Hora do voto consciente
Pedro J. Bondaczuk
Os eleitores brasileiros,
dentro de algumas horas, estarão exercendo o sagrado direito do voto
e decidindo como o País vai ser nos próximos quatro anos. As
campanhas --- que se não mostraram nada de novo, em termos de ideias
e soluções para os problemas nacionais, pelo menos foram de alto
nível --- se encerraram.
Nenhum dos candidatos à
Presidência partiu, como em outras ocasiões, para agressões
pessoais e, portanto, as portas de futuros entendimentos estão
abertas. Não restaram ressentimentos. Pelo contrário, os dois
apontados nas pesquisas como os favoritos à vitória, Fernando
Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, trocaram elogios
públicos, embora sem negar profundas divergências políticas. Ambos
abriram, inclusive, possibilidades de diálogo, seja quem for o
vencedor. Atitude louvável.
Aliás, ganhe quem ganhar, o
País estará bem servido. O mesmo ocorre em relação ao governo do
Estado. Preocupantes são as eleições para a Câmara dos Deputados
e o Senado, o "calcanhar de Aquiles" da política
brasileira, pelo menos nesta legislatura que se encerra em dezembro
próximo.
A expectativa dos analistas é
a de que haja uma sensível renovação no Congresso. Torce-se para
que os corporativistas, os que se envolveram em escândalos como a
manipulação do Orçamento da União ou os que receberam sem
trabalhar, faltando à maioria das sessões, não sejam reeleitos.
As últimas pesquisas,
contudo, foram preocupantes. Revelaram que parte considerável desses
maus parlamentares --- diríamos, maus brasileiros --- será
reconduzida ao Legislativo. Mas o eleitor ainda tem um tempinho para
refletir.
Deve analisar se o candidato
em que está pensando votar tem condições de agir de forma
diferente daquela mostrada pelos atuais legisladores. Alguns jornais
publicaram a relação de faltas de deputados e senadores nos últimos
quatro anos. Convém consultar essa lista, para ver se o escolhido
está incluído nela. Caso esteja, ainda há tempo para mudar. Por
que não dar oportunidade a algum dos postulantes novatos, que nunca
exerceu mandato?
Isto não quer dizer que todos
os veteranos sejam omissos, corruptos ou corporativistas. Vários
deles honraram a confiança popular e trabalharam muito, embora nem
sempre tivessem seus nomes divulgados na imprensa. Se o eleitor não
tem o exemplar do jornal que publicou a relação dos faltosos, peça
a um amigo ou parente ou ligue para alguma redação solicitando essa
informação.
O voto não pode ser
desperdiçado com alguém que não tem noção do significado e da
importância do exercício da representatividade.
Os brasileiros têm, diante de
si, o desafio e a oportunidade de eleger um ótimo Congresso. Isso é
necessário por vários motivos. Um deles é o de desmentir a
afirmação de que não sabe votar. Ninguém gosta de passar por
ingênuo diante dos seus semelhantes.
Qual a razão de se deixar
enganar por pseudopolíticos, que se candidatam com o único objetivo
de "se arrumar" na vida e favorecer amigos e parentes? As
ações e omissões desses 513 senhores e senhoras que vão integrar
a Câmara Federal na próxima legislatura, vão influir, certamente,
na vida de todos nós. Se essa influência vai ser para melhor ou
para pior, dependerá de cada eleitor. Portanto, a prudência manda
que ele analise bem, medite bastante e vote consciente, para votar
certo.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de outubro de 1994).
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