, aos 62 anos de idade. Nesse seu relativamente
curto tempo de vida, ele foi: poeta,
narrador, ensaísta, jornalista, historiador, biógrafo, teólogo, filósofo,
desenhista e conferencista (ufa!!!). Escrevi, há alguns anos, uma crônica
inteira tendo o teor desta sua constatação por tema. Chesterton escreveu, em um
de seus tantos e exemplares ensaios: “O objetivo de um ano novo não é que nós
deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova”
É exatamente o que
pretendo conquistar nos próximos 366 dias (2014 é bissexto). É, por
conseqüência, o que desejo às centenas, provavelmente milhares, de amigos,
virtuais ou presenciais (não importa) que já tenho e que pretendo conquistar. E
não me refiro a uma alma reciclada, ou meramente reformada (o que já seria um
ganho imenso), mas a uma virgem, não usada, novinha em folha. Por isso, em vez
de um Feliz Ano Novo, prefiro desejar-lhes, tinindo de emoção: FELIZ ALMA NOVA!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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