Tuesday, June 14, 2016

O erótico e o pornográfico

Pedro J. Bondaczuk

É muito sutil, sutilíssima a linha que separa o erótico do pornográfico. A diferença está mais na apreciação que o consumidor de arte faz do que propriamente na obra do artista. Ambos tratam das preliminares e do ato sexual. No primeiro caso, porém, o sexo é encarado como sublime manifestação de um amor total e irrestrito. Já no segundo... o que conta é o sexo pelo sexo, sem qualquer outra consideração.

Outra diferença está na linguagem artística empregada. Uma obra erótica, embora trate do coito e de suas preliminares, fá-lo com sutileza, delicadeza e bom-gosto. Já uma peça pornográfica não é nada sutil. É grosseira, direta, descritiva, não raro em linguagem chula e desrespeitosa. A primeira, é homenagem à mulher, encarada como inspiradora e destinatária dos melhores sentimentos masculinos (e vice-versa, claro). A segunda, degrada-a, banaliza-a, trata-a como mero objeto de satisfação dos instintos.

Como se vê, trata-se de um tema delicadíssimo para qualquer artista. Os talentosos, exploram-no com perícia e sensibilidade e produzem obras monumentais, quer sejam poemas, contos, romances, quer pinturas, fotografias, esculturas etc. Os desastrados... Só conseguem excitar sexualmente as pessoas, despertando seu “voyerismo”, o que, subconscientemente, é seu objetivo exclusivo.

Não se trata, todavia, como muitos acham, de questão de moral. Em arte não existem e jamais devem existir temas considerados tabus. Ademais, imoral não é a exibição de qualquer parte do corpo humano e nem do coito. Afinal este ato é o que redunda na nossa origem. O critério a ser considerado é exclusivamente o do bom-gosto.

Ademais, imoral, de verdade, é a miséria. É a violência que grassa por aí. É a corrupção em todas as suas manifestações. É a exploração do homem pelo homem. Queiram ou não os moralistas de plantão (que escondem “cadáveres” decompostos nos desvãos da alma) arte e moral são compartimentos distintos, estanques e hermeticamente separados. O erotismo é, portanto, e sempre será, um tema válido e desejável, a desafiar o talento, o bom-gosto e a competência dos mais refinados artistas.


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