O teste das águas
Pedro
J. Bondaczuk
O prefeito
de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, mal assumiu o poder, já teve
que se submeter a seu primeiro grande teste: o das águas. Coube-lhe
a indigesta tarefa de tomar providências emergenciais para enfrentar
um dos maiores, e mais antigos, problemas da cidade: o das enchentes
e de outros estragos provocados pelas chuvas torrenciais que caem
sobre a metrópole nesta época do ano.
Claro que
ninguém, em sã consciência, esperava, ou poderia esperar, que o
novo administrador apresentasse, em tão pouco tempo de gestão –
quando ainda sequer completou a escolha de toda a sua equipe –,
soluções definitivas para esse flagelo, que se arrasta há anos e
que castiga, principalmente, os moradores mais pobres: os da
periferia. Estas (se existirem) vão requerer anos de trabalho e de
investimentos e uma enorme dose de paciência por parte da população.
No que o
prefeito poderia fazer, porém, o fez bem, com competência e com
determinação. Ordenou, por exemplo, a remoção de famílias das
zonas de maior risco, demolindo, inclusive, as casas ameaçadas de
desabamento ou de soterramento, prevenindo, dessa forma, tragédias,
como a ocorrida há apenas duas semanas, em São Bernardo do Campo,
na região do ABCD.
Não se
omitiu, não recorreu à desculpa de que ainda sequer tomou pé da
situação, mas, pelo contrário, agiu, e com toda a presteza que se
espera de um administrador responsável. Passou, portanto, no “teste
das águas”, em que muitos dos seus antecessores foram levados de
roldão, por uma enxurrada de omissões e de trapalhadas.
Ademais, as
chuvas não provocaram apenas enchentes e deslizamentos. Esburacaram
o frágil asfalto, fazendo com que o tráfego, por ruas e avenidas da
cidade, se transformasse em verdadeiro tormento, perigosa e incerta
aventura para os motoristas (e na alegria, por consequência, dos
mecânicos que consertam veículos avariados).
Hélio,
praticamente no dia seguinte à posse, determinou que equipes de
trabalho percorressem os pontos críticos, de maior trânsito, e
tapassem, posto que precariamente, as enormes crateras, em número
bastante elevado por sinal, pelo menos para “quebrar o galho” por
enquanto. Outro ponto, portanto, a favor do prefeito, que passa para
os campineiros a agradável sensação de competência, de presteza
de ações e, sobretudo, de zelo com o patrimônio comum dos
munícipes.
É, sem
dúvida, um bom começo de gestão, que faz prever o cumprimento, se
não da totalidade, pelo menos da maior parte dos compromissos de
campanha assumidos em palanque. Tudo indica, portanto, que Campinas
está em boas mãos. Oxalá essa impressão se confirme, para o bem
de toda a comunidade campineira. Pelo menos no teste das águas, até
aqui, Hélio passou, e com louvor.
.
(Editorial
da Folha do Taquaral de 26 de janeiro de 2005).
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