Saturday, April 07, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - O teste das águas


O teste das águas


Pedro J. Bondaczuk

O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, mal assumiu o poder, já teve que se submeter a seu primeiro grande teste: o das águas. Coube-lhe a indigesta tarefa de tomar providências emergenciais para enfrentar um dos maiores, e mais antigos, problemas da cidade: o das enchentes e de outros estragos provocados pelas chuvas torrenciais que caem sobre a metrópole nesta época do ano.

Claro que ninguém, em sã consciência, esperava, ou poderia esperar, que o novo administrador apresentasse, em tão pouco tempo de gestão – quando ainda sequer completou a escolha de toda a sua equipe –, soluções definitivas para esse flagelo, que se arrasta há anos e que castiga, principalmente, os moradores mais pobres: os da periferia. Estas (se existirem) vão requerer anos de trabalho e de investimentos e uma enorme dose de paciência por parte da população.

No que o prefeito poderia fazer, porém, o fez bem, com competência e com determinação. Ordenou, por exemplo, a remoção de famílias das zonas de maior risco, demolindo, inclusive, as casas ameaçadas de desabamento ou de soterramento, prevenindo, dessa forma, tragédias, como a ocorrida há apenas duas semanas, em São Bernardo do Campo, na região do ABCD.

Não se omitiu, não recorreu à desculpa de que ainda sequer tomou pé da situação, mas, pelo contrário, agiu, e com toda a presteza que se espera de um administrador responsável. Passou, portanto, no “teste das águas”, em que muitos dos seus antecessores foram levados de roldão, por uma enxurrada de omissões e de trapalhadas.

Ademais, as chuvas não provocaram apenas enchentes e deslizamentos. Esburacaram o frágil asfalto, fazendo com que o tráfego, por ruas e avenidas da cidade, se transformasse em verdadeiro tormento, perigosa e incerta aventura para os motoristas (e na alegria, por consequência, dos mecânicos que consertam veículos avariados).

Hélio, praticamente no dia seguinte à posse, determinou que equipes de trabalho percorressem os pontos críticos, de maior trânsito, e tapassem, posto que precariamente, as enormes crateras, em número bastante elevado por sinal, pelo menos para “quebrar o galho” por enquanto. Outro ponto, portanto, a favor do prefeito, que passa para os campineiros a agradável sensação de competência, de presteza de ações e, sobretudo, de zelo com o patrimônio comum dos munícipes.

É, sem dúvida, um bom começo de gestão, que faz prever o cumprimento, se não da totalidade, pelo menos da maior parte dos compromissos de campanha assumidos em palanque. Tudo indica, portanto, que Campinas está em boas mãos. Oxalá essa impressão se confirme, para o bem de toda a comunidade campineira. Pelo menos no teste das águas, até aqui, Hélio passou, e com louvor.

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(Editorial da Folha do Taquaral de 26 de janeiro de 2005).



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