Sunday, April 08, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Hora do voto consciente


Hora do voto consciente


Pedro J. Bondaczuk


Os eleitores brasileiros, dentro de algumas horas, estarão exercendo o sagrado direito do voto e decidindo como o País vai ser nos próximos quatro anos. As campanhas --- que se não mostraram nada de novo, em termos de ideias e soluções para os problemas nacionais, pelo menos foram de alto nível --- se encerraram.

Nenhum dos candidatos à Presidência partiu, como em outras ocasiões, para agressões pessoais e, portanto, as portas de futuros entendimentos estão abertas. Não restaram ressentimentos. Pelo contrário, os dois apontados nas pesquisas como os favoritos à vitória, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, trocaram elogios públicos, embora sem negar profundas divergências políticas. Ambos abriram, inclusive, possibilidades de diálogo, seja quem for o vencedor. Atitude louvável.

Aliás, ganhe quem ganhar, o País estará bem servido. O mesmo ocorre em relação ao governo do Estado. Preocupantes são as eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado, o "calcanhar de Aquiles" da política brasileira, pelo menos nesta legislatura que se encerra em dezembro próximo.

A expectativa dos analistas é a de que haja uma sensível renovação no Congresso. Torce-se para que os corporativistas, os que se envolveram em escândalos como a manipulação do Orçamento da União ou os que receberam sem trabalhar, faltando à maioria das sessões, não sejam reeleitos.

As últimas pesquisas, contudo, foram preocupantes. Revelaram que parte considerável desses maus parlamentares --- diríamos, maus brasileiros --- será reconduzida ao Legislativo. Mas o eleitor ainda tem um tempinho para refletir.

Deve analisar se o candidato em que está pensando votar tem condições de agir de forma diferente daquela mostrada pelos atuais legisladores. Alguns jornais publicaram a relação de faltas de deputados e senadores nos últimos quatro anos. Convém consultar essa lista, para ver se o escolhido está incluído nela. Caso esteja, ainda há tempo para mudar. Por que não dar oportunidade a algum dos postulantes novatos, que nunca exerceu mandato?

Isto não quer dizer que todos os veteranos sejam omissos, corruptos ou corporativistas. Vários deles honraram a confiança popular e trabalharam muito, embora nem sempre tivessem seus nomes divulgados na imprensa. Se o eleitor não tem o exemplar do jornal que publicou a relação dos faltosos, peça a um amigo ou parente ou ligue para alguma redação solicitando essa informação.

O voto não pode ser desperdiçado com alguém que não tem noção do significado e da importância do exercício da representatividade.

Os brasileiros têm, diante de si, o desafio e a oportunidade de eleger um ótimo Congresso. Isso é necessário por vários motivos. Um deles é o de desmentir a afirmação de que não sabe votar. Ninguém gosta de passar por ingênuo diante dos seus semelhantes.

Qual a razão de se deixar enganar por pseudopolíticos, que se candidatam com o único objetivo de "se arrumar" na vida e favorecer amigos e parentes? As ações e omissões desses 513 senhores e senhoras que vão integrar a Câmara Federal na próxima legislatura, vão influir, certamente, na vida de todos nós. Se essa influência vai ser para melhor ou para pior, dependerá de cada eleitor. Portanto, a prudência manda que ele analise bem, medite bastante e vote consciente, para votar certo.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de outubro de 1994).



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