O PT e o poder
Pedro
J. Bondaczuk
A longa
briga entre o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de
Campinas e o prefeito da cidade acabou da forma mais previsível
possível: com a expulsão de Jacó Bittar do PT. O confronto vinha
se arrastando praticamente desde o primeiro dia da atual gestão,
caracterizado por pequenos atritos e grandes escândalos,
alternadamente.
A
principal queixa da agremiação foi a de que o prefeito traiu seu
programa ao fazer alianças com setores políticos de direita.
Bittar, por outro lado, em várias oportunidades, manifestou que quem
havia sido eleito para administrar Campinas havia sido ele e não o
PT, que acabou se tornando o grande adversário do prefeito, ao invés
de suporte político natural.
Aliás,
o partido já demonstrou seu despreparo para o exercício do poder
praticamente em todas as cidades em que elegeu prefeitos. Segue
confundindo o dogmatismo próprio dos palanques com o pragmatismo
indispensável à administração.
Um
assessor da prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, um petista
histórico, confidenciava recentemente sua decepção com a falta de
intimidade do PT com o poder. Lamentava que o grande obstáculo na
administração da prefeita tem sido o próprio partido, bloqueando,
de forma intransigente, muitas vezes, providências administrativas
indispensáveis para a cidade. Em Campinas, a coisa não é
diferente.
É
claro que apenas a postura radical do partido não é suficiente para
justificar os erros de Jacó Bittar na condução dos negócios
municipais. O prefeito errou, e muito, em várias oportunidades,
mesmo quando contou com o apoio partidário – o que foi um tanto
raro.
Um
desses erros foi a questão do escorchante aumento do Imposto Predial
e Territorial Urbano, desde os critérios de cálculo à própria
forma de promoção da campanha publicitária, que tem alguns
aspectos ainda não bem explicados à população.
Mas
não se pode negar que o Partido dos Trabalhadores, com sua postura
de intransigência sistemática, às vezes na base do “não vi e
não gostei”, colaborou em muito para a frustração dos
campineiros, que esperavam mais, muito mais da atual administração.
O
que a população espera, nestes quase dois anos de mandato que ainda
restam ao prefeito, é que, livre das injunções partidárias e de
alianças espúrias, ataque de rijo os principais problemas de
Campinas, que já não podem mais ser adiados, por causa de
briguinhas de comadres.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 30 de
janeiro de 1991).
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