O desafio do novo prefeito
Pedro J. Bondaczuk
O novo prefeito de Campinas,
Francisco Amaral, que será empossado hoje, junto com sua equipe de
trabalho, terá pela frente uma soma muito grande de problemas e,
como ocorre na administração pública brasileira em todos os
níveis, vai contar com escassos recursos para a implantação do
ousado programa que propôs ao eleitorado e que foi consagrado nas
urnas, nas eleições municipais do ano passado.
Pesquisas revelam que três
itens principais são o centro, hoje, das preocupações dos
campineiros: segurança, saúde e educação (não necessariamente
nesta ordem). A seguir vêm outros temas, igualmente importantes na
vida da comunidade, como habitação, transportes, obras públicas,
cultura, trânsito etc.
O aumento da violência marcou
o ano de 1996 na cidade. Embora essa questão seja, basicamente, da
alçada do governador do Estado, o prefeito tem como atuar, pelo
menos em sentido complementar, para que os cidadãos tenham a mínima
garantia de integridade física e de proteção ao seu patrimônio,
como é seu direito.
Uma dessas providências é a
criação da Guarda Municipal. Outra é um programa que retire os
meninos e meninas carentes das ruas, lhes proporcionando educação,
ensino profissionalizante e assistência médica, psicológica e
social, para que não se marginalizem e não sirvam aos propósitos
delituosos de criminosos adultos que os explorem.
Para os infratores (alguns com
alto grau de periculosidade) é necessário um tratamento
diferenciado. Muitas dessas crianças, hoje, são viciadas em drogas,
em especial cola de sapateiro e "crack". É comum vê-las
se drogando, ou já drogadas, largadas nas praças e viadutos da
cidade, em plena luz do dia.
Para financiar a droga que
consomem praticam uma série de crimes, desde pequenos furtos nas
proximidades ou no interior dos terminais de ônibus e das lojas do
Centro (munidos de facas, navalhas, estiletes ou às vezes até
somente de cacos de vidro), aos grandes assaltos a mão armada, que
não raro resultam em morte das vítimas.
Precisam, sobretudo, de
tratamento para desintoxicação e assistência social permanente,
para que não tenham recaídas no vício e não tornem a delinquir.
Havendo vontade política e imaginação, há muita coisa que o
administrador municipal pode (e deve) fazer no sentido de coibir a
violência.
Espera-se, por outro lado, que
Francisco Amaral dê continuidade aos programas sociais vitoriosos,
implantados pelo saudoso José Roberto Magalhães Teixeira, cujas
ideias conhece muito bem, por tê-lo como seu vice na última vez em
que administrou Campinas.
Que se preocupe com habitação
para famílias de baixa renda --- um dos pontos de maior destaque da
sua plataforma eleitoral. Que melhore as condições sanitárias dos
bairros mais pobres. Que proporcione transporte de boa qualidade para
o trabalhador, fazendo com que seja, sobretudo, mais barato.
Se fizer tudo isso, haverá de
garantir um lugar na história e no coração dos campineiros. E pode
ganhar um novo mandato nas eleições de 2000 (se quiser e tiver
condições para tal), caso a emenda da reeleição seja aprovada
pelo Congresso, o que é bastante provável de acontecer ainda neste
mês de janeiro.
(Editorial número um,
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 1º de
janeiro de 1997).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment