É preciso bom senso
Pedro
J. Bondaczuk
A “novela”,
envolvendo a construção da sede do Grupo Armado de Repressão a
Roubos e Assaltos (Garra), da Polícia Civil, em área do Parque
Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, ganha mais um dos tantos
capítulos que já teve, com o parecer, divulgado na terça-feira, da
Comissão Temática de Gestão de Recursos Naturais do Conselho
Municipal de Defesa do Meio Ambiente, negando que a referida obra vá
causar danos ambientais ao local.
A
questão vem se arrastando há cerca de dez dias, com a suspensão
dos trabalhos, por causa do embargo judicial. Destaque-se que é
justa, e até louvável, a preocupação dos ambientalistas com a
preservação dessa importante área verde de Campinas, uma das
poucas que ainda nos restam. Mas por que se preocupam com ela só
agora? Por que não denunciaram, e não evitaram, as sucessivas
depredações ali ocorridas por tanto tempo?
Os
responsáveis pelo embargo têm certeza de que a obra traz, de fato,
riscos ao meio ambiente? Os especialistas pelo menos garantem que
não! Quem estaria com a razão?
A
violência urbana é um dos mais graves (senão o pior) dos problemas
da cidade, conforme consenso entre a população. Tem-se cobrado mais
e melhor policiamento, para prevenir os diversos tipos de crimes
cometidos em Campinas. Quando a iniciativa privada se une e resolve
financiar uma obra como a da sede do Garra (o que, infelizmente, nem
sempre, ou quase nunca acontece), o que iria dar mais agilidade à
Polícia Civil para um policiamento ostensivo mais intenso e
eficiente, essa avaliação, no mínimo apressada, leva à suspensão
dos trabalhos, comprometendo todo um planejamento para a melhoria da
segurança.
Aliás,
a questão ambiental em Campinas nunca teve a devida atenção que
deveria merecer, pela sua importância. A poluição do ar, na
cidade, não muito notada pela população, mas sentida por seus
pulmões, é enorme. Mas ninguém, ambientalista algum, liderou, em
qualquer época, qualquer movimento (pelo menos conhecido), não para
suspender (já que isso seria impossível nos dias atuais), mas pelo
menos para reduzir a circulação de veículos automotores na cidade.
A
poluição do Rio Atibaia pode ser observada por quem quiser, sem que
ninguém faça campanha e sequer alerte os campineiros para o
problema do lixo e dos dejetos jogados em seu leito, para não dizer
do desmatamento das suas margens. E é esse manancial que garante boa
parte da água consumida por nós. Mesmo que houvesse risco de dano
ambiental no Parque Ecológico, com a construção da sede do Garra,
portanto, por que ele é mais importante do que as outras agressões
ao meio ambiente acima mencionadas?
O
que parece, na verdade, é que não há uma preocupação genuína
com a preservação desse logradouro, há muito abandonado, sem os
devidos cuidados do Estado, que é quem o administra. A construção
no local está, na verdade, sendo usada como pretexto para um
confronto político, sem que o real interesse da população seja de
fato levado em conta.
Até
porque, de acordo com testemunhas, depois da retirada das viaturas do
Garra do Parque Ecológico, o logradouro voltou a sofrer graves
depredações, como as que aconteciam com enorme frequência antes
desse policiamento ostensivo. Até crimes voltaram a ocorrer ali. A
prova é que foram lavrados, em delegacias da cidade, pelo menos três
boletins de ocorrência, dando conta de assaltos e agressões.
O
bom senso manda, pois, tanto que sejamos intransigentes na
preservação do meio ambiente, se quisermos garantir a sobrevivência
do Planeta, quanto evitarmos excessos e a indevida exploração do
ambientalismo, para não desacreditar os que realmente estão
preocupados com a ecologia e não fazem dela um mero modismo.
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