Em campanha
Pedro
J. Bondaczuk
A campanha
para as eleições municipais, pelo menos em Campinas, está,
virtualmente, nas ruas, e há já algum tempo. O leitor pode
estranhar essa afirmação, tendo em vista que os eleitores só vão
comparecer às urnas, para a escolha dos novos vereadores e do novo
prefeito, no início de outubro de 2004. Ou seja, daqui a um ano e
pouco mais de sete meses. Parece muito tempo, mas não é.
Ocorre que
a política é dinâmica e o jogo de bastidores, embora não apareça
para o público, costuma ser mais renhido, e mais emocionante até,
do que aquele que aparece no noticiário oficial, sob a luz dos
refletores e sob o enfoque da imprensa.
A
esta altura, alguns nomes já despontam como praticamente certos para
a disputa de quem será o sucessor da prefeita Izalene Tiene. Ela
própria, por sinal, é forte candidata a ganhar um mandato todinho
seu, dependendo, é claro, dos passos que vier a dar, em especial no
correr deste ano, além das alianças que fizer e do sucesso ou não
em unir todas as alas (ou pelo menos a maioria delas) do seu partido,
que no fim das contas, se constitui no seu maior adversário, por
mais irônico que isso possa parecer.
Outro
nome que desponta, e tende a se acentuar, é o do deputado federal
Carlos Sampaio (PSDB), que perdeu, nas eleições passadas, para
Antonio da Costa Santos, mas surpreendeu na reta final, em 2000,
saindo de pífios 2% nas pesquisas eleitorais do início de campanha,
para chegar ao redor dos 40% de votos obtidos nas urnas.
Agora,
mais maduro, mais experiente e, sobretudo mais conhecido dos
campineiros, é fortíssimo candidato ao Palácio dos Jequitibás
(embora, diplomaticamente, negue essas pretensões e afirme que
pretende exercer um bom mandato na Câmara dos Deputados). Pode até
ser. Aliás, um bom desempenho parlamentar tende a ser decisivo nas
eleições municipais.
Contudo,
como Izalene, Carlos Sampaio vai ter, antes, que buscar consenso
dentro do próprio ninho tucano municipal, face às muitas (e
perceptíveis) divisões nele existentes. No PSDB, o jovem líder
conta com dois fortíssimos postulantes a essa mesma candidatura, que
são a deputada estadual Célia Leão (do alto dos seus quase 110 mil
votos nas últimas eleições) e o secretário estadual dos
Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes que, dada a pasta que
ocupa, já pelo segundo mandato, no governo de Geraldo Alckmin, (a
dos Transportes Metropolitanos) tem a oportunidade de estar visível
o tempo todo na mídia, o que, sem dúvida, é importante fator a seu
favor.
Mas
os potenciais candidatos não são apenas estes. Há outros nomes de
peso que podem e devem entrar na disputa. Um deles, é o arcano dos
vereadores de Campinas, o político que por mais tempo exerceu
mandatos na Câmara Municipal em toda a história da cidade, que
presidiu (e sempre bem) a casa em sete oportunidades. Claro que se
trata de Romeu Santini, peso pesadíssimo nesse elenco de excelentes
opções para o eleitor campineiro.
O
parlamentar, atualmente sem partido, estaria, ao que se propala, com
um pé no PMDB, que tenta se reestruturar na cidade, na busca da
recuperação do prestígio que já ostentou há não muito tempo e
que ultimamente anda um tanto ofuscado. Outra opção para Romeu
Santini seria o PFL, onde, ao que se sabe, seria recebido de braços
abertos. De qualquer forma, caso se disponha, de fato, a disputar a
Prefeitura, legenda é que não lhe vai faltar.
Há
comentários, ainda, da possibilidade da viúva do saudoso prefeito
Antonio da Costa Santos, Roseana Garcia, entrar na disputa, “vestindo
a camisa” do Partido Verde, que vem apresentando crescimento na
cidade.
Como
se observa, alternativas não vão faltar aos eleitores. Claro que,
provavelmente, os candidatos não vão ser exatamente estes. Alguns
dos nomes citados podem ficar pelo caminho, por razões diversas, e
outros, hoje sequer lembrados, podem emergir de repente e até vencer
as eleições. Como se diz popularmente: “muita água ainda vai
rolar por baixo da ponte” até outubro de 2004.
Mas
que a “campanha” já está em pleno andamento, apesar das
negativas dos (ainda supostos) envolvidos, disto não tenham dúvidas.
Campinas, neste aspecto, é privilegiada. Lideranças políticas
tradicionais, como a de Romeu Santini, vêm se consolidando cada vez
mais, sem que se verifique aqui o que ocorre em outras tantas cidades
pelo País afora, ou seja, a estagnação, a “mesmice”, a
“ditadura dos caciques”, a falta de renovação. Pelo contrário,
este, possivelmente, é um dos municípios que mais renovaram seus
líderes, notadamente nos últimos cinco anos. Quem ganha com essa
renovação, evidentemente, é o campineiro, que tem, dessa maneira,
excelentes opções de escolha ao seu dispor.
(Editorial
publicado na Folha do Taquaral em 20 de março de 2003).
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