Saturday, April 28, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Omissão ameaça campineiro


Omissão ameaça campineiro


Pedro J. Bondaczuk


O velho princípio de que prevenir é melhor do que remediar se transformou, em Campinas, pelo menos no que diz respeito à segurança de seus edifícios, em mero velho e surrado clichê. No espaço exato de uma semana, dois grandes incêndios atingiram a área central da cidade, que só não resultaram em tragédias, com grandes perdas de vidas humanas, por fruto do acaso e pela ação competente dos bombeiros.

Não é de hoje que os campineiros vêm sendo ameaçados por desastres desse tipo, perfeitamente evitáveis se regrinhas simples, ditadas pelo bom senso, forem respeitadas.

Sem falar na tragédia do Cine Rinque, a Boate Cangaceiro, o Hipermercado Eldorado, o Eden Bar e as instalações das Casas Bahia pegaram fogo em tempos recentes, apenas para citar alguns casos, e quase todas as ocorrências tiveram elo em comum: a inobservância de normas mínimas de segurança.

Muitos outros prédios estão expostos ao perigo diante da burocracia que existe e de uma legislação inadequada no sentido da interdição dos locais de maiores riscos.

A Comissão de Vistoria e Prevenção contra Incêndio e Pânico, em recente avaliação, apurou, por exemplo, que 10% dos imóveis vistoriados têm as cargas de seus extintores vencidas. Quase todos apresentam fiação elétrica em péssimo estado e, em muitos deles, materiais inflamáveis são guardados em compartimentos de alta tensão, numa omissão criminosa por parte dos seus responsáveis (ou irresponsáveis?).

A segurança, ressalte-se, não compete apenas ao poder público mas, e principalmente, aos administradores desses edifícios. Afinal, o patrimônio é deles e a eles compete zelar pela vida e pela integridade dos seus moradores ou, no caso de se tratar de imóvel comercial, do público que o frequenta.

Tanto abuso, tanta omissão, tanta irresponsabilidade expõem a população a uma autêntica "roleta russa". Pelo andar da carruagem, e Deus queira que isso não ocorra, não está longe o dia em que a cidade vai viver o seu "inferno na torre", ter seu próprio caso Joelma, o edifício paulistano que se incendiou em 1º de fevereiro de 1974 e consumiu 188 vidas humanas, que poderiam ter sido salvas caso autoridades, administradores do prédio, moradores e usuários tivessem a devida preocupação com o óbvio: a própria segurança e a dos seus semelhantes.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 20 de fevereiro de 1994).


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