Condições favoráveis
Pedro J. Bondaczuk
As
pesquisas de opinião indicam que o PSDB vai conquistar os governos
dos três Estados mais ricos e importantes do País – São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais – na votação em segundo turno
realizada ontem, ficando, ao lado do PMDB, com o maior número de
governadores a partir de 1º de janeiro próximo, num total de cinco
para cada um.
Além
disso, o partido, que já havia tido uma performance muito boa nas
eleições municipais de 1992, elegeu uma razoável bancada no
Congresso e um número expressivo de deputados estaduais. Tudo isso,
além de conquistar o “troféu” maior, a Presidência da
República, com Fernando Henrique Cardoso.
A
se confirmar esse novo quadro político – e tudo indica que será
confirmado – estarão criadas condições, senão perfeitas, pelo
menos bastante favoráveis para que o próximo presidente faça uma
boa gestão. FHC vai contar com possibilidades muito maiores do que
seus antecessores para, sobretudo, implantar as quatro reformas que
se fazem urgentes e indispensáveis – a tributária, a
previdenciária, a administrativa e a política – e recolocar o
País na trilha do desenvolvimento econômico, com justiça social.
Depois
de 13 anos de crises, que produziram terríveis efeitos sobre a
grande maioria da população, surge, finalmente, “uma luz no fundo
do túnel”. Existem perspectivas muito favoráveis para os próximos
quatro anos, que não podem e nem devem redundar em novas
frustrações.
O
eleitorado optou, nitidamente, pela social-democracia, pelo
equilíbrio, pelo diálogo, aliás bem dentro das tradições do
brasileiro, avesso a lances melodramáticos e a gestos tresloucados.
As
expectativas maiores da opinião pública são em relação ao novo
Congresso, renovado em mais de 60%, que tem a responsabilidade dupla
de viabilizar as mudanças e de resgatar a credibilidade da
instituição, abaladíssima após a série de escândalos e a pouca
vontade de trabalhar da maioria dos parlamentares na legislatura que
se encerra em 31 de dezembro próximo.
Mas
que ninguém espere “milagres” – aliás, contra estes, já
deveríamos estar vacinados – nem que, com o raiar de 1º de
janeiro, junto com o novo ano, surja um novo país. Nenhum dos
problemas que nos atormentam será resolvido se não os atacarmos com
coesão, com competência, com coragem e às claras.
Em
outras oportunidades já existiram condições até mais propícias
do que as que acabamos de criar e nossos líderes não souberam
aproveitar. Não estamos a salvo, portanto, de novas frustrações,
de recaídas derrotistas, de amargos desencantos.
O
brasileiro precisa desenvolver, isto sim, é o saudável hábito da
cobrança. Deve cultivar um espírito crítico, mas justo, condenando
o condenável e apoiando as ações que mereçam apoio, mesmo que
estas impliquem em imensos sacrifícios.
Tem
que se livrar de vez de expectativas paternalistas, esperando que o
Estado ou seja lá quem for faça por ele aquilo que lhe compete
fazer. No início da campanha eleitoral de 1994, pedíamos aos céus
que iluminassem os eleitores e os fizessem votar certo, pelo menos
desta vez. Salvo desastroso engano, há evidências de que o pedido
foi atendido. Que assim seja.
(Artigo
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de
novembro de 1994).
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