O BOM ESCRITOR É AQUELE QUE TEM CORAGEM DE “SE EXPOR”
Já li textos de Lygia Fagundes Telles, de Rachel de Queiroz e de
outros tantos escritores, confessando seu temor de escrever. “Mas
como?”, perguntarão, incrédulos, os que nunca passaram por essa
dramática experiência. Eu também tenho esse medo. Temo, sobretudo,
não ser compreendido e cair em ridículo. Quem tem coragem de fazer
esse tipo de confissão (e as escritoras citadas tiveram) explica que
aquilo que teme é justamente ter que se expor. Há coisas a nosso
respeito que é melhor não revelar para absolutamente ninguém. E
como há!!! Mas no momento de produzir suas obras, nem por isso esses
escritores fazem da literatura escudo protetor coisa nenhuma. São
transparentes. Expõem, sem nenhum pudor, seu âmago, sua alma, suas
entranhas, suas vísceras, suas fraquezas e vulnerabilidades, em
poemas ou na ficção projetando-os em seus personagens, sem nada
esconder e sem pudor, por mais que isso lhes doa. Por isso são bons
e conquistam corações e mentes dos leitores. Por que? Porque são
autênticos, humanos e verdadeiros. Você, “projeto de escritor”,
tem coragem de expor, e por escrito, de formas que permaneçam
expostos para sempre, seus mais íntimos pensamentos e mais secretas
emoções? Não?!!! Ora, ora, ora... Se você não tiver essa
coragem, então esqueça a intenção de fazer Literatura. Procure
outra atividade em que não precise ser tão explícito e
despudorado.
@@@
CITAÇÃO DO DIA:
Escolha de amigos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas
pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus
de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles
não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e;
angústias e aguentem o que há de pior em mim. Quero-os santos,
para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas
injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma
exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior
alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos
são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos
previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que
fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a
fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que
não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca
tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo
loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me
esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment