Os lutadores e os omissos
Pedro J. Bondaczuk
As
dificuldades da vida, como a instabilidade política e econômica, a
violência urbana, a disseminação da miséria e problemas
familiares e existenciais, levam muitas pessoas a se tornarem
"catastrofistas". A maioria assume um renitente e amargo
pessimismo e chega a perder contato com a realidade, desconfiando de
tudo e de todos.
Certos
indivíduos perdem seus referenciais, isolam-se, ficam agressivos e
cultivam a solidão. Arraigam-se a um individualismo exacerbado, que
descamba para o egoísmo. Agem como se apenas eles tivessem problemas
e culpam o mundo por suas dificuldades e vulnerabilidades. Não se
dão conta, mas estão fechando todas as portas para a felicidade.
O
que tais indivíduos não entendem é que são estes obstáculos e
desafios que tornam a vida tão fascinante. O mal existe em toda a
parte e sempre existiu. Mas este fato não libera ninguém de fazer a
sua parte para tornar o mundo melhor. Quando não mediante obras
concretas, pelo menos através do exemplo, da autodisciplina, da
visão construtiva e da busca do autoconhecimento, para corrigir, e
se possível eliminar, as tendências negativas.
Sir
Bertrand Russell, filósofo, matemático e ativista de direitos
humanos e das teses pacifistas até sua morte, aos 96 anos,
constatou: "Talvez eu tenha acreditado que o caminho para um
mundo de homens livres e felizes fosse mais curto do que está
demonstrando ser, mas não errei ao pensar que tal mundo é possível
e que vale a pena viver, enquanto isso, com a intenção de torná-lo
mais próximo".
A
realidade atual, tal como se nos apresenta, chega, de fato, a ser
assustadora. Guerras civis, ou de outra natureza, sucedem-se, como
ocorre na Síria e em outras partes do mundo, tão pobres que sequer
merecem a atenção da imprensa internacional com todo o desfile de
horrores que trazem no seu caudal..
A
miséria afeta a dois terços da humanidade, enquanto o um terço
restante vive inútil e perdulariamente, aferrado egoisticamente na
acumulação e consumo de muito mais bens e recursos do que suas
necessidades, conforme tenho afirmado e reiterado, mas isso parece
sensibilizar pouquíssimas pessoas, acostumadas com essa injustiça a
ponto de considerá-la “normal”. Claro que não é!!!
.
Milhares,
milhões de jovens se deixam levar pelo consumo de drogas, pela
licenciosidade sexual e pela violência (ostensiva ou disfarçada),
como se não tivessem perspectivas de um amanhã. Ainda assim, com
tanta coisa negativa que nos cerca, se atentarmos bem, perceberemos
que o mundo, em alguns aspectos, evoluiu para melhor.
A
Guerra Fria, por exemplo, que por cinco décadas manteve a humanidade
na perspectiva de destruição, acabou, embora alguns teimem em
tentar “ressuscitá-la”. Não podemos deixar que isso aconteça,
a despeito de Trump, de Putin e de vários outros líderes com
tendências belicosas à revelia de seus liderados. A medicina
desenvolveu técnicas e medicamentos para aliviar o sofrimento de
milhões, embora esses avanços estejam ao alcance de poucos.
.
Mesmo
o Brasil, assolado pelo aumento da insegurança pessoal face ao
crescimento da criminalidade e por uma profunda crise política,
econômica, social e moral, teve alguns progressos, embora não
divulgados pelos meios de comunicação, preocupados em botar mais
lenha na fogueira da crise, como se esta fosse uma dádiva divina, o
que, óbvio, não é . A economia voltou a crescer, embora com riscos
de voltar a andar para trás. A inflação – embora temporariamente
– está sob relativo controle, mesmo que às custas de juros
exorbitantes, que inibem investimentos.
Perspectivas
mais alentadoras abrir-se-ão diante dos brasileiros, se souberem
detectar ass oportunidades e se respeitarem o contraditório, abrindo
mão da “selvageria” que campeia, sobretudo nas redes sociais.
Portanto, ainda que o caminho para o "mundo de homens livres e
felizes" com que sonhamos seja mais árduo do que pensamos (e,
de fato, é), essa obra é factível e vale a pena viver para
enfrentar esse desafio. Ora se vale… Eu estou disposto a
enfrentá-lo! E você, amável leitor, que me honra com seu
prestígio?
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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