Monday, April 09, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Passagens muito caras


Passagens muito caras


Pedro J. Bondaczuk

Depois de idas e vindas, broncas e protestos contra o prefeito Antonio da Costa Santos e seu secretário dos Transportes, Marcos Bicalho, entrou em vigor, finalmente, nesta semana, o reajuste das passagens de ônibus urbanos de Campinas (incluindo peruas e microônibus), de 30%. O que se questiona não é a necessidade do aumento, mas o "quanto" foi aumentado. As tarifas passaram, de uma só vez, de R$ 1,00 para R$ 1,30. É muito para uma inflação anual em torno de 6%.

As passagens ficaram muito caras? Ficaram! Principalmente se forem levados em conta fatores como a realidade socioeconômica dos usuários, a qualidade dos serviços prestados e os trajetos das várias linhas que servem os bairros. Toninho, contudo, teve um grande mérito em toda essa história. Demonstrou transparência nos seus atos. Não teve receio de enfrentar inevitável desgaste político, convencido de estar tomando a atitude correta para as circunstâncias. Não se absteve. Não ficou em cima do muro. Dispôs-se a encarar, sem arrogância, mas com personalidade, a população, para defender sua decisão. Foi certa? Não foi? Convenceu? Não convenceu? O tempo vai dizer.

Mas o prefeito não foi omisso. Não se deixou levar pela popularidade fácil e gratuita. Rebateu, com serenidade, mas com veemência, as críticas que recebeu, de aliados e (principalmente) de adversários. Foi coerente. Impôs, como uma das condições para a efetivação do aumento, relativa modernização da frota, com a introdução de 130 carros novos, que fez questão de exibir pessoalmente aos munícipes.

Além disso, exigiu que as concessionárias promovessem a volta dos cobradores nos ônibus. Com isso, contribui para a criação de um número razoável de empregos, além de aumentar a segurança dos passageiros. Só depois de cumpridas as exigências, o reajuste passou a vigorar. O prefeito passa a ter, doravante, crédito junto às empresas concessionárias. Certamente saberá cobrar eficiência e sobretudo qualidade nos serviços de transporte urbano. É seu prestígio político que está em jogo. E Toninho não deve deixar barato. Nem pode.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do jornal Notícia Metropolitana, em 7 de julho de 2001)

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