Saturday, April 14, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - O desafio do novo prefeito


O desafio do novo prefeito

Pedro J. Bondaczuk

O novo prefeito de Campinas, Francisco Amaral, que será empossado hoje, junto com sua equipe de trabalho, terá pela frente uma soma muito grande de problemas e, como ocorre na administração pública brasileira em todos os níveis, vai contar com escassos recursos para a implantação do ousado programa que propôs ao eleitorado e que foi consagrado nas urnas, nas eleições municipais do ano passado.

Pesquisas revelam que três itens principais são o centro, hoje, das preocupações dos campineiros: segurança, saúde e educação (não necessariamente nesta ordem). A seguir vêm outros temas, igualmente importantes na vida da comunidade, como habitação, transportes, obras públicas, cultura, trânsito etc.

O aumento da violência marcou o ano de 1996 na cidade. Embora essa questão seja, basicamente, da alçada do governador do Estado, o prefeito tem como atuar, pelo menos em sentido complementar, para que os cidadãos tenham a mínima garantia de integridade física e de proteção ao seu patrimônio, como é seu direito.

Uma dessas providências é a criação da Guarda Municipal. Outra é um programa que retire os meninos e meninas carentes das ruas, lhes proporcionando educação, ensino profissionalizante e assistência médica, psicológica e social, para que não se marginalizem e não sirvam aos propósitos delituosos de criminosos adultos que os explorem.

Para os infratores (alguns com alto grau de periculosidade) é necessário um tratamento diferenciado. Muitas dessas crianças, hoje, são viciadas em drogas, em especial cola de sapateiro e "crack". É comum vê-las se drogando, ou já drogadas, largadas nas praças e viadutos da cidade, em plena luz do dia.

Para financiar a droga que consomem praticam uma série de crimes, desde pequenos furtos nas proximidades ou no interior dos terminais de ônibus e das lojas do Centro (munidos de facas, navalhas, estiletes ou às vezes até somente de cacos de vidro), aos grandes assaltos a mão armada, que não raro resultam em morte das vítimas.

Precisam, sobretudo, de tratamento para desintoxicação e assistência social permanente, para que não tenham recaídas no vício e não tornem a delinquir. Havendo vontade política e imaginação, há muita coisa que o administrador municipal pode (e deve) fazer no sentido de coibir a violência.

Espera-se, por outro lado, que Francisco Amaral dê continuidade aos programas sociais vitoriosos, implantados pelo saudoso José Roberto Magalhães Teixeira, cujas ideias conhece muito bem, por tê-lo como seu vice na última vez em que administrou Campinas.

Que se preocupe com habitação para famílias de baixa renda --- um dos pontos de maior destaque da sua plataforma eleitoral. Que melhore as condições sanitárias dos bairros mais pobres. Que proporcione transporte de boa qualidade para o trabalhador, fazendo com que seja, sobretudo, mais barato.

Se fizer tudo isso, haverá de garantir um lugar na história e no coração dos campineiros. E pode ganhar um novo mandato nas eleições de 2000 (se quiser e tiver condições para tal), caso a emenda da reeleição seja aprovada pelo Congresso, o que é bastante provável de acontecer ainda neste mês de janeiro.

(Editorial número um, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 1º de janeiro de 1997).



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