Wednesday, February 07, 2018


Disputa renhida


Pedro J. Bondaczuk

A política municipal promete pegar fogo, à medida que formos caminhando para o final do corrente ano, com vários candidatos a candidatos à sucessão de Izalene Tiene se movimentando nos bastidores, em busca do seu espaço político. Claro que, por enquanto, chovem especulações de bastidores, a respeito desta ou daquela candidatura, muitas vezes à revelia dos envolvidos.

Até abril de 2004, quando os partidos devem se definir, de fato, a esse respeito, muita água ainda vai rolar por baixo da ponte. Vários nomes, hoje tidos como certos para a disputa do Palácio dos Jequitibás, vão ser excluídos. Outros tantos, até aqui não mencionados ou citados apenas discretamente, de passagem, como “azarões”, deverão emergir e assumir o centro das atenções. O cenário eleitoral deve, na verdade, ganhar contornos um pouco mais definidos (mesmo que não definitivos) somente por volta do próximo Carnaval, em fevereiro ou março do ano que vem.

Uma coisa, porém, fica cada vez mais clara: a se confirmarem as candidaturas mais amiúde especuladas, tudo leva a crer que Campinas vá ter uma das eleições municipais mais disputadas e imprevisíveis da sua história. Não se pode negar que os nomes citados são de políticos experientes, com larga vivência política e com condições plenas de administrar (e bem) a cidade.

O Partido dos Trabalhadores, nesta oportunidade, vai viver uma experiência inédita. Pela primeira vez, em sua relativamente vitoriosa história, vai ser a “vidraça” e não mais a “pedra”, como em tantas e tantas e tantas outras ocasiões. É situação, tanto em termos nacionais, quanto municipais. Por isso, como já é tradição (e não apenas no País), deve ser bastante visado por todos os adversários. Vai ficar sumamente exposto às críticas, de todos os lados, que tendem a se generalizar durante a próxima campanha.

Cada erro, ou acerto, tanto de Izalene Tiene, quanto, e principalmente, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, portanto, vão ser pesados, avaliados, valorizados e, logicamente, explorados. O que ambos fizerem de correto, obviamente, vai ser utilizado à exaustão por seus partidários, com vistas à manutenção do poder. Já as coisas erradas...Podem ser fatais às pretensões petistas de conservar a administração de uma cidade tão importante, tanto do ponto de vista político, quanto, e principalmente, do econômico, quanto é Campinas.

Embora no plano federal, a maioria dos partidos que, pelo menos ao que se propala, devem lançar candidatos ao Palácio dos Jequitibás, seja aliada do PT, no âmbito do Município, deve prevalecer o princípio do “cada um por si”. Outra coisa que tende a pesar muito nesta campanha, logicamente a favor do postulante “tucano” à Prefeitura, é o inegável e crescente prestígio do governador paulista, Geraldo Alckmin.

Mesmo a pouco mais de três anos das eleições presidenciais de 2006, o discípulo e sucessor de Mário Covas é tido como um grande nome para a disputa do Palácio do Planalto. É hoje, se não o principal, um dos principais líderes do PSDB. E já começa a conquistar sólida, e crescente, projeção nacional. Nesse contexto, a conquista da Prefeitura de Campinas é importante, se não fundamental, para as pretensões “tucanas”.

Claro que o mesmo raciocínio vale em relação a Lula. Não se espere, ao longo da próxima campanha, um PT passivo, exposto às críticas, e sem capacidade de reação. O partido vai jogar pesado para se conservar no poder, restando definir, apenas, se vai apostar todas as suas fichas na reeleição de Izalene – o que não pode e nem deve ser descartado – ou se optará por outra candidatura, por alguém que seja mais carismático e mais palatável ao eleitorado.

Falta-lhe, todavia, nesta oportunidade, alguém com o peso político do saudoso Toninho, que passe, como um rolo compressor, por cima dos seus adversários, como o ex-prefeito assassinado passou. Pelo menos no momento, não desponta nenhum nome, nenhuma liderança política com esse perfil e essa característica. A atual prefeita ainda tem um certo tempo, que vai se tornando mais e mais escasso à medida que os dias passam, para uma grande virada em sua administração.

Todavia, salvo engano, tudo indica que, em 2004, Campinas vai ter uma das mais renhidas disputas (se não a mais) da sua história, pelo privilégio de comandar o seu destino. Tomara, somente, que vença o melhor. A cidade merece uma administração condizente com a sua importância e projeção nacional.


(Editorial da Folha do Taquaral de 1º de julho de 2003).

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