Fim de férias
Pedro J. Bondaczuk
Este
é o último fim de semana das férias de meio de ano de 2001. Neste
período, muitas atividades param (inclusive as políticas, com o
recesso das câmaras municipais, assembleias legislativas e o
Congresso). Os que têm estabilidade financeira (raros), deixam a
cidade, rumo ao Exterior (neste ano o turismo externo caiu
abruptamente, por causa da desvalorização do Real) ou a pontos
turísticos tradicionais do País, notadamente as ensolaradas praias
do Nordeste. Até o futebol dá uma pausa, com o intervalo entre os
torneios regionais e o Campeonato Brasileiro.
Aliás,
a outrora grande paixão do brasileiro, que já foi fonte (que se
pensava inesgotável) de satisfação e de orgulho perante o mundo,
atualmente é mais um dos tantos motivos de vergonha, de raiva e de
aborrecimento para a população.
As
sucessivas, e cada vez mais vexatórias, derrotas da Seleção
Brasileira vêm se somar à crise energética, à avassaladora
desvalorização do Real (que para maior irritação das pessoas é
atribuída às dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãos,
vizinhos, mas eternos rivais, os argentinos), à permanente e
irresoluta violência urbana, às já corriqueiras denúncias de
corrupção dos políticos e a tantas e tantas coisas ruins, que nos
tiram o sono, provocam mau humor e tornam nossa vida mais tensa e
menos alegre.
Quem pôde
gozar dessa saudável e desejada pausa, de 30 dias, nos problemas
cotidianos, retorna revigorado, para reassumir a cátedra, a tribuna,
o escritório, o consultório, a oficina, a redação, o púlpito, ou
seja lá qual for o centro das suas atividades. Quem não teve esse
privilégio e sorte, encara um período que se sabe muito difícil,
em especial para a cidade, sem esse bem vindo descanso. Agosto
começa, por exemplo, com o megarreajuste das passagens de ônibus
(de 30%), com a controvérsia envolvendo os vendedores ambulantes,
conhecidos como "carrioleiros", e com outras tantas e
tantas questões que atormentam os campineiros (e todos os
brasileiros, logicamente). Mas inicia-se, também, com a esperança
(esta nunca morre) de que surja, enfim, uma benfazeja, posto que
pequenina, luz no fim do túnel, que sinalize para o término das
crises que se perpetuam e do festival de incompetência e corrupção
que penaliza esta geração.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do jornal Notícia Metropolitana,
em 25 de julho de 2001).
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