Saturday, February 17, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Em campanha


Em campanha


Pedro J. Bondaczuk

A campanha para as eleições municipais, pelo menos em Campinas, está, virtualmente, nas ruas, e há já algum tempo. O leitor pode estranhar essa afirmação, tendo em vista que os eleitores só vão comparecer às urnas, para a escolha dos novos vereadores e do novo prefeito, no início de outubro de 2004. Ou seja, daqui a um ano e pouco mais de sete meses. Parece muito tempo, mas não é.

Ocorre que a política é dinâmica e o jogo de bastidores, embora não apareça para o público, costuma ser mais renhido, e mais emocionante até, do que aquele que aparece no noticiário oficial, sob a luz dos refletores e sob o enfoque da imprensa.

A esta altura, alguns nomes já despontam como praticamente certos para a disputa de quem será o sucessor da prefeita Izalene Tiene. Ela própria, por sinal, é forte candidata a ganhar um mandato todinho seu, dependendo, é claro, dos passos que vier a dar, em especial no correr deste ano, além das alianças que fizer e do sucesso ou não em unir todas as alas (ou pelo menos a maioria delas) do seu partido, que no fim das contas, se constitui no seu maior adversário, por mais irônico que isso possa parecer.

Outro nome que desponta, e tende a se acentuar, é o do deputado federal Carlos Sampaio (PSDB), que perdeu, nas eleições passadas, para Antonio da Costa Santos, mas surpreendeu na reta final, em 2000, saindo de pífios 2% nas pesquisas eleitorais do início de campanha, para chegar ao redor dos 40% de votos obtidos nas urnas.

Agora, mais maduro, mais experiente e, sobretudo mais conhecido dos campineiros, é fortíssimo candidato ao Palácio dos Jequitibás (embora, diplomaticamente, negue essas pretensões e afirme que pretende exercer um bom mandato na Câmara dos Deputados). Pode até ser. Aliás, um bom desempenho parlamentar tende a ser decisivo nas eleições municipais.

Contudo, como Izalene, Carlos Sampaio vai ter, antes, que buscar consenso dentro do próprio ninho tucano municipal, face às muitas (e perceptíveis) divisões nele existentes. No PSDB, o jovem líder conta com dois fortíssimos postulantes a essa mesma candidatura, que são a deputada estadual Célia Leão (do alto dos seus quase 110 mil votos nas últimas eleições) e o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes que, dada a pasta que ocupa, já pelo segundo mandato, no governo de Geraldo Alckmin, (a dos Transportes Metropolitanos) tem a oportunidade de estar visível o tempo todo na mídia, o que, sem dúvida, é importante fator a seu favor.

Mas os potenciais candidatos não são apenas estes. Há outros nomes de peso que podem e devem entrar na disputa. Um deles, é o arcano dos vereadores de Campinas, o político que por mais tempo exerceu mandatos na Câmara Municipal em toda a história da cidade, que presidiu (e sempre bem) a casa em sete oportunidades. Claro que se trata de Romeu Santini, peso pesadíssimo nesse elenco de excelentes opções para o eleitor campineiro.

O parlamentar, atualmente sem partido, estaria, ao que se propala, com um pé no PMDB, que tenta se reestruturar na cidade, na busca da recuperação do prestígio que já ostentou há não muito tempo e que ultimamente anda um tanto ofuscado. Outra opção para Romeu Santini seria o PFL, onde, ao que se sabe, seria recebido de braços abertos. De qualquer forma, caso se disponha, de fato, a disputar a Prefeitura, legenda é que não lhe vai faltar.

Há comentários, ainda, da possibilidade da viúva do saudoso prefeito Antonio da Costa Santos, Roseana Garcia, entrar na disputa, “vestindo a camisa” do Partido Verde, que vem apresentando crescimento na cidade.

Como se observa, alternativas não vão faltar aos eleitores. Claro que, provavelmente, os candidatos não vão ser exatamente estes. Alguns dos nomes citados podem ficar pelo caminho, por razões diversas, e outros, hoje sequer lembrados, podem emergir de repente e até vencer as eleições. Como se diz popularmente: “muita água ainda vai rolar por baixo da ponte” até outubro de 2004.

Mas que a “campanha” já está em pleno andamento, apesar das negativas dos (ainda supostos) envolvidos, disto não tenham dúvidas. Campinas, neste aspecto, é privilegiada. Lideranças políticas tradicionais, como a de Romeu Santini, vêm se consolidando cada vez mais, sem que se verifique aqui o que ocorre em outras tantas cidades pelo País afora, ou seja, a estagnação, a “mesmice”, a “ditadura dos caciques”, a falta de renovação. Pelo contrário, este, possivelmente, é um dos municípios que mais renovaram seus líderes, notadamente nos últimos cinco anos. Quem ganha com essa renovação, evidentemente, é o campineiro, que tem, dessa maneira, excelentes opções de escolha ao seu dispor.

(Editorial publicado na Folha do Taquaral em 20 de março de 2003).

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