Preços do pescado
Pedro J. Bondaczuk
Como acontece em todo período
da Semana Santa, acaba a Sunab de divulgar a tabela de preços para a
comercialização de peixes, com validade até o próximo dia 15.
Estabeleceu aquele órgão a cobrança de preços máximos,
possibilitando assim a ocorrência de margem de lucros razoável ao
comércio varejista. Segundo informes de Sidney Funchida, presidente
da Associação do Pescado do Estado de São Paulo, algumas espécies
foram tabeladas em valores abaixo daqueles vigentes por ocasião do
lançamento do Plano Collor, como sucedeu por exemplo com o produto
mais popular, a sardinha, com preço estipulado em Cr$ 90 o quilo,
quando anteriormente o produto era comercializado a Cr$ 100.
Determina ainda a portaria da Sunab a aplicação de multas entre 5
mil e 200 mil BTNs para aqueles que deixarem de cumprir a tabela
expedida.
Entretanto, devemos convir, os
preços máximos fixados para a Semana Santa, de uma forma ou de
outra, não oferecem lá grandes atrativos em comparação aos
valores cobrados para as carnes bovinas e de frango. Estão realmente
altos, longe mesmo do alcance de extensa camada da população.
Aliás, esse o fator determinante para o reduzido consumo de peixes
nas cidades mais distantes da faixa litorânea.
Não se discute o alto valor
nutritivo do pescado em qualquer refeição, dispensando inclusive o
desenvolvimento de campanhas por parte de entidades interessadas no
aumento do consumo dessa gama diversificada de espécies. Sabe a
população perfeitamente das vantagens apresentadas. Todavia, os
preços deveriam ser competitivos em relação a outros produtos de
consumo forçado. Não faz muito tempo, em São Paulo, a entidade de
classe reunindo o comércio de carnes frescas levou a efeito
movimentada campanha objetivando o incentivo ao consumo de peixe,
dentro do propósito, acima de tudo, de compensar a escassez da carne
bovina existente naquela ocasião. Assim é que, durante algum tempo,
os açougues paulistanos passaram a comercializar diversas espécies
de peixes, no geral as mais procuradas pelo consumidor, tentando
dessa forma alterar os hábitos da população. A iniciativa porém
não deu certo, em grande parte pelos preços cobrados, quase sempre
elevados.
Caberia pois à área do
abastecimento estudar medidas, bem como a aplicação de instrumentos
adequados, no sentido de que se consiga aumentar o consumo do pescado
entre nós, não ficando restrito apenas à época da Semana Santa.
Há necessidade para tanto de apoio e incentivo por parte do governo,
porque tudo o que existe no mercado é de iniciativa privada. Por
sinal, o serviço de pesca ainda se desenvolve dentro de
características rudimentares, enquanto as câmaras frigoríficas são
escassas. Não há dúvida de que, se o pescado for oferecido a
preços convidativos, a população passará a servir-se desse
precioso alimento com maior frequência, o que não ocorre
atualmente. E é uma pena que assim aconteça, principalmente no
Estado de São Paulo.
(Editorial publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 13 de abril de 1990)
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