Violência
urbana cresce por causa das migrações
Pedro J. Bondaczuk
A região de Campinas, a despeito de sua riqueza –
ou, talvez, por causa dela – está às voltas com um flagelo que afeta todo o
País, mas que aqui vem crescendo de forma assustadora: a violência urbana. Há
alguns anos (não muitos), quando ocorria um homicídio, o assunto ganhava
manchetes e era abordado durante semanas, por se tratar de acontecimento raro.
As pessoas ficavam chocadas e o episódio era tema
para conversas e comentários por toda a parte. E hoje, o que acontece? Crimes
de morte, em geral, merecem somente breves registros. E às vezes, nem isso, de
tão comuns que se tornaram. Há tempos deixaram de ser novidade.
Via de regra, esse aumento da criminalidade é
atribuído, exclusivamente, à crise social do País. Não se pode negar que se
trata de um dos fatores determinantes, mas não é o único. Na região,
especificamente, a violência começou a se multiplicar após o exagerado aumento
das migrações para esta área do Estado que, dada a sua riqueza, se tornou um
pólo natural de atração de trabalhadores do Brasil todo, em busca de uma
oportunidade.
É o mesmo fenômeno – guardadas as devidas proporções
– que ocorre na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, que despertou,
inclusive, uma reação xenófoba em seus povos, preocupados em conservar seu
elevado padrão de vida.
De repente, pequenas cidades mais que dobraram sua
população, caso específico de Sumaré, num processo de “inchamento” e não de
crescimento, sem que estivessem preparadas para isso. Mesmo Campinas, saltou
dos pouco mais de cem mil habitantes, de início da década de 60, para o um
milhão atual.
Municípios que não sabiam o que eram favelas, hoje
as têm em profusão. Mas a infraestrutura regional, embora das melhores do País,
não foi adequada para receber esses contingentes de pessoas. Entre os setores
que não acompanharam, pelo mesmo no mesmo ritmo, o crescimento vegetativo da
população, está o de segurança pública.
Atualmente, a maioria das cidades conta com guardas
municipais para auxiliar o Estado na tarefa de manutenção da lei e da ordem. E
o que ocorre? As pessoas se sentem mais seguras? Muito pelo contrário!
Nunca o medo rondou tanto nossos lares. Jamais nos
sentimos mais inseguros e acuados do que agora. Está aí um problema que deve ser
colocado como prioritário pelas autoridades, quer estaduais, quer federais.
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do caderno
Metropolitano do Correio Popular, em 16 de fevereiro de 1995).
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