Pedro J. Bondaczuk
Após o nascimento de Jesus, em Belém, a anunciação da sua vinda voltaria a ser feita. Desta vez, porém, não mais à Sagrada Família, é evidente, mas aos homens, para quem essa dádiva divina era destinada. Um coro angelical, de conformidade com o relato do evangelista Lucas, expressou, na oportunidade, seu júbilo, juntando-se a um primeiro anjo, que dera a boa nova a alguns pastores que estavam nos campos, tomando conta de ovelhas.
Destaque-se que esta passagem bíblica, como tantas outras do Novo Testamento, tem sido contestada por alguns e utilizada por outros para demonstrar que Jesus não teria nascido na data em que o Natal é comemorado. Argumentam (e com fundamento), que 25 de dezembro é época de inverno no Oriente Médio. Por este motivo, os pastores não poderiam estar apascentando aqueles animais nos campos, numa noite gélida e possivelmente com neve.
Frise-se que o objetivo dos evangelistas nunca foi o de fazer um registro histórico do nascimento do Messias, mas ressaltar seu caráter espiritual, como início de um processo de redenção da humanidade, culminando com a crucificação, 33 anos mais tarde. Portanto, os anjos da passagem bíblica não devem ser tomados em sentido literal e nem se deve fazer qualquer confrontação com a cronologia da História.
O que vale é a interpretação dada por homens movidos por intensa fé a um acontecimento real, cuja narrativa ouviram da boca de testemunhas e que explicaram para a posteridade, ressaltando, sobretudo, o seu transcendental significado, relacionando-o com várias profecias sobre a vinda do Messias.
A respeito dessa anunciação pós-nascimento São Lucas escreveu, no capítulo 2, versículos de 8 a 20:
“Naquela noite alguns pastores estavam nos campos, guardando seus rebanhos de ovelhas. De repente, um anjo apareceu entre eles e ficaram cercados do brilho da glória do Senhor. Eles ficaram muito atemorizados, mas o anjo os acalmou. ‘Não tenham medo’, disse ele. ‘Eu lhes trago a notícia mais alegre que já se deu e isso é para todo o mundo! O Salvador – sim, o Messias, o Senhor – nasceu esta noite em Belém! Como vocês vão reconhecê-lo? Vocês encontrarão uma criancinha, enrolada num cobertor, deitada numa manjedoura’.
De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de outros anjos – o exército celestial – louvando a Deus.
‘Glória a Deus nas alturas’, cantavam eles, ‘e paz na terra aos homens de boa vontade’.
Quando os anjos voltaram para os céus, os pastores disseram uns aos outros: ‘Vamos! Vamos a Belém! Vamos ver esta coisa maravilhosa que aconteceu, a respeito da qual o Senhor nos falou’”.
Eles correram à aldeia, encontraram Maria e José, e lá estava a criancinha, deitada na manjedoura. Os pastores falavam a todo o mundo o que havia acontecido e o que o anjo lhes havia dito a respeito daquela criança. Todos os que ouviam a história dos pastores mostravam admiração. Porém Maria, tranquilamente, guardava estas coisas em seu coração e muitas vezes pensava nelas.
Então os pastores voltaram aos seus campos e rebanhos, glorificando e louvando a Deus pela visita do anjo e porque tinham visto a criança, assim como o anjo havia dito.
Se o nascimento ocorreu ou não no dia 25 de dezembro, portanto, é irrelevante. O que merece destaque é o fato que a natalidade foi testemunhada por pastores, que se fizeram presentes na humilde estrebaria em que o caso aconteceu. E eles testemunharam que Cristo veio, realmente, ao mundo, e despojado de qualquer pompa, riqueza e conforto material, como havia sido predito, para demonstrar que os bens terrestres são meros detalhes supérfluos e que nada valem, intrinsecamente.
Outro aspecto a destacar é que os primeiros a tomarem ciência da boa nova, foram pessoas carentes, humildes e marginalizadas numa sociedade acostumada a luxos e prazeres banais e que, por isso mesmo, foram escolhidas para serem precursoras de uma nova ordem, em que os valores do espírito e da razão ganham sua real e majestosa importância.
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