O
erótico e o pornográfico
Pedro J. Bondaczuk
É muito sutil, sutilíssima a
linha que separa o erótico do pornográfico. A diferença está mais na apreciação
que o consumidor de arte faz do que propriamente na obra do artista. Ambos
tratam das preliminares e do ato sexual. No primeiro caso, porém, o sexo é
encarado como sublime manifestação de um amor total e irrestrito. Já no
segundo... o que conta é o sexo pelo sexo, sem qualquer outra consideração.
Outra diferença está na linguagem
artística empregada. Uma obra erótica, embora trate do coito e de suas
preliminares, fá-lo com sutileza, delicadeza e bom-gosto. Já uma peça
pornográfica não é nada sutil. É grosseira, direta, descritiva, não raro em
linguagem chula e desrespeitosa. A primeira, é homenagem à mulher, encarada
como inspiradora e destinatária dos melhores sentimentos masculinos (e
vice-versa, claro). A segunda, degrada-a, banaliza-a, trata-a como mero objeto
de satisfação dos instintos.
Como se vê, trata-se de um tema
delicadíssimo para qualquer artista. Os talentosos, exploram-no com perícia e
sensibilidade e produzem obras monumentais, quer sejam poemas, contos,
romances, quer pinturas, fotografias, esculturas etc. Os desastrados... Só
conseguem excitar sexualmente as pessoas, despertando seu “voyerismo”, o que,
subconscientemente, é seu objetivo exclusivo.
Não se trata, todavia, como
muitos acham, de questão de moral. Em arte não existem e jamais devem existir
temas considerados tabus. Ademais, imoral não é a exibição de qualquer parte do
corpo humano e nem do coito. Afinal este ato é o que redunda na nossa origem. O
critério a ser considerado é exclusivamente o do bom-gosto.
Ademais, imoral, de verdade, é a
miséria. É a violência que grassa por aí. É a corrupção em todas as suas
manifestações. É a exploração do homem pelo homem. Queiram ou não os moralistas
de plantão (que escondem “cadáveres” decompostos nos desvãos da alma) arte e
moral são compartimentos distintos, estanques e hermeticamente separados. O
erotismo é, portanto, e sempre será, um tema válido e desejável, a desafiar o
talento, o bom-gosto e a competência dos mais refinados artistas.
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