Monday, April 16, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Preços do pescado


Preços do pescado

Pedro J. Bondaczuk

Como acontece em todo período da Semana Santa, acaba a Sunab de divulgar a tabela de preços para a comercialização de peixes, com validade até o próximo dia 15. Estabeleceu aquele órgão a cobrança de preços máximos, possibilitando assim a ocorrência de margem de lucros razoável ao comércio varejista. Segundo informes de Sidney Funchida, presidente da Associação do Pescado do Estado de São Paulo, algumas espécies foram tabeladas em valores abaixo daqueles vigentes por ocasião do lançamento do Plano Collor, como sucedeu por exemplo com o produto mais popular, a sardinha, com preço estipulado em Cr$ 90 o quilo, quando anteriormente o produto era comercializado a Cr$ 100. Determina ainda a portaria da Sunab a aplicação de multas entre 5 mil e 200 mil BTNs para aqueles que deixarem de cumprir a tabela expedida.

Entretanto, devemos convir, os preços máximos fixados para a Semana Santa, de uma forma ou de outra, não oferecem lá grandes atrativos em comparação aos valores cobrados para as carnes bovinas e de frango. Estão realmente altos, longe mesmo do alcance de extensa camada da população. Aliás, esse o fator determinante para o reduzido consumo de peixes nas cidades mais distantes da faixa litorânea.

Não se discute o alto valor nutritivo do pescado em qualquer refeição, dispensando inclusive o desenvolvimento de campanhas por parte de entidades interessadas no aumento do consumo dessa gama diversificada de espécies. Sabe a população perfeitamente das vantagens apresentadas. Todavia, os preços deveriam ser competitivos em relação a outros produtos de consumo forçado. Não faz muito tempo, em São Paulo, a entidade de classe reunindo o comércio de carnes frescas levou a efeito movimentada campanha objetivando o incentivo ao consumo de peixe, dentro do propósito, acima de tudo, de compensar a escassez da carne bovina existente naquela ocasião. Assim é que, durante algum tempo, os açougues paulistanos passaram a comercializar diversas espécies de peixes, no geral as mais procuradas pelo consumidor, tentando dessa forma alterar os hábitos da população. A iniciativa porém não deu certo, em grande parte pelos preços cobrados, quase sempre elevados.

Caberia pois à área do abastecimento estudar medidas, bem como a aplicação de instrumentos adequados, no sentido de que se consiga aumentar o consumo do pescado entre nós, não ficando restrito apenas à época da Semana Santa. Há necessidade para tanto de apoio e incentivo por parte do governo, porque tudo o que existe no mercado é de iniciativa privada. Por sinal, o serviço de pesca ainda se desenvolve dentro de características rudimentares, enquanto as câmaras frigoríficas são escassas. Não há dúvida de que, se o pescado for oferecido a preços convidativos, a população passará a servir-se desse precioso alimento com maior frequência, o que não ocorre atualmente. E é uma pena que assim aconteça, principalmente no Estado de São Paulo.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 13 de abril de 1990)



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