Tuesday, December 04, 2012

As várias facetas de um multimídia

Pedro J. Bondaczuk

Há tempos estou com um livro novo, lançado em julho de 2012, em minha mesa de trabalho, à espera de um comentário e nada dele sair. Não se trata de omissão da minha parte e nem de desorganização – minha agenda é organizadíssima por sinal – mas deve-se ao fato de eu não ter conseguido ainda expressar com fidelidade a impressão que a obra em questão me causou.

Foi positiva? A resposta merece um superlativo, recurso do qual meu temperamento apaixonado me leva a recorrer com freqüência até maior do que a desejável ou do que manda a prudência. Mas no caso, esse reforço é mais do que cabível: impõe-se. A impressão causada é positivíssima!

A essa altura, o leitor encafifado deve estar imaginando: “Caramba, se o livro foi lido, se agradou por completo e se esse sujeito é useiro e vezeiro em analisar lançamentos, sobretudo os que aprecia, qual a razão de não o haver comentado ainda?” Talvez acrescente, ainda, e provavelmente acompanhado por um muxoxo de depreciação: “Qual a razão desse vacilo, se ele alega que não é por má vontade e nem por falta de tempo?”. E o mais provável ainda é que arremate sua observação exclamando, “que cara complicado!”, quando não algo mais contundente e até impublicável.

Talvez fique mais admirado ainda (ou indignado) quando souber que escrevi o prefácio desse livro. E olhem que sou enjoado para isso. Só prefacio o que realmente gosto e uso o mesmo critério para comentar qualquer obra, lançamento recente ou não. Jamais depreciei o trabalho de qualquer escritor e, estejam certos, nunca farei isso. Sei o quanto custa esse solitário trabalho de criação (e como sei!), das angústias, das inseguranças, dos anseios e das esperanças de quem o faz.

Talvez esclareça um pouco a razão da minha dificuldade mencionando de qual livro se trata, após este exagerado “nariz de cera” de que me utilizei. Trata-se de “Balbúrdia literária”, da Editora AGBooks de São Paulo. Isso ainda não sugeriu nada? É porque, talvez, vocês ainda não leram a obra. Comprem-na! Leiam-na e me entenderão. Ah, não citei ainda o autor? É um dos escritores mais criativos que conheço, além de colega de profissão, posto que muitos (e põe muitos nisso!) degraus acima do meu: José Paulo Lanyi.

E onde estão as dificuldades? Estão, justamente, na excelência do livro e na projeção intelectual do autor, um dos ícones do jornalismo na atualidade. Escrever sobre ambos, em um único texto, seria não valorizar devidamente os dois. Por isso, o farei, mas em vários e asseguro que não serei repetitivo. Não se trata de não ter poder de síntese. Trata-se da preocupação de informar condignamente o leitor, sem omitir detalhes relevantes.

Vocês acham que exagero? Longe disso. Estou me referindo a um intelectual multitarefa, a um típico multimídia, com obra de considerável peso e em várias áreas. Tanto que seu currículo e sua trajetória constam da prestigiosa enciclopédia eletrônica Wikipédia o que, creiam, não é para qualquer um. E olhem que sequer abordei ainda o fator sentimental, que para mim é o de maior relevância, ou seja, o fato dele ser meu amigo.

Respondam-me honestamente: dá para escrever pouco, por maior que seja o poder de síntese do redator, sobre uma pessoa que é, simultaneamente, escritor, cineasta, jornalista, crítico, dramaturgo, ator e compositor? É possível resumir qualquer coisa, sem perder conteúdo, de alguém que, antes de “Balbúrdia Literária” já havia lançado outros seis livros, três dos quais voltados à crítica do jornalismo? E olhem que nem estou falando da sua brilhante atuação em outras mídias, como suas passagens pelas TVs Globo, Bandeirantes, Manchete, CNT e AllTV ou pelas rádios CBN, Globo e Radiobrás. E nem mencionei ainda sua performance no “Comunique-se”, onde, entre tantas realizações, está a criação do Literário, ao qual me limito, tão somente, a buscar dar continuidade. E não falei nada da sua atuação no cinema, no teatro e na MPB, como inspirado compositor.

Claro que terei que escrever mais textos, vários deles, para registrar essa brilhante atuação pública. Sobre sua função específica de escritor, reproduzo, por enquanto, o que escrevi no prefácio do “Balbúrdia literária”, que reitero, sem tirar e nem pôr: “Posso falar a cavaleiro, dos seus textos literários, pois tive o privilégio e a honra de ser, por três anos consecutivos, seu editor. Não é coisa para qualquer um. Li, atentamente, e antes de qualquer leitor, suas crônicas, poemas, trechos de romance e textos de teatro. Constatei que ele transita com a mesma naturalidade e, o que é mais raro, originalidade, por todos os gêneros literários. Vocês poderão constatar por si próprios, ao longo das próximas páginas e ver que não estou exagerando. E não estou mesmo”. Confiram, adquirindo o livro.



Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk

No comments: