Friday, February 02, 2018


“CRISE DE CRIATIVIDADE”: O TERROR DOS ESCRITORES

Um escritor, meu amigo, passou pela experiência de ter que escrever com prazo marcado, a toque de caixa. Premido por dificuldades financeiras, fez um acordo com sua editora para receber adiantada parcela expressiva dos seus direitos autorais. Isso, antes mesmo de haver escrito o livro. Foi-lhe imposto um prazo de seis meses para entregar a obra acabada, revisada, prontinha para seguir para a impressão. Ele nem se abalou. “Em seis meses, escrevo um tratado de mil páginas”, raciocinou. Todavia, por uma dessas artimanhas do acaso, entrou num período temido por todos os artistas, o de “crise de criatividade”. Sentava-se junto ao computador e ficava horas olhando para a telinha, sem que lhe viesse uma única ideia aproveitável. Passados dois meses, começou a lhe bater o desespero. E quanto mais desesperado ficava, menor era a sua “inspiração”. Sua autoconfiança, ademais, fora para o espaço, estava a zero. Resolveu mudar de ambiente, na tentativa de se concentrar melhor e produzir o tal livro, do qual já estava pegando ódio, antes de ser escrito (ou, justamente, porque não conseguia escrevê-lo). Em vão. As ideias teimavam em não vir. Como havia ido para um vilarejo deserto, com uma praia sensacional, distraiu-se com a paisagem, deliciou-se com os banhos de mar e praticamente esqueceu a razão de estar ali. Lá um belo dia, num final de tarde, relaxado após longo e prazeroso passeio pela praia, resolveu escrever a primeira coisa que lhe viesse à cabeça, publicável ou não, sem nenhuma preocupação. “Às favas com o livro”, pensou. À medida que ia escrevendo, as ideias foram fluindo, a princípio suavemente, como as águas de um riacho e, depois, com vigor incontrolável, como as cataratas do Iguaçu. Ao reler o que havia escrito, com intenção de deletar em seguida, percebeu, surpreso, que até sem querer, havia escrito o tal livro. E ele foi publicado e tornou-se best-seller.


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CITAÇÃO DO DIA:


Grande diferença

A diferença que há numa pessoa antes e depois de se apaixonar é a mesma que há entre uma lâmpada apagada e uma lâmpada acesa. A lâmpada estava no mesmo lugar e era uma boa lâmpada, mas agora está também esparzindo luz, e é essa sua verdadeira função.

(Vincent van Gogh).

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