Tuesday, April 10, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - O voto no processo democrático


O voto no processo democrático



Pedro J. Bondaczuk



A democracia pode ser comparada a uma delicada, posto que bela flor. Caso não seja constantemente cultivada, regada e podada na medida exata, tende a murchar e até a morrer. O instrumento através do qual ela se realiza é a representatividade. Ou seja, o direito do voto, em que cada cidadão escolhe, de forma livre e consciente, alguém que o represente na direção dos negócios do Estado.

E este é o processo fundamental que todos iremos exercer, dentro de exatos sete dias, após um prolongado “jejum” de quase três décadas. Depois de 29 anos, iremos escolher, livre e conscientemente, um presidente. Ou seja, alguém que (ao menos teoricamente) tenha as nossas ideias acerca da maneira como a sociedade deve ser conduzida.

O ato de votar, portanto, é muito mais importante do que alguns setores, que se dizem democráticos, procuram dar a entender que seja. Há todo um processo em andamento procurando tumultuar o pleito. Candidaturas extemporâneas, tentativas de manipulação da opinião pública e até ameaças veladas acerca de procedimentos que seriam adotados em caso da vitória de determinados candidatos, são as ações características daqueles que entendem que um país é um feudo pessoal ou de seu grupo.

O antídoto para isso é a informação. A conscientização de cada cidadão sobre a importância do seu voto. Não que ele, por si só, vá alterar a situação da crise porque passamos. O simples depósito de um sufrágio na urna não irá trazer mais pão para a mesa de ninguém e nem tornar a vida automaticamente menos difícil.

Mas pode contribuir para isso, se a escolha de cada um de nós for consciente. Se votarmos com convicção e não por oportunismo. Se atentarmos para os programas de governo de cada candidato antes de fazermos nossa opção, ao invés de nos determos em sua aparência, sua retórica ou sua fama.

Está em nossas mãos o nosso destino. Aliás, pela primeira vez em 29 anos. E quis o acaso que esse pleito ocorresse no exato dia em que a República – que entre nós não foi tão exemplar quanto em outras sociedades, já que em 37% desse período passamos sob ditaduras – está completando cem anos. A democracia entre nós ainda é bastante incipiente. Reguemos, com nosso voto responsável e maduro, essa flor, para que ela permaneça viçosa e bela e nunca venha a murchar.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 8 de novembro de 1989, sob o pseudônimo de Alex H. Bentley).



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: