Wednesday, February 21, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Expectativas pela posse


Expectativas pela posse


Pedro J. Bondaczuk

O assunto do momento em Campinas, neste final de 2004 – além do rebaixamento do Guarani para a Série B do Campeonato Brasileiro e do tema, sempre recorrente, da violência urbana – é a posse do prefeito eleito, Hélio de Oliveira Santos (PDT) no Palácio dos Jequitibás, que vai ocorrer em 1º de janeiro próximo.

O novo governante da cidade deve estar, com certeza, ciente de que enfrentará sérias dificuldades em sua gestão. E não somente de caráter financeiro, dada a falta de recursos do Município, cuja dívida é superior a R$ 1 bilhão, mas, e principalmente, por causa da resistência que deverá enfrentar da parte de determinados setores da sociedade. Vai iniciar seu governo, por exemplo, com minoria na Câmara de Vereadores, e terá que se mostrar exímio negociador para conseguir aprovar os projetos que julgar necessários para a sua administração.

Suas dificuldades, aliás, começaram cedo, com a divulgação da sua equipe de trabalho. Hélio de Oliveira Santos, por exemplo, vem sendo alvo de acerbas críticas por causa da nomeação da sua esposa, a também médica (como ele), Rosely Nassim Jorge Santos, para secretária-chefe do Gabinete do Prefeito. A acusação mais suave que lhe tem sido feita é a de prática de nepotismo, embora juristas respeitáveis assegurem que não há nenhuma ilegalidade nessa contestada nomeação.

A prefeita Izalene Tiene sabe o que é ter contra si parte da imprensa. Termina sua gestão de forma melancólica, com grande descrédito junto à população, embora seu governo não tenha sido em nada pior do que os de seus antecessores e, em muitos aspectos, tenha sido até melhor. Deixa o Palácio dos Jequitibás, no entanto, como se não houvesse feito nada de bom para Campinas, o que, no mínimo, é uma injustiça.

Com a posse do novo prefeito, o PT perde uma das mais importantes cidades do País e por culpa da sua enorme inabilidade em convencer a opinião pública local da pertinência das suas propostas e ações. O partido mostrou-se, sobretudo, desunido, e não soube superar as contradições internas, principalmente para a escolha do seu candidato para as eleições passadas. Divergiu da estratégia política da sua direção nacional e não contou, por isso, com qualquer boa vontade do Palácio do Planalto. Deu no que deu.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se manifestou, de público, a favor da candidatura de Hélio de Oliveira Santos, no Segundo Turno, não fez o mesmo em relação ao candidato petista, o deputado federal Luciano Zica, no Primeiro Turno. Ao PT campineiro resta, portanto, agora, se reestruturar, renovar sua cúpula, reagrupar sua base e trabalhar, trabalhar duro, se quiser voltar a eleger prefeito em 2008. Até lá, muita água vai rolar por baixo da ponte.

No momento, a expectativa do campineiro é mais imediata. É pelos primeiros atos de Hélio de Oliveira Santos, que têm que ser cuidadosos, prudentes e calculados, como uma jogada de xadrez, para conquistar o indispensável apoio popular. A população, notadamente a mais humilde, que foi determinante para a sua eleição, torce para que ele acerte. Todas as pessoas de bom senso da cidade fazem o mesmo. Ele vai acertar!

Feliz Natal e excelente 2005 para todos os leitores e anunciantes!

(Editorial publicado na Folha do Taquaral em 19 de dezembro de 2004)

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