Sunday, February 25, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Fim de férias


Fim de férias


Pedro J. Bondaczuk

Este é o último fim de semana das férias de meio de ano de 2001. Neste período, muitas atividades param (inclusive as políticas, com o recesso das câmaras municipais, assembleias legislativas e o Congresso). Os que têm estabilidade financeira (raros), deixam a cidade, rumo ao Exterior (neste ano o turismo externo caiu abruptamente, por causa da desvalorização do Real) ou a pontos turísticos tradicionais do País, notadamente as ensolaradas praias do Nordeste. Até o futebol dá uma pausa, com o intervalo entre os torneios regionais e o Campeonato Brasileiro.

Aliás, a outrora grande paixão do brasileiro, que já foi fonte (que se pensava inesgotável) de satisfação e de orgulho perante o mundo, atualmente é mais um dos tantos motivos de vergonha, de raiva e de aborrecimento para a população.

As sucessivas, e cada vez mais vexatórias, derrotas da Seleção Brasileira vêm se somar à crise energética, à avassaladora desvalorização do Real (que para maior irritação das pessoas é atribuída às dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãos, vizinhos, mas eternos rivais, os argentinos), à permanente e irresoluta violência urbana, às já corriqueiras denúncias de corrupção dos políticos e a tantas e tantas coisas ruins, que nos tiram o sono, provocam mau humor e tornam nossa vida mais tensa e menos alegre.

Quem pôde gozar dessa saudável e desejada pausa, de 30 dias, nos problemas cotidianos, retorna revigorado, para reassumir a cátedra, a tribuna, o escritório, o consultório, a oficina, a redação, o púlpito, ou seja lá qual for o centro das suas atividades. Quem não teve esse privilégio e sorte, encara um período que se sabe muito difícil, em especial para a cidade, sem esse bem vindo descanso. Agosto começa, por exemplo, com o megarreajuste das passagens de ônibus (de 30%), com a controvérsia envolvendo os vendedores ambulantes, conhecidos como "carrioleiros", e com outras tantas e tantas questões que atormentam os campineiros (e todos os brasileiros, logicamente). Mas inicia-se, também, com a esperança (esta nunca morre) de que surja, enfim, uma benfazeja, posto que pequenina, luz no fim do túnel, que sinalize para o término das crises que se perpetuam e do festival de incompetência e corrupção que penaliza esta geração.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do jornal Notícia Metropolitana, em 25 de julho de 2001).


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