Expectativas pela posse
Pedro J. Bondaczuk
O assunto
do momento em Campinas, neste final de 2004 – além do rebaixamento
do Guarani para a Série B do Campeonato Brasileiro e do tema, sempre
recorrente, da violência urbana – é a posse do prefeito eleito,
Hélio de Oliveira Santos (PDT) no Palácio dos Jequitibás, que vai
ocorrer em 1º de janeiro próximo.
O novo
governante da cidade deve estar, com certeza, ciente de que
enfrentará sérias dificuldades em sua gestão. E não somente de
caráter financeiro, dada a falta de recursos do Município, cuja
dívida é superior a R$ 1 bilhão, mas, e principalmente, por causa
da resistência que deverá enfrentar da parte de determinados
setores da sociedade. Vai iniciar seu governo, por exemplo, com
minoria na Câmara de Vereadores, e terá que se mostrar exímio
negociador para conseguir aprovar os projetos que julgar necessários
para a sua administração.
Suas
dificuldades, aliás, começaram cedo, com a divulgação da sua
equipe de trabalho. Hélio de Oliveira Santos, por exemplo, vem sendo
alvo de acerbas críticas por causa da nomeação da sua esposa, a
também médica (como ele), Rosely Nassim Jorge Santos, para
secretária-chefe do Gabinete do Prefeito. A acusação mais suave
que lhe tem sido feita é a de prática de nepotismo, embora juristas
respeitáveis assegurem que não há nenhuma ilegalidade nessa
contestada nomeação.
A prefeita
Izalene Tiene sabe o que é ter contra si parte da imprensa. Termina
sua gestão de forma melancólica, com grande descrédito junto à
população, embora seu governo não tenha sido em nada pior do que
os de seus antecessores e, em muitos aspectos, tenha sido até
melhor. Deixa o Palácio dos Jequitibás, no entanto, como se não
houvesse feito nada de bom para Campinas, o que, no mínimo, é uma
injustiça.
Com a posse
do novo prefeito, o PT perde uma das mais importantes cidades do País
e por culpa da sua enorme inabilidade em convencer a opinião pública
local da pertinência das suas propostas e ações. O partido
mostrou-se, sobretudo, desunido, e não soube superar as contradições
internas, principalmente para a escolha do seu candidato para as
eleições passadas. Divergiu da estratégia política da sua direção
nacional e não contou, por isso, com qualquer boa vontade do Palácio
do Planalto. Deu no que deu.
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se manifestou, de público,
a favor da candidatura de Hélio de Oliveira Santos, no Segundo
Turno, não fez o mesmo em relação ao candidato petista, o deputado
federal Luciano Zica, no Primeiro Turno. Ao PT campineiro resta,
portanto, agora, se reestruturar, renovar sua cúpula, reagrupar sua
base e trabalhar, trabalhar duro, se quiser voltar a eleger prefeito
em 2008. Até lá, muita água vai rolar por baixo da ponte.
No momento,
a expectativa do campineiro é mais imediata. É pelos primeiros atos
de Hélio de Oliveira Santos, que têm que ser cuidadosos, prudentes
e calculados, como uma jogada de xadrez, para conquistar o
indispensável apoio popular. A população, notadamente a mais
humilde, que foi determinante para a sua eleição, torce para que
ele acerte. Todas as pessoas de bom senso da cidade fazem o mesmo.
Ele vai acertar!
Feliz Natal
e excelente 2005 para todos os leitores e anunciantes!
(Editorial
publicado na Folha do Taquaral em 19 de dezembro de 2004)
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