Volta triunfal do real
Pedro J. Bondaczuk
O Brasil, provavelmente entre
9 e 12 de abril próximo, voltará aos tempos dos "réis",
que é como nossos avós pronunciavam o nome dos reais, que
circularam desde o começo deste século até a reforma monetária de
Getúlio Vargas, em meados dos anos 30, quando ocorreu a introdução
do cruzeiro. Este acabou não dando muito certo. Passou por várias
mudanças, num curto período saiu do circuito substituído pelo
antigo signo monetário de Portugal e dos tempos de colônia, o
cruzado, para retornar durante o Plano Collor.
Em agosto do ano passado,
ganhou a companhia do real. Agora, está prestes a desaparecer (para
sempre? Temporariamente? Até quando?), substituído por este último.
Por que se especula que a nova
moeda deva entrar em circulação entre 9 e 12 de abril? Simples.
Porque nessa ocasião se espera que a nova URV, projetada para
indexar toda a economia, estará cotada a Cr$ 1.000,00. Facilitará,
portanto, o corte dos três zeros, para dar lugar a um real (cuja
notação gráfica será R$).
Por mais críticas que
possamos ter em relação ao plano de estabilização econômica do
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, por mais adversários
que esse programa possua, todos estamos torcendo (talvez a exceção
sejam os eternos "contras"), para que o Brasil, finalmente,
tenha uma moeda forte, estável, representativa, desejável,
valorizada e que todos queiram ter (embora infelizmente muitos não a
terão, ou pelo menos não na quantidade necessária).
Desta vez conforme notícias,
não haverá aquela confusão costumeira de "dinheiros".
Cédulas de reais não vão conviver com as de cruzeiros reais, já
que o governo, através do Banco Central, está apressando o processo
de contratação de empresas no Exterior, a American Bank Notes, dos
Estados Unidos, a tão nossa conhecida Thomas de La Rue (britânica)
e a RBE Gieseeck e Devrient (da Alemanha), para imprimir, com
urgência, as novas notas.
Elas serão em número de 1,5
bilhão, de R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100. A Casa da Moeda, mesmo
sendo a maior produtora do ramo no mundo, não teria a capacidade de
suprir tamanha demanda num prazo tão exíguo. Deus queira que os
reais, ou "réis" como diziam nossos avós, terminem o
século como começaram: valorizados.
(Artigo publicado na página
2, opinião, do Correio Popular, em 4 de março de 1994).
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