Thursday, February 08, 2018

REFLEXÃO DO DIA - O BOM ESCRITOR É AQUELE QUE TEM CORAGEM DE "SE EXPOR"


O BOM ESCRITOR É AQUELE QUE TEM CORAGEM DE “SE EXPOR”

Já li textos de Lygia Fagundes Telles, de Rachel de Queiroz e de outros tantos escritores, confessando seu temor de escrever. “Mas como?”, perguntarão, incrédulos, os que nunca passaram por essa dramática experiência. Eu também tenho esse medo. Temo, sobretudo, não ser compreendido e cair em ridículo. Quem tem coragem de fazer esse tipo de confissão (e as escritoras citadas tiveram) explica que aquilo que teme é justamente ter que se expor. Há coisas a nosso respeito que é melhor não revelar para absolutamente ninguém. E como há!!! Mas no momento de produzir suas obras, nem por isso esses escritores fazem da literatura escudo protetor coisa nenhuma. São transparentes. Expõem, sem nenhum pudor, seu âmago, sua alma, suas entranhas, suas vísceras, suas fraquezas e vulnerabilidades, em poemas ou na ficção projetando-os em seus personagens, sem nada esconder e sem pudor, por mais que isso lhes doa. Por isso são bons e conquistam corações e mentes dos leitores. Por que? Porque são autênticos, humanos e verdadeiros. Você, “projeto de escritor”, tem coragem de expor, e por escrito, de formas que permaneçam expostos para sempre, seus mais íntimos pensamentos e mais secretas emoções? Não?!!! Ora, ora, ora... Se você não tiver essa coragem, então esqueça a intenção de fazer Literatura. Procure outra atividade em que não precise ser tão explícito e despudorado.


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CITAÇÃO DO DIA:

Escolha de amigos 

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e; angústias e aguentem o que há de pior em mim. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

(Oscar Wilde).



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