Friday, February 23, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Serviço incompleto


Serviço incompleto


Pedro J. Bondaczuk

A população campineira está, desde o fim de semana, sentindo na pele a falta de água, produto essencial para a sua higiene e sobrevivência. O prefeito Jacó Bittar afirma que o problema se deve à ruptura de uma adutora, embora ontem os funcionários da Sanasa tenham entrado em greve, exigindo uma reposição salarial de 102%.

Seja qual for a razão da suspensão desse indispensável serviço, a verdade é que compete ao Poder Público prevenir para que o campineiro não sofra tais agruras. Afinal, este é o seu papel enquanto responsável pela administração municipal.

Cabe-lhe, no exercício de sua função, estar prevenido para todas as emergências, mediante esquemas alternativos. O que não é justo é que o cidadão seja prejudicado por algo que escapa completamente ao seu controle. Sua parte ele faz, financiando o sistema.

Um serviço de boa qualidade, ininterrupto, a salvo de qualquer circunstância negativa, fortuita ou proposital, não é nenhum prêmio para o Município. Trata-se de um dever do Poder Público, uma demonstração de sua competência, da sua organização, do seu tino administrativo.

Ao cidadão não compete pagar por desajustes, ou de ordem técnica ou de caráter trabalhista. São questões internas, cuja solução cabe àquele no qual os campineiros confiaram para dirigir seus destinos. É até desnecessário reportar os problemas causados pela falta de água.

Isso tumultua toda a vida, não somente doméstica, mas também de muitas empresas. Se existe algo que nunca foi um luxo, este é o precioso líquido, aliás vital, imprescindível à nossa sobrevivência.

Parte da campanha eleitoral do atual prefeito foi feita em cima desse problema que se verificava em administrações anteriores. Jacó Bittar garantiu, inúmeras vezes, como candidato a prefeito, em comícios e inclusive no debate pela televisão que antecedeu as eleições, que a população iria se livrar desse tormento. No entanto, entre as manifestações do palanque e a prática, o campineiro está percebendo uma enorme diferença.

É bom que se reitere que não compete à população sequer saber a razão das suas torneiras estarem absolutamente secas. São questões administrativas e para não ter que pensar nessas coisas é que o eleitor elege, a cada quatro anos, um responsável para administrar a comunidade.

Eventuais rupturas de adutoras, ou movimentos grevistas que impeçam a reparação do que se quebrou, não são assuntos para o consumidor que paga, e caro, por um serviço que, mais uma vez, demonstra não ser confiável o quanto seria de se desejar.

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 11 de dezembro de 1990).


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