Friday, April 13, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Autonomia na região


Autonomia na região



Pedro J. Bondaczuk


A Região Metropolitana de Campinas poderá ganhar, nos próximos anos, mais municípios. É que a Assembleia Legislativa do Estado aprovou, nesta semana, a formalização ao Tribunal Regional Eleitoral de um pedido para a marcação de uma data de realização de um plebiscito em Hortolândia, oportunidade em que a população desse distrito decidirá se quer ou não a sua autonomia em relação a Sumaré.

O próximo que deverá seguir esse caminho é Barão Geraldo, que há muito vem pretendendo dar esse passo. Em ambos os casos, a separação mais do que se justifica. Tratam-se de duas comunidades progressistas, populosas, operantes e que não recebem de volta, em investimentos, quantia proporcional à que ali é arrecadada.

Hortolândia, que antigamente se chamava Jacuba e era conhecida pelo colégio adventista ali instalado, conta, por exemplo, com um vigoroso parque industrial. Contribui, atualmente, com mais de 50% da arrecadação total de impostos no Município.

Todavia, trata-se de uma localidade carente de investimentos em infraestrutura básica. É o caso típico de uma comunidade cujo progresso vem sendo freado pela matriz. Essa descentralização administrativa é das mais saudáveis. Acelera o desenvolvimento e permite que os recursos, sempre insuficientes num País como o nosso, repleto de necessidades e vivendo um período de enorme crise econômica, seja, pelo menos tecnicamente, melhor direcionados.

Ao que se informa, a previsão é a de que o plebiscito em Hortolândia seja marcado para o segundo semestre de 1991. Caso a decisão pela autonomia seja tomada pelos moradores, a criação do novo município irá se concretizar somente em 1993, com a posse do primeiro prefeito, eleito em 1992.

Para Sumaré, por outro lado, igualmente a separação não será danosa. Ela própria, um dia, separou-se de Campinas e nem por isso a cidade deixou de crescer, para se transformar na metrópole que é hoje, situada entre as 13 maiores de todo o País.

O que os sumareenses perderão em arrecadação, ganharão, proporcionalmente, em termos de menos obrigações. A vantagem maior será da região, em seu conjunto, que terá maior dinamismo, maior competição, o que sempre se constitui num processo saudável e gerador de desenvolvimento.

Caso a população de Hortolândia aprove a autonomia, irá se repetir, portanto, o mesmo que aconteceu com Valinhos, Vinhedo, Paulínia e outras localidades mais que se desmembraram de Campinas e que hoje são comunidades com padrões de vida invejáveis em relação às suas coirmãs de idêntico porte de outras partes do Brasil.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 16 de dezembro de 1990).


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