Serviço incompleto
Pedro
J. Bondaczuk
A
população campineira está, desde o fim de semana, sentindo na pele
a falta de água, produto essencial para a sua higiene e
sobrevivência. O prefeito Jacó Bittar afirma que o problema se deve
à ruptura de uma adutora, embora ontem os funcionários da Sanasa
tenham entrado em greve, exigindo uma reposição salarial de 102%.
Seja
qual for a razão da suspensão desse indispensável serviço, a
verdade é que compete ao Poder Público prevenir para que o
campineiro não sofra tais agruras. Afinal, este é o seu papel
enquanto responsável pela administração municipal.
Cabe-lhe,
no exercício de sua função, estar prevenido para todas as
emergências, mediante esquemas alternativos. O que não é justo é
que o cidadão seja prejudicado por algo que escapa completamente ao
seu controle. Sua parte ele faz, financiando o sistema.
Um
serviço de boa qualidade, ininterrupto, a salvo de qualquer
circunstância negativa, fortuita ou proposital, não é nenhum
prêmio para o Município. Trata-se de um dever do Poder Público,
uma demonstração de sua competência, da sua organização, do seu
tino administrativo.
Ao
cidadão não compete pagar por desajustes, ou de ordem técnica ou
de caráter trabalhista. São questões internas, cuja solução cabe
àquele no qual os campineiros confiaram para dirigir seus destinos.
É até desnecessário reportar os problemas causados pela falta de
água.
Isso
tumultua toda a vida, não somente doméstica, mas também de muitas
empresas. Se existe algo que nunca foi um luxo, este é o precioso
líquido, aliás vital, imprescindível à nossa sobrevivência.
Parte
da campanha eleitoral do atual prefeito foi feita em cima desse
problema que se verificava em administrações anteriores. Jacó
Bittar garantiu, inúmeras vezes, como candidato a prefeito, em
comícios e inclusive no debate pela televisão que antecedeu as
eleições, que a população iria se livrar desse tormento. No
entanto, entre as manifestações do palanque e a prática, o
campineiro está percebendo uma enorme diferença.
É
bom que se reitere que não compete à população sequer saber a
razão das suas torneiras estarem absolutamente secas. São questões
administrativas e para não ter que pensar nessas coisas é que o
eleitor elege, a cada quatro anos, um responsável para administrar a
comunidade.
Eventuais
rupturas de adutoras, ou movimentos grevistas que impeçam a
reparação do que se quebrou, não são assuntos para o consumidor
que paga, e caro, por um serviço que, mais uma vez, demonstra não
ser confiável o quanto seria de se desejar.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 11 de
dezembro de 1990).
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