Eu não tenho onde morar...
Pedro J. Bondaczuk
O cantor e
compositor Dorival Caymi consagrou, numa famosa canção, a realidade
de milhões de brasileiros e, por consequência, de milhares de
campineiros, ao escrever:
"Eu
não tenho onde morar,
é por isso
que moro na areia".
Em
Campinas, o déficit habitacional, que não fica muito distante do
índice nacional, é estimado, pela Cohab, em pelo menos 40 mil
unidades.
Aliás,
para chegar a cifras mais próximas da realidade, é que o órgão
vem promovendo cadastramento na cidade, conforme reportagem nesta
edição, de pessoas que não têm um lugar decente (muitas não têm
nenhum), onde morar. E que, ao contrário da letra de Caymi, não
moram sequer na "areia".
Trata-se,
convém ressaltar, em nome da verdade, de um problema mundial. Os
números, em relação ao País, variam de acordo com quem os estima.
Uma estimativa "otimista" dá conta de um déficit de 5
milhões de moradias em todo o território nacional. É mencionada,
ainda, uma cifra duas vezes e meia maior do que esta, de 12 milhões,
que parece ser a mais provável. E alguns chegam ao exagero (ou
talvez não) de afirmar que a carência de unidades habitacionais em
todo o País se eleva a 20 milhões, em números redondos.
De
qualquer forma, seja qual for o dado correto, não há dúvida de que
se trata de um problema grave, gravíssimo, urgente, urgentíssimo, e
que vem sendo empurrado com a barriga. Como em tudo o que se refere
ao aspecto social, os recursos para pelo menos minorar os problemas
são infinitamente menores do que as necessidades.
O
acesso à casa própria no Brasil, principalmente depois da extinção
do Banco Nacional de Habitação, fechado no governo do presidente
José Sarney, em meados dos anos 80, é extremamente dispendioso.
Inacessível, portanto, para a maioria esmagadora dos "bolsos".
Além disso, o custo das moradias é absurdo se comparado à sua
qualidade.
Todavia,
esse é o setor que poderia impulsionar a economia brasileira e
absorver um enorme contingente de mão de obra semiespecializada. Um
amplo programa de habitação, a baixo custo, acessível a quem de
fato precisa, resolveria, de uma única tacada, dois dos maiores
problemas nacionais: o social e o econômico.
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