Missão pessoal
Pedro
J. Bondaczuk
O homem, desde o nascimento até a hora da morte,
é confrontado, diariamente, por pequenos e grandes desafios.
Recém-nascido, é desafiado a fazer o reconhecimento do mundo ao seu
redor e fixar no cérebro ainda "virgem" – e, portanto,
mais receptivo – os primeiros conceitos, que não entende, mas que
ficarão gravados em seu subconsciente até morrer.
Depois, é incitado pelo instinto a segurar a
cabeça, a sentar, a engatinhar, a andar, a falar... Posteriormente,
vem o delicioso período da fantasia infantil. Chega a época dos
brinquedos, que nada mais são do que treinamentos para a realidade
que o indivíduo terá de enfrentar no correr do resto da existência.
Esta fase é seguida pela da educação. Primeiro,
no lar, com os pais e irmãos, aprendendo, instintivamente, os
conceitos de autoridade, respeito, dever, interação social etc. E
os desafios prosseguem vida afora. São individuais e também
coletivos.
Cada
ser humano é original e único: não comporta cópias. Pode, até,
ter sósias, mas essa aparente igualdade se restringe a, somente, um
ou outro traço fisionômico, a meros detalhes superficiais. É,
portanto, aparente e assim mesmo muito grosseira. No que diz respeito
a pensamentos, sentimentos e ações, ocorre a mesma coisa. Não há
duas pessoas que pensem, sintam e ajam de formas rigorosamente
iguais.
Todavia,
o maior desafio que o ser humano tem é o de demonstrar essa
originalidade. É o de definir, de impor e de consagrar sua
unicidade. E isso somente é possível quando determina, a si mesmo,
alguma missão (não importa qual) de sua livre escolha – que não
lhe seja imposta nem pela família e nem pela sociedade, ou seja,
individual, opcional e estritamente pessoal – e que, sobretudo, a
cumpra. Difícil? Sem dúvida! Impossível? A prática demonstra que
não.
Algumas
pessoas (muito especiais) conseguem realizar em vida, integralmente,
aquilo a que se propuseram. A maioria não consegue e sequer tenta. E
por que esses alguns conseguem, enquanto quem, às vezes, está até
melhor preparado, sucumbe? Por que são “super-homens”? Não
diria isso!
Fazem-no
porque se empenham. Porque buscam as oportunidades (e quando estas
não aparecem, as criam) e as aproveitam. Porque são determinadas,
enquanto outras tantas limitam-se a sonhar e sequer tentam fazer o
mínimo esforço para que seus sonhos se façam concretos e se
transformem em atos. Sem empenho, sem disciplina e sem preparo ideal
algum se sustenta.
Tudo
o que esses fracassados fazem é procurar a mera satisfação dos
sentidos, e mesmo assim de forma desregrada e imprudente. Por isso,
não podem reclamar do fracasso e nem culpar a quem quer que seja. Os
únicos culpados, por não chegarem a lugar algum, são eles, por se
julgarem “espertos”, quando em verdade não passam de tolos e
omissos.
Há
um outro grupo ainda – restritíssimo, por sinal – que é o dos
que obtêm a cumplicidade alheia para suas idéias e projetos. E
realizam seus propósitos com o mínimo esforço, através de
terceiros. São os gênios da espécie, os líderes, os condutores de
povos, os grandes semeadores. Mas são raros, raríssimos.
Somos
o que mentalizamos. Se nos virmos como fracos, como tíbios, como
doentios, nos transformaremos nesse estereótipo que criarmos. Mas o
contrário também é verdade. O que cada um de nós tem que fazer é
se impor. É provar (se preciso) que o mundo inteiro está errado
sobre a imagem que faz de nós. É não nos deixarmos abater diante
de opiniões e atitudes alheias. Mas essa demonstração de força e
de caráter não se pode fazer, apenas, com palavras. Exige ação,
mesmo que o corpo teime em pedir repouso. Requer energia, tirada não
se sabe de onde. Impõe férrea força de vontade e imensa capacidade
de criação..
Criar
é a palavra-chave. Criar, seja o que for, também é descobrir. É,
sobretudo, ousar. É ter coragem para aceitar o risco do ridículo. É
desafiar o sistema vigente com alguma novidade. É enriquecer o
patrimônio da humanidade. É colher os frutos desse supremo ato com
humildade. É, principalmente, saber mudar de rumo, quando perceber
que está errado, e ter a ousadia de recomeçar.
As
pessoas não-dogmáticas, com sede e fome de conhecimento, que se
mantêm permanentemente ligadas ao mundo, dispostas a aprender tudo o
que possam, são as que têm as maiores chances de mudar, sem que as
mudanças impliquem em traumas. Claro que a incerteza dita o destino
humano. Agora estamos vivos. No segundo seguinte, poderemos não
estar mais.
E
a vida – embora espiritualistas garantam que não, baseados,
apenas, nas próprias convicções – não tem reprise. Se tivesse,
a humanidade não estaria privada dos gênios e santos que, com suas
ações e exemplos, fizeram o homem evoluir, e que tanta falta fazem
hoje, como Sidarta Gauthama, Maomé, São Francisco de Assis, Dom
Bosco, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e tantos e tantos
outros, que assumiram missões pessoais, de grandeza, santidade e
sabedoria, e as cumpriram, sem vacilar. Você pode (e deve) fazer o
mesmo, amável leitor. Mas comece já!!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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