Sunday, April 22, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Quadro eleitoral


Quadro eleitoral


Pedro J. Bondaczuk

O recente anúncio da prefeita Izalene Tiene, de que não pretende concorrer a um novo mandato – este todo seu, já que o que exerce, foi “herdado” do saudoso Antonio da Costa Santos – talvez nem mude o quadro eleitoral, com vistas às eleições municipais de outubro de 2004. Os favoritos, na opinião dos especialistas, continuam sendo, não necessariamente nesta ordem, o vereador Romeu Santini (PMDB) e o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB).

Claro que ainda é muito cedo para esse tipo de projeção. Até porque, nem mesmo se sabe, com certeza, se ambos serão, de fato, os candidatos dos seus respectivos partidos. Definições, nesse sentido, devem sair, somente, por volta de abril ou maio. Até lá, muita água vai rolar por baixo da ponte.

Todavia, a menos que o Partido dos Trabalhadores se una, se desdobre, faça uma campanha competente e consistente e conte com decisivo apoio da esfera federal, dificilmente vai continuar à frente da administração da cidade, por mais quatro anos. Nenhum dos nomes colocados, até agora, à opinião pública, goza de consenso dentro do PT e muito menos de popularidade junto aos campineiros. Além do mais, nenhum deles tem, sequer, cacoete do saudoso Toninho, em termos de carisma e de consequente densidade eleitoral.

Por mais que se respeite o deputado federal Luciano Zica, o indicado de Izalene para concorrer ao Palácio dos Jequitibás, convenhamos, não se trata de nenhum “campeão de votos”, mesmo tendo conquistado dois mandatos consecutivos em Brasília. Primeiro, ele terá que conseguir importantes apoios internos, superando pretensões de muitos colegas, de outras alas. Depois, caso obtenha consenso, terá que ser feito um cuidadoso e competente trabalho de divulgação do seu nome, junto ao próprio eleitorado petista, dividido, no que se refere às suas preferências, tal como o partido.

Ademais, espera-se, no Primeiro Turno, que haja pelo menos quatro ou cinco candidatos considerados de peso, “bons de votos”, embaralhando ainda mais o quadro eleitoral. O objetivo primário, portanto, deve ser o de chegar ao Segundo Turno. Desta vez, ao contrário do que ocorreu em 2000, o PT não conta com ninguém que tenha o carisma de Antonio da Costa Santos. O partido tem, ainda, contra si, o ônus do poder. É “vidraça”, e não mais a “pedra”, tanto no âmbito municipal, quanto, e principalmente, no federal. Seus desacertos, portanto, serão explorados ao máximo pelos adversários, enquanto as coisas boas que tiver para apresentar, certamente, serão minimizadas. É assim que as coisas funcionam.

Claro que tudo isso é válido apenas em teoria. O eleitor costuma ser volúvel e via de regra surpreendente. É uma esfinge para a maioria dos políticos. Surpresas eleitorais contam-se aos milhares, com favoritos tendo performances pífias e azarões atropelando na reta final e ridicularizando todos os prognósticos. De qualquer forma, a menos que se encaminhe unido para a campanha, o PT corre o risco não só de perder a Prefeitura de Campinas, como de sequer chegar ao Segundo Turno.

(Editorial da Folha do Taquaral de 15 de dezembro de 2003).


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