As mulheres e os
esportes
Pedro
J. Bondaczuk
Os esportes têm
merecido crescente atenção por parte de escritores de diversas tendências e
gêneros, como ressaltei, e comprovei, em textos anteriores. Livros a esse
propósito se multiplicam e abundam. Abordam praticamente todos os aspectos da
prática esportiva, em suas dezenas de modalidades. É um aspecto que não pode
ser ignorado (e não é), por estar completamente incorporado à vida moderna.
Milhões de pessoas, mundo afora, ou são praticantes, ou meros apreciadores das
mais diversas formas de esportes. Entre os que as praticam, a quase totalidade busca não o chamado “alto
rendimento”, mas somente se valer dos inegáveis benefícios que essa atividade
traze para a saúde, o que, convenhamos, não é pouca coisa. A preocupação da
maioria sequer é a de competir, mas de cultivar hábitos saudáveis que previnam
doenças decorrentes do sedentarismo.
A propósito de livros
sobre esporte, recebi uma consulta de uma leitora que me solicita que lhe
sugira uma bibliografia sobre um tema específico: sobre a história da
participação feminina em competições esportivas, nacionais e/ou internacionais,
como Olimpíadas e Copas do Mundo, de futebol feminino, de vôlei e
basquete, entre outras modalidades. Há
uma profusão imensa de obras a propósito. São tantas a ponto de se tornar
inviável relacioná-las, já que sua simples enumeração preencheria páginas e
mais páginas, dezenas delas, muito além do espaço apropriado para estas
reflexões diárias sobre Literatura.
Mas não deixarei a
leitora na mão (nunca deixo ninguém, na medida do possível). Sugiro-lhe, em vez
de livros, que ela provavelmente terá dificuldades para encontrar nas livrarias
(porquanto, boa parte já está esgotada) e que, ademais, redundaria em custos
proibitivos, caso encontrasse as publicações eventualmente sugeridas, que
obtenha, gratuitamente, na internet, uma bem detalhada tese a propósito, de
autoria da Professora Doutora Ana Miragaya, intitulada “As mulheres nos Jogos
Olímpicos – Participação e inclusão social”. Os interessados podem localizar
facilmente esse meticuloso trabalho de pesquisa, em linguagem simples e
acessível a qualquer pessoa de cultura mediana, recorrendo aos préstimos do
“Santo Google”. Encontrem-na e estou certo de que não se arrependerão.
Oportunamente, pretendo fazer algumas considerações (favoráveis, claro) sobre
este trabalho, até para justificar minha recomendação.
Adianto, antes que me
perguntem, que a autora é especialista na matéria. Sabe o que diz e o faz de
forma didática e organizada. Afinal,
trata-se de Doutora em Estudos Olímpicos (para vocês verem o quanto os esportes
são importantes para a cultura contemporânea!!), além de mestre em Educação
Física pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro e professora da
Universidade Estácio de Sá, Campus Petrópolis. Li, de um único fôlego a
referida tese, reli algumas vezes, para fixar as informações colhidas e seus
vários conceitos e tive minha curiosidade a propósito do tema plenamente
satisfeita. Reitero, a leitora que me fez a solicitação e qualquer outra pessoa
que atender minha recomendação e tiver a oportunidade de ler esse trabalho de
pesquisa, não se arrependerão. Eu garanto!!
Digamos, porém, que
quem me consultou (como se eu fosse especialista na matéria, o que não sou)
insista em querer que eu lhe forneça uma bibliografia, mesmo que resumida,
sobre o tema. Pois bem, a própria tese da Doutora Ana Miragaya relaciona vinte
livros sobre o assunto, alguns em língua estrangeira (em inglês, francês e
espanhol), sem tradução para nosso idioma, além de quatro obras de sua autoria.
Se minha consulente tiver tempo e dinheiro para ir atrás das publicações
relacionadas, tudo bem. Todavia, o trabalho da especialista no assunto traz, de
forma direta e clara, tudo o que a querida leitora irá encontrar nos livros
sugeridos. E devidamente “mastigado”, e prontinho para uma eficaz “digestão”
intelectual.
Contudo, para
“assanhar” sua curiosidade, caríssimo leitor, reproduzo o parágrafo inicial da
tese da Doutora Ana Miragaya, que, em pouquíssimas palavras, responde à
principal indagação que se faça sobre o assunto. Diz: “A participação das
mulheres no esporte moderno é um fenômeno social recente. A aceitação da
participação de mulheres no esporte moderno é um fenômeno mais recente ainda.
Embora o registro da participação feminina nos Jogos Olímpicos da Era Moderna
comece em 1900, as mulheres levaram 104 anos para ser 40,7% do número total de
atletas a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos (IOC – Jogos da XXVIII
Olimpíada em Atenas, 2004: 10.864 atletas: 4.306 mulheres e 6.452 homens)”.
E já que reproduzi o
parágrafo inicial da tese, reproduzo, também, o derradeiro, para um “grand
finale” destas reflexões de hoje. A Doutora Ana Miragaya conclui: “A mulher
olímpica é um modelo ideal. Os desafios futuros tornam-se mais claros porque
eles contrastam com este modelo. É necessário consolidar igualdade de direitos
e diferenças nas práticas e na educação porque este parece ser o único caminho.
As mulheres então sentirão que têm os mesmos direitos e saberão que caminho
escolher. Será que essa posição representa um bom exemplo de como procurar um
modelo de conflito-resolução equilibrado em termos de oposições dentro do
Movimento Olímpico?” Leiam a tese da Doutora Ana Miragaya! É empolgante!!!
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