Formas
de narrar
Pedro J. Bondaczuk
Há três formas básicas de se
narrar uma história, não importa o gênero escolhido – se conto, romance ou
novela –, cada uma delas com várias nuances, claro, de acordo com o estilo de
cada escritor. Numa delas, o narrador coloca-se na posição de personagem
principal. A narrativa, neste caso, é toda feita na primeira pessoa.
É utilizada, em geral, nos
enredos caracterizados pela ação. Cada personagem revela sua personalidade e
suas motivações nos diálogos e, sobretudo, agindo. A utilização dessa maneira
de contar a história confere-lhe mais dinamismo. Como leitor, é a minha
preferida. Já como escritor... Sinto-me limitado e tenho dificuldades de
apresentar os protagonistas da forma exata como os imaginei.
Na segunda forma de narrar, o
escritor também assume o papel de personagem, contudo secundário. Não é, pois,
o principal protagonista. É uma espécie de testemunha da história, embora
envolvido nela. Participa dela, mas o foco não está sobre si. Embora a utilize,
não o faço com a mesma freqüência das outras duas.
E qual é a terceira? Confesso que
é a minha preferida. É a que tem o narrador como uma espécie de ser
sobrenatural, onipresente e onisciente, tanto que penetra até na mente dos
protagonistas e relata, em pormenores, ao leitor, até seus pensamentos e
sentimentos mais secretos e impenetráveis.
“Comanda”, portanto, os
participantes do enredo, como se estes fossem bonecos de marionetes, que só
agem quando manipulados através de cordões. Creio que é a forma de narrar que
dá mais conforto ao narrador. Permite-lhe escrever histórias mais densas, com
maior conteúdo, em que cada ação é justificada pela respectiva motivação.
Tem o inconveniente, porém, de
tornar os textos mais massudos, muito explicativos, do que muita gente não
gosta. O leitor menos atento, por exemplo, aquele que se preocupa basicamente
com a ação, em geral foge de livros que tenham esta forma de narrar.
Embora, reitero, eu prefira esta
terceira opção, tenho me utilizado de todas as três, de acordo com as
circunstâncias (e, claro, caprichos). Afinal, o enredo é meu, sai da minha
imaginação e me reservo, portanto, o direito de narrá-lo como melhor me
aprouver. E pago, evidentemente, o preço da minha escolha, caso não seja
habilidoso o suficiente para me utilizar de outros artifícios, não importa
quais, que prendam o leitor ao andamento da narrativa. Como faço isso? Esse é o
“pulo do gato” que a onça não pode saber!
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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