O voto no processo democrático
Pedro J. Bondaczuk
A democracia pode ser
comparada a uma delicada, posto que bela flor. Caso não seja
constantemente cultivada, regada e podada na medida exata, tende a
murchar e até a morrer. O instrumento através do qual ela se
realiza é a representatividade. Ou seja, o direito do voto, em que
cada cidadão escolhe, de forma livre e consciente, alguém que o
represente na direção dos negócios do Estado.
E este é o processo
fundamental que todos iremos exercer, dentro de exatos sete dias,
após um prolongado “jejum” de quase três décadas. Depois de 29
anos, iremos escolher, livre e conscientemente, um presidente. Ou
seja, alguém que (ao menos teoricamente) tenha as nossas ideias
acerca da maneira como a sociedade deve ser conduzida.
O ato de votar, portanto, é
muito mais importante do que alguns setores, que se dizem
democráticos, procuram dar a entender que seja. Há todo um processo
em andamento procurando tumultuar o pleito. Candidaturas
extemporâneas, tentativas de manipulação da opinião pública e
até ameaças veladas acerca de procedimentos que seriam adotados em
caso da vitória de determinados candidatos, são as ações
características daqueles que entendem que um país é um feudo
pessoal ou de seu grupo.
O antídoto para isso é a
informação. A conscientização de cada cidadão sobre a
importância do seu voto. Não que ele, por si só, vá alterar a
situação da crise porque passamos. O simples depósito de um
sufrágio na urna não irá trazer mais pão para a mesa de ninguém
e nem tornar a vida automaticamente menos difícil.
Mas pode contribuir para isso,
se a escolha de cada um de nós for consciente. Se votarmos com
convicção e não por oportunismo. Se atentarmos para os programas
de governo de cada candidato antes de fazermos nossa opção, ao
invés de nos determos em sua aparência, sua retórica ou sua fama.
Está em nossas mãos o nosso
destino. Aliás, pela primeira vez em 29 anos. E quis o acaso que
esse pleito ocorresse no exato dia em que a República – que entre
nós não foi tão exemplar quanto em outras sociedades, já que em
37% desse período passamos sob ditaduras – está completando cem
anos. A democracia entre nós ainda é bastante incipiente. Reguemos,
com nosso voto responsável e maduro, essa flor, para que ela
permaneça viçosa e bela e nunca venha a murchar.
(Artigo publicado na página
2, Opinião, do Correio Popular, em 8 de novembro de 1989, sob o
pseudônimo de Alex H. Bentley).
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