Pedro J. Bondaczuk
As similaridades entre João Batista e Jesus, e a principal diferença de ambos, representadas pelas respectivas missões, continuam sendo relatadas por São Lucas, mesmo após os respectivos nascimentos, com a apresentação dos dois recém-nascidos no Templo de Jerusalém. Nas duas ocasiões, pessoas profetizaram, definindo, com meridiana clareza, os respectivos papéis espirituais. No primeiro caso, foi o próprio pai, Zacarias, que recuperou a fala que havia perdido para impedir que a instrução do anjo da anunciação deixasse de ser cumprida, já que queriam dar ao filho seu próprio nome.
Já no caso de Jesus, foi uma anciã, chamada Ana, tão idosa que já estava viúva há 84 anos, após ter sido casada por sete (era, portanto, centenária) a responsável por uma profecia sobre o Filho de Deus. Aliás, foram dois a profetizar: ela e também Simeão, um homem justo, que há muito aguardava a vinda do Messias, e que, subitamente, revelou o dom de prever acontecimentos futuros.
No caso de João Batista, Zacarias profetizou, como relata São Lucas: “Louvai ao Senhor, o Deus de Israel, porque Ele veio visitar e libertar o seu povo. Ele nos está mandando um poderoso salvador da família real de seu servo Davi, tal como tinha prometido por meio dos seus santos profetas há muito tempo. Alguém para nos livrar dos nossos inimigos, de todos os que nos odeiam. Ele foi misericordioso com nossos antepassados, sim, com o próprio Abrahão, recordando-se da sagrada promessa feita a ele e concedendo-nos o privilégio de servir a Deus livres do medo, libertos dos nossos inimigos, fazendo-nos santos e aceitáveis, prontos para estar na Sua presença para sempre.
E você, meu filhinho, será chamado profeta do glorioso Deus, porque preparará o caminho para o Messias. Você dirá ao seu povo como encontrar a salvação por meio do perdão dos pecados que praticam. Tudo isso será porque a misericórdia do nosso Deus é muito bondosa e a aurora celestial logo vai raiar sobre nós, para dar luz àqueles que se acham na escuridão e na sombra da morte e para guiar-nos pelo caminho da paz”.
Quando Jesus foi levado ao Templo, quarenta dias após seu nascimento, o Espírito Santo manifestou-se por meio das duas pessoas idosas mencionadas, de acordo com o relato de São Lucas: “Naquele dia um homem chamado Simeão, morador de Jerusalém, estava no Templo. Ele era um homem bom, muito devoto, cheio de Espírito Santo, e vivia esperando que o Messias viesse em breve. Pois o Espírito Santo lhe havia revelado que ele não morreria enquanto não visse o Cristo prometido por Deus. O Espírito Santo o impulsionou a ir ao Templo naquele dia; então quando Maria e José chegaram para apresentar o menino Jesus ao Senhor, em obediência à lei, Simeão estava lá e tomou a criança nos braços, louvando a Deus.
Senhor, disse ele, agora eu posso morrer em paz! Pois eu O vi, como o Senhor me prometeu que eu veria. Eu vi o Salvador que o Senhor prometeu dar ao mundo. Ele é a luz que dará iluminação espiritual às nações, e será a gloria do seu povo Israel”.
Aqui a missão de Cristo é definida sem ambigüidades pelo evangelista, prevendo o que se verifica hoje, quando milhões de pessoas depositam sua fé e suas esperanças em Jesus. Mas, a seguir, deu algumas indicações do futuro que o aguardava, em virtude das contradições inerentes à complexa natureza humana: “Simeão os abençoou, mas disse depois a Maria: Uma espada atravessará a sua alma, porque esta criatura será rejeitada por muitos em Israel, e isto para a própria destruição deles. Ele será motivo de contradição, mas uma grande alegria para os outros. E os pensamentos mais profundos de muitos corações serão revelados”.
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