Kennedy tomado como modelo
Pedro J.
Bondaczuk
O virtual candidato democrata às eleições presidenciais
norte-americanas de 8 de novembro próximo, Michael Dukakis, não esconde de
ninguém que tem tomado a figura do ex-presidente John Fitzgerald Kennedy como
protótipo da sua vida pública. Aliás, procede do mesmo Estado dele,
Massachusetts, além de ser também bastante jovem e de ter muitos dos ideais
(inacabados) do político que lhe serve de modelo.
A sua escolha do homem que vai
ser o seu companheiro de chapa, o senador Lloyd Bentsen, ficou, portanto,
dentro de uma linha de total coerência. O parlamentar indicado, afinal, é um
texano, como havia sido o general Lyndon Johnson, em 1960. Aliás, há várias
outras coincidências entre esses dois pleitos presidenciais.
Por exemplo, o presidente, há 28
anos, era um outro republicano, dotado de um grande carisma e que estava
impedido de disputar a terceira reeleição por causa de um dispositivo
constitucional que proíbe isso: o general Dwight David Eisenhower.
O atual, do mesmo partido,
calcado no mesmo motivo de Ike, que durante a Segunda Guerra Mundial foi o
comandante máximo das forças aliadas na Europa, é admirado pela população
norte-americana pela sua brilhante carreira política e pelas suas firmes
convicções. Ambos (o mandatário do passado e o do presente) caracterizam-se
pela avançada idade.
Eisenhower, nas eleições de 1960,
queria eleger o seu vice-presidente, Richard Nixon, que se celebrizaria anos
depois por causa do escândalo “Watergate”. Reagan, igualmente, o quer, na
figura do texano Geoge Bush. E as coincidências entre John Kennedy e Michael
Dukakis podem ser desfiadas longamente.
Mas a escolha de Bentsen, certamente, não se baseou em
nenhuma superstição. É parte de uma inteligente estratégia democrata para a
conquista de votos dos conservadores do Sul dos Estados Unidos. O candidato
republicano, doravante, terá que ficar na defensiva em seus próprios redutos, o
Texas, o que, certamente, poderá se constituir em mais um obstáculo para que
concretize o seu sonho de chegar à Casa Branca. Isto sem citar os vários
escândalos da administração Reagan que certamente recairão sobre ele. Como o
caso “Irã-contras”, que estará mais em evidência do que nunca no auge da
campanha, já que o seu principal pivô, o ex-tenente-coronel Oliver North,
começará a ser julgado por um tribunal federal nessa ocasião, a partir de 20 de
setembro próximo.
Mas não será somente isso. Virão
à tona as denúncias de corrupção no Pentágono, o tráfico de influência no
Departamento de Justiça e outras questões menores, mas nem por isso menos
desgastantes para a imagem de uma gestão a que o atual vice serviu e está
servindo. Por isso, Dukakis acredita poder repetir o seu ídolo, John Kennedy, e
obter uma consagradora vitória em 8 de novembro. Pode até acontecer.
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 13
de julho de 1988).
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