Thursday, August 31, 2017

Volta triunfal do real


Pedro J. Bondaczuk


O Brasil, provavelmente entre 9 e 12 de abril próximo, voltará aos tempos dos "réis", que é como nossos avós pronunciavam o nome dos reais, que circularam desde o começo deste século até a reforma monetária de Getúlio Vargas, em meados dos anos 30, quando ocorreu a introdução do cruzeiro. Este acabou não dando muito certo. Passou por várias mudanças, num curto período saiu do circuito substituído pelo antigo signo monetário de Portugal e dos tempos de colônia, o cruzado, para retornar durante o Plano Collor.

Em agosto do ano passado, ganhou a companhia do real. Agora, está prestes a desaparecer (para sempre? Temporariamente? Até quando?), substituído por este último.

Por que se especula que a nova moeda deva entrar em circulação entre 9 e 12 de abril? Simples. Porque nessa ocasião se espera que a nova URV, projetada para indexar toda a economia, estará cotada a Cr$ 1.000,00. Facilitará, portanto, o corte dos três zeros, para dar lugar a um real (cuja notação gráfica será R$).

Por mais críticas que possamos ter em relação ao plano de estabilização econômica do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, por mais adversários que esse programa possua, todos estamos torcendo (talvez a exceção sejam os eternos "contras"), para que o Brasil, finalmente, tenha uma moeda forte, estável, representativa, desejável, valorizada e que todos queiram ter (embora infelizmente muitos não a terão, ou pelo menos não na quantidade necessária).

Desta vez conforme notícias, não haverá aquela confusão costumeira de "dinheiros". Cédulas de reais não vão conviver com as de cruzeiros reais, já que o governo, através do Banco Central, está apressando o processo de contratação de empresas no Exterior, a American Bank Notes, dos Estados Unidos, a tão nossa conhecida Thomas de La Rue (britânica) e a RBE Gieseeck e Devrient (da Alemanha), para imprimir, com urgência, as novas notas.

Elas serão em número de 1,5 bilhão, de R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100. A Casa da Moeda, mesmo sendo a maior produtora do ramo no mundo, não teria a capacidade de suprir tamanha demanda num prazo tão exíguo. Deus queira que os reais, ou "réis" como diziam nossos avós, terminem o século como começaram: valorizados.

(Artigo publicado na página 2, opinião, do Correio Popular, em 4 de março de 1994).



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