Disputa renhida
Pedro
J. Bondaczuk
A política
municipal promete pegar fogo, à medida que formos caminhando para o
final do corrente ano, com vários candidatos a candidatos à
sucessão de Izalene Tiene se movimentando nos bastidores, em busca
do seu espaço político. Claro que, por enquanto, chovem
especulações de bastidores, a respeito desta ou daquela
candidatura, muitas vezes à revelia dos envolvidos.
Até
abril de 2004, quando os partidos devem se definir, de fato, a esse
respeito, muita água ainda vai rolar por baixo da ponte. Vários
nomes, hoje tidos como certos para a disputa do Palácio dos
Jequitibás, vão ser excluídos. Outros tantos, até aqui não
mencionados ou citados apenas discretamente, de passagem, como
“azarões”, deverão emergir e assumir o centro das atenções. O
cenário eleitoral deve, na verdade, ganhar contornos um pouco mais
definidos (mesmo que não definitivos) somente por volta do próximo
Carnaval, em fevereiro ou março do ano que vem.
Uma
coisa, porém, fica cada vez mais clara: a se confirmarem as
candidaturas mais amiúde especuladas, tudo leva a crer que Campinas
vá ter uma das eleições municipais mais disputadas e imprevisíveis
da sua história. Não se pode negar que os nomes citados são de
políticos experientes, com larga vivência política e com condições
plenas de administrar (e bem) a cidade.
O
Partido dos Trabalhadores, nesta oportunidade, vai viver uma
experiência inédita. Pela primeira vez, em sua relativamente
vitoriosa história, vai ser a “vidraça” e não mais a “pedra”,
como em tantas e tantas e tantas outras ocasiões. É situação,
tanto em termos nacionais, quanto municipais. Por isso, como já é
tradição (e não apenas no País), deve ser bastante visado por
todos os adversários. Vai ficar sumamente exposto às críticas, de
todos os lados, que tendem a se generalizar durante a próxima
campanha.
Cada
erro, ou acerto, tanto de Izalene Tiene, quanto, e principalmente, do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, portanto, vão ser pesados,
avaliados, valorizados e, logicamente, explorados. O que ambos
fizerem de correto, obviamente, vai ser utilizado à exaustão por
seus partidários, com vistas à manutenção do poder. Já as coisas
erradas...Podem ser fatais às pretensões petistas de conservar a
administração de uma cidade tão importante, tanto do ponto de
vista político, quanto, e principalmente, do econômico, quanto é
Campinas.
Embora
no plano federal, a maioria dos partidos que, pelo menos ao que se
propala, devem lançar candidatos ao Palácio dos Jequitibás, seja
aliada do PT, no âmbito do Município, deve prevalecer o princípio
do “cada um por si”. Outra coisa que tende a pesar muito nesta
campanha, logicamente a favor do postulante “tucano” à
Prefeitura, é o inegável e crescente prestígio do governador
paulista, Geraldo Alckmin.
Mesmo
a pouco mais de três anos das eleições presidenciais de 2006, o
discípulo e sucessor de Mário Covas é tido como um grande nome
para a disputa do Palácio do Planalto. É hoje, se não o principal,
um dos principais líderes do PSDB. E já começa a conquistar
sólida, e crescente, projeção nacional. Nesse contexto, a
conquista da Prefeitura de Campinas é importante, se não
fundamental, para as pretensões “tucanas”.
Claro
que o mesmo raciocínio vale em relação a Lula. Não se espere, ao
longo da próxima campanha, um PT passivo, exposto às críticas, e
sem capacidade de reação. O partido vai jogar pesado para se
conservar no poder, restando definir, apenas, se vai apostar todas as
suas fichas na reeleição de Izalene – o que não pode e nem deve
ser descartado – ou se optará por outra candidatura, por alguém
que seja mais carismático e mais palatável ao eleitorado.
Falta-lhe,
todavia, nesta oportunidade, alguém com o peso político do saudoso
Toninho, que passe, como um rolo compressor, por cima dos seus
adversários, como o ex-prefeito assassinado passou. Pelo menos no
momento, não desponta nenhum nome, nenhuma liderança política com
esse perfil e essa característica. A atual prefeita ainda tem um
certo tempo, que vai se tornando mais e mais escasso à medida que os
dias passam, para uma grande virada em sua administração.
Todavia,
salvo engano, tudo indica que, em 2004, Campinas vai ter uma das mais
renhidas disputas (se não a mais) da sua história, pelo privilégio
de comandar o seu destino. Tomara, somente, que vença o melhor. A
cidade merece uma administração condizente com a sua importância e
projeção nacional.
(Editorial
da Folha do Taquaral de 1º de julho de 2003).
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