Fevereiro
é o meu xodó
Por
Pedro J. Bondaczuk
Fevereiro, apesar de ser o mês
mais curto do ano – tem só 28 dias e a cada quatro anos tem 29 –
é o mais importante da minha vida, e por uma longa série de razões.
Por isso, é o meu grande xodó. Foram tantas as coincidências que
ele protagonizou (seriam coincidências mesmo? Vá saber! Afinal,
como afirmou William Shakespeare, pela boca de um de seus tantos
personagens, “há mais mistérios entre o céu e a terra do que a
vã filosofia dos homens possa imaginar”) que não há como deixar
de gostar dele. E não é por causa do Carnaval. E nem por marcar o
auge do Verão, época de descontração e lazer. A importância de
fevereiro para mim vai muito além disso. É por causa de
acontecimentos sumamente relevantes que compõem a minha já extensa
biografia (e põe extensa nisso!!!).
Bem, convém me explicar, para
que este espontâneo monólogo não se transforme em papo de doido.
Afinal, leitor algum consegue penetrar na minha cabeça e ler o que
penso. Vamos, pois, às explicações. Para começo de conversa,
informo que se não fosse fevereiro, eu sequer existiria. Meus pais
vieram ao mundo exatamente nesse mês. Não, não foi num mesmo ano.
Mas isso é o que menos importa.
Meu pai nasceu em 4 de
fevereiro de 1921 e minha mãe, em 7 de fevereiro de 1924. “Foram
só estas as coincidências?”, talvez pergunte, decepcionado, o
leitor mais afoito. Claro que não! Isso só foi o começo. Eu mesmo
quase nasci nesse mês. Ocorre que devo ter ficado com pressa de vir
ao mundo e acabei nascendo num 20 de janeiro de 1943. Por escassos
onze dias deixei de aniversariar em fevereiro.
Houve, ao longo da minha
infância e juventude, várias coincidências (seriam coincidências
mesmo?) envolvendo esse período, mas os fatos relevantes aconteceram
na maturidade. Por exemplo, retornei a Campinas, depois de haver
estudado por quatro anos em um internato da cidade, em 28 de
fevereiro de 1964, data exata da emancipação do município de
Paulínia. “Milimétrico” um ano depois, eu me mudaria em
definitivo para a terra de Carlos Gomes, onde estou até hoje e onde
pretendo permanecer para sempre. Ou seja, mudei-me “de cuia e
bagagem” para Campinas em 28 de fe4vereiro de 1965. Não poderia
ter sido em outra data? Poderia, mas… não foi.
Contudo as coisas não pararam
por aí. Vejam só o que aconteceu. Exatamente em 27 de fevereiro de
1966 comecei a namorar com a mulher (na época, só menina) que meu
coração elegeu para ser minha “cara metade” para o resto da
vida, com a qual estou casado há já 45 anos. Foram sete anos de
namoro, cercados de imensas dificuldades, pois os pais dela se
opunham ao nosso relacionamento. Tenta para cá, teima para lá e,
finalmente consegui convencer meu futuro sogro que eu não era um
partido tão ruim como ele supunha. Em resumo, ficamos noivos. E
sabem quando oficializamos o noivado? Pois é, em 27 de fevereiro de
1972. Juro que não planejei que fosse nessa data. Mas… aconteceu.
As coisas pararam por aí?
Claro que não! Casamo-nos em 17 de fevereiro de 1973. Se você pensa
que as coincidências (seriam só coincidências mesmo?) pararam por
aí, está muito enganado. Sabe quando nasceu minha primeira filha, a
Tatiana? Pois é, foi num 12 de fevereiro (de 1974)! Aliás, essa
data marcou meu primeiro dia de trabalho numa nova empresa, a 3M do
Brasil, localizada em Sumaré. Enfrentei uma correria infernal nesse
dia, “andando nas nuvens” de tanta felicidade. Bem cedinho, fui à
Maternidade de Campinas conhecer meu lindo anjinho e tive que ir
correndo tomar o ônibus da firma, para não chegar atrasado justo na
minha estreia no novo trabalho. Recebi abraços de um montão de
pessoas que nem conhecia, o que me ajudou, sem dúvida, a me enturmar
no novo emprego.
Bem, depois disso, nem preciso
relacionar mais fatos ocorridos em outros meses de fevereiro (e estes
aconteceram e continuam acontecendo). Como, por exemplo, o término
do melhor livro que já escrevi (“Passarela de sonhos”, de
contos), mas que permanece rigorosamente inédito. Todas as histórias
que o compõem têm como foco o Carnaval. Portanto, o grande
personagem, ao fim e ao cabo, é nada mais, nada menos do que meu
xodó, o mês de fevereiro. Quem sabe a publicação dessa obra-prima
(é assim que a considero) pela qual tenho tanto carinho, virá a ser
publicada nesse período anual de 28 dias? Quem sabe? Não ficarei
nem um pouco surpreso se isso acontecer. E deveria?!!!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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