Quadro eleitoral
Pedro
J. Bondaczuk
O recente
anúncio da prefeita Izalene Tiene, de que não pretende concorrer a
um novo mandato – este todo seu, já que o que exerce, foi
“herdado” do saudoso Antonio da Costa Santos – talvez nem mude
o quadro eleitoral, com vistas às eleições municipais de outubro
de 2004. Os favoritos, na opinião dos especialistas, continuam
sendo, não necessariamente nesta ordem, o vereador Romeu Santini
(PMDB) e o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB).
Claro que
ainda é muito cedo para esse tipo de projeção. Até porque, nem
mesmo se sabe, com certeza, se ambos serão, de fato, os candidatos
dos seus respectivos partidos. Definições, nesse sentido, devem
sair, somente, por volta de abril ou maio. Até lá, muita água vai
rolar por baixo da ponte.
Todavia, a
menos que o Partido dos Trabalhadores se una, se desdobre, faça uma
campanha competente e consistente e conte com decisivo apoio da
esfera federal, dificilmente vai continuar à frente da administração
da cidade, por mais quatro anos. Nenhum dos nomes colocados, até
agora, à opinião pública, goza de consenso dentro do PT e muito
menos de popularidade junto aos campineiros. Além do mais, nenhum
deles tem, sequer, cacoete do saudoso Toninho, em termos de carisma e
de consequente densidade eleitoral.
Por
mais que se respeite o deputado federal Luciano Zica, o indicado de
Izalene para concorrer ao Palácio dos Jequitibás, convenhamos, não
se trata de nenhum “campeão de votos”, mesmo tendo conquistado
dois mandatos consecutivos em Brasília. Primeiro, ele terá que
conseguir importantes apoios internos, superando pretensões de
muitos colegas, de outras alas. Depois, caso obtenha consenso, terá
que ser feito um cuidadoso e competente trabalho de divulgação do
seu nome, junto ao próprio eleitorado petista, dividido, no que se
refere às suas preferências, tal como o partido.
Ademais,
espera-se, no Primeiro Turno, que haja pelo menos quatro ou cinco
candidatos considerados de peso, “bons de votos”, embaralhando
ainda mais o quadro eleitoral. O objetivo primário, portanto, deve
ser o de chegar ao Segundo Turno. Desta vez, ao contrário do que
ocorreu em 2000, o PT não conta com ninguém que tenha o carisma de
Antonio da Costa Santos. O partido tem, ainda, contra si, o ônus do
poder. É “vidraça”, e não mais a “pedra”, tanto no âmbito
municipal, quanto, e principalmente, no federal. Seus desacertos,
portanto, serão explorados ao máximo pelos adversários, enquanto
as coisas boas que tiver para apresentar, certamente, serão
minimizadas. É assim que as coisas funcionam.
Claro
que tudo isso é válido apenas em teoria. O eleitor costuma ser
volúvel e via de regra surpreendente. É uma esfinge para a maioria
dos políticos. Surpresas eleitorais contam-se aos milhares, com
favoritos tendo performances pífias e azarões atropelando na reta
final e ridicularizando todos os prognósticos. De qualquer forma, a
menos que se encaminhe unido para a campanha, o PT corre o risco não
só de perder a Prefeitura de Campinas, como de sequer chegar ao
Segundo Turno.
(Editorial
da Folha do Taquaral de 15 de dezembro de 2003).
No comments:
Post a Comment