Saturday, January 04, 2014

As mulheres e os esportes

Pedro J. Bondaczuk

Os esportes têm merecido crescente atenção por parte de escritores de diversas tendências e gêneros, como ressaltei, e comprovei, em textos anteriores. Livros a esse propósito se multiplicam e abundam. Abordam praticamente todos os aspectos da prática esportiva, em suas dezenas de modalidades. É um aspecto que não pode ser ignorado (e não é), por estar completamente incorporado à vida moderna. Milhões de pessoas, mundo afora, ou são praticantes, ou meros apreciadores das mais diversas formas de esportes. Entre os que as praticam,  a quase totalidade busca não o chamado “alto rendimento”, mas somente se valer dos inegáveis benefícios que essa atividade traze para a saúde, o que, convenhamos, não é pouca coisa. A preocupação da maioria sequer é a de competir, mas de cultivar hábitos saudáveis que previnam doenças decorrentes do sedentarismo.

A propósito de livros sobre esporte, recebi uma consulta de uma leitora que me solicita que lhe sugira uma bibliografia sobre um tema específico: sobre a história da participação feminina em competições esportivas, nacionais e/ou internacionais, como Olimpíadas e Copas do Mundo, de futebol feminino, de vôlei e basquete,  entre outras modalidades. Há uma profusão imensa de obras a propósito. São tantas a ponto de se tornar inviável relacioná-las, já que sua simples enumeração preencheria páginas e mais páginas, dezenas delas, muito além do espaço apropriado para estas reflexões diárias sobre Literatura.

Mas não deixarei a leitora na mão (nunca deixo ninguém, na medida do possível). Sugiro-lhe, em vez de livros, que ela provavelmente terá dificuldades para encontrar nas livrarias (porquanto, boa parte já está esgotada) e que, ademais, redundaria em custos proibitivos, caso encontrasse as publicações eventualmente sugeridas, que obtenha, gratuitamente, na internet, uma bem detalhada tese a propósito, de autoria da Professora Doutora Ana Miragaya, intitulada “As mulheres nos Jogos Olímpicos – Participação e inclusão social”. Os interessados podem localizar facilmente esse meticuloso trabalho de pesquisa, em linguagem simples e acessível a qualquer pessoa de cultura mediana, recorrendo aos préstimos do “Santo Google”. Encontrem-na e estou certo de que não se arrependerão. Oportunamente, pretendo fazer algumas considerações (favoráveis, claro) sobre este trabalho, até para justificar minha recomendação.

Adianto, antes que me perguntem, que a autora é especialista na matéria. Sabe o que diz e o faz de forma didática e organizada.  Afinal, trata-se de Doutora em Estudos Olímpicos (para vocês verem o quanto os esportes são importantes para a cultura contemporânea!!), além de mestre em Educação Física pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro e professora da Universidade Estácio de Sá, Campus Petrópolis. Li, de um único fôlego a referida tese, reli algumas vezes, para fixar as informações colhidas e seus vários conceitos e tive minha curiosidade a propósito do tema plenamente satisfeita. Reitero, a leitora que me fez a solicitação e qualquer outra pessoa que atender minha recomendação e tiver a oportunidade de ler esse trabalho de pesquisa, não se arrependerão. Eu garanto!!

Digamos, porém, que quem me consultou (como se eu fosse especialista na matéria, o que não sou) insista em querer que eu lhe forneça uma bibliografia, mesmo que resumida, sobre o tema. Pois bem, a própria tese da Doutora Ana Miragaya relaciona vinte livros sobre o assunto, alguns em língua estrangeira (em inglês, francês e espanhol), sem tradução para nosso idioma, além de quatro obras de sua autoria. Se minha consulente tiver tempo e dinheiro para ir atrás das publicações relacionadas, tudo bem. Todavia, o trabalho da especialista no assunto traz, de forma direta e clara, tudo o que a querida leitora irá encontrar nos livros sugeridos. E devidamente “mastigado”, e prontinho para uma eficaz “digestão” intelectual.

Contudo, para “assanhar” sua curiosidade, caríssimo leitor, reproduzo o parágrafo inicial da tese da Doutora Ana Miragaya, que, em pouquíssimas palavras, responde à principal indagação que se faça sobre o assunto. Diz: “A participação das mulheres no esporte moderno é um fenômeno social recente. A aceitação da participação de mulheres no esporte moderno é um fenômeno mais recente ainda. Embora o registro da participação feminina nos Jogos Olímpicos da Era Moderna comece em 1900, as mulheres levaram 104 anos para ser 40,7% do número total de atletas a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos (IOC – Jogos da XXVIII Olimpíada em Atenas, 2004: 10.864 atletas: 4.306 mulheres e 6.452 homens)”.

E já que reproduzi o parágrafo inicial da tese, reproduzo, também, o derradeiro, para um “grand finale” destas reflexões de hoje. A Doutora Ana Miragaya conclui: “A mulher olímpica é um modelo ideal. Os desafios futuros tornam-se mais claros porque eles contrastam com este modelo. É necessário consolidar igualdade de direitos e diferenças nas práticas e na educação porque este parece ser o único caminho. As mulheres então sentirão que têm os mesmos direitos e saberão que caminho escolher. Será que essa posição representa um bom exemplo de como procurar um modelo de conflito-resolução equilibrado em termos de oposições dentro do Movimento Olímpico?” Leiam a tese da Doutora Ana Miragaya! É empolgante!!!


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