Autonomia na região
Pedro
J. Bondaczuk
A
Região Metropolitana de Campinas poderá ganhar, nos próximos anos,
mais municípios. É que a Assembleia Legislativa do Estado aprovou,
nesta semana, a formalização ao Tribunal Regional Eleitoral de um
pedido para a marcação de uma data de realização de um plebiscito
em Hortolândia, oportunidade em que a população desse distrito
decidirá se quer ou não a sua autonomia em relação a Sumaré.
O
próximo que deverá seguir esse caminho é Barão Geraldo, que há
muito vem pretendendo dar esse passo. Em ambos os casos, a separação
mais do que se justifica. Tratam-se de duas comunidades
progressistas, populosas, operantes e que não recebem de volta, em
investimentos, quantia proporcional à que ali é arrecadada.
Hortolândia,
que antigamente se chamava Jacuba e era conhecida pelo colégio
adventista ali instalado, conta, por exemplo, com um vigoroso parque
industrial. Contribui, atualmente, com mais de 50% da arrecadação
total de impostos no Município.
Todavia,
trata-se de uma localidade carente de investimentos em infraestrutura
básica. É o caso típico de uma comunidade cujo progresso vem sendo
freado pela matriz. Essa descentralização administrativa é das
mais saudáveis. Acelera o desenvolvimento e permite que os recursos,
sempre insuficientes num País como o nosso, repleto de necessidades
e vivendo um período de enorme crise econômica, seja, pelo menos
tecnicamente, melhor direcionados.
Ao
que se informa, a previsão é a de que o plebiscito em Hortolândia
seja marcado para o segundo semestre de 1991. Caso a decisão pela
autonomia seja tomada pelos moradores, a criação do novo município
irá se concretizar somente em 1993, com a posse do primeiro
prefeito, eleito em 1992.
Para
Sumaré, por outro lado, igualmente a separação não será danosa.
Ela própria, um dia, separou-se de Campinas e nem por isso a cidade
deixou de crescer, para se transformar na metrópole que é hoje,
situada entre as 13 maiores de todo o País.
O
que os sumareenses perderão em arrecadação, ganharão,
proporcionalmente, em termos de menos obrigações. A vantagem maior
será da região, em seu conjunto, que terá maior dinamismo, maior
competição, o que sempre se constitui num processo saudável e
gerador de desenvolvimento.
Caso
a população de Hortolândia aprove a autonomia, irá se repetir,
portanto, o mesmo que aconteceu com Valinhos, Vinhedo, Paulínia e
outras localidades mais que se desmembraram de Campinas e que hoje
são comunidades com padrões de vida invejáveis em relação às
suas coirmãs de idêntico porte de outras partes do Brasil.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de
dezembro de 1990).
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