Saturday, April 21, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - O PT e o Poder


O PT e o poder


Pedro J. Bondaczuk

A longa briga entre o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Campinas e o prefeito da cidade acabou da forma mais previsível possível: com a expulsão de Jacó Bittar do PT. O confronto vinha se arrastando praticamente desde o primeiro dia da atual gestão, caracterizado por pequenos atritos e grandes escândalos, alternadamente.

A principal queixa da agremiação foi a de que o prefeito traiu seu programa ao fazer alianças com setores políticos de direita. Bittar, por outro lado, em várias oportunidades, manifestou que quem havia sido eleito para administrar Campinas havia sido ele e não o PT, que acabou se tornando o grande adversário do prefeito, ao invés de suporte político natural.

Aliás, o partido já demonstrou seu despreparo para o exercício do poder praticamente em todas as cidades em que elegeu prefeitos. Segue confundindo o dogmatismo próprio dos palanques com o pragmatismo indispensável à administração.

Um assessor da prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, um petista histórico, confidenciava recentemente sua decepção com a falta de intimidade do PT com o poder. Lamentava que o grande obstáculo na administração da prefeita tem sido o próprio partido, bloqueando, de forma intransigente, muitas vezes, providências administrativas indispensáveis para a cidade. Em Campinas, a coisa não é diferente.

É claro que apenas a postura radical do partido não é suficiente para justificar os erros de Jacó Bittar na condução dos negócios municipais. O prefeito errou, e muito, em várias oportunidades, mesmo quando contou com o apoio partidário – o que foi um tanto raro.

Um desses erros foi a questão do escorchante aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano, desde os critérios de cálculo à própria forma de promoção da campanha publicitária, que tem alguns aspectos ainda não bem explicados à população.

Mas não se pode negar que o Partido dos Trabalhadores, com sua postura de intransigência sistemática, às vezes na base do “não vi e não gostei”, colaborou em muito para a frustração dos campineiros, que esperavam mais, muito mais da atual administração.

O que a população espera, nestes quase dois anos de mandato que ainda restam ao prefeito, é que, livre das injunções partidárias e de alianças espúrias, ataque de rijo os principais problemas de Campinas, que já não podem mais ser adiados, por causa de briguinhas de comadres.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de janeiro de 1991).


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