Monday, December 31, 2012

Ninguém conhece a verdadeira extensão de suas potencialidades. Somos capazes de fazer (e de pensar) muito mais do que imaginamos. Quantas vezes, quando desafiados por problemas que pareciam muito superiores à nossa capacidade mental ou força física, nos surpreendemos saindo da enrascada, pelo simples fato de havermos tentado?! Não há quem não tenha passado por alguma experiência do tipo. Por isso, concordo com Robert Jungk, quando afirma: “Para mim, a grande fronteira do futuro não é o espaço – é o homem, o qual desenvolveu só uma pequena parte de suas capacidades”. Os cientistas concluíram que o maior dos gênios não utiliza, ao longo de toda a sua vida, nem 10% da sua capacidade mental. Imagine as maravilhas que o ser humano poderá realizar quando desenvolver, já não digo a totalidade, mas 50% desse imenso potencial! Claro, se voltá-lo para o bem, para ações construtivas e destinadas ao bem comum.

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Anote e Confira

CÂMERA ABERTA
Numa quinta-feira de programação fraca, a ordem é se informar um pouco mais acerca da realidade brasileira. E, nesse aspecto, o programa “Câmera Aberta”, da TV Cultura, é uma opção ideal. Para hoje está programado um documentário intitulado “A Minha Escola”, que é uma reportagem sobre a construção de unidades escolares através dos próprios interessados nesse benefício: a população. A tese levantada pela matéria (muito válida, por sinal) é que a comunidade estando comprometida num empreendimento dessa natureza ajudará a reduzir os índices alarmantes de depredações em prédios de escolas, fenômeno que vem crescendo muito em São Paulo. Roteiro, produção e direção de Vera Roquete Pinto. O programa vai ao ar às 21 horas.

(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, “TEVÊ”, do Correio Popular, em 12 de julho de 1984).

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Apresentação de um mito

Pedro J. Bondaczuk

Retorno ao meu bloco de anotações, em que registro fatos pitorescos, quando não bizarros, das várias biografias que leio. Faço-o com satisfação redobrada depois de receber vários e-mails de leitores solicitando que não interrompa esse tipo de reflexão. Alguns disseram que se divertem com determinados episódios que narro. Também me divirto em escrevê-los. Outros afirmaram que meus comentários, não raro polêmicos, lhes suscitam meditações, mesmo que não concordem com algumas de minhas opiniões. Ótimo! “Toda unanimidade é burra!” Outros, ainda, escreveram que o mérito desses meus textos é o conteúdo informativo. Trata-se da mania de jornalista que ainda não perdi.

Como o pedido de um só leitor (e quanto mais de dezenas deles) é uma ordem, proponho-me a prosseguir nessa vertente temática. Houve quem me questionasse se li, mesmo, tantas biografias, como tenho afirmado ou insinuado. A resposta é: sim! Esclareço, no entanto, que essas leituras não são “todas” atuais (nem poderiam ser). Algumas datam de uma semana ou duas. Várias delas, contudo, foram feitas há cerca de vinte anos, por exemplo. Essa é a vantagem do escritor ser organizado e manter arquivos sempre atualizados. Os meus estão rigorosamente em dia.

O personagem que escolhi para abordar nos próximos dias é uma espécie de símbolo da França, um tipo de herói nacional. Não se trata, todavia, de nenhum general, embora tenha sido filho de um deles. Não é, pois, Napoleão Bonaparte, nem Ney, nem Charles De Gaule ou qualquer outro militar famoso. Não é, também, nenhum cientista, como Louis Pasteur ou Pierre Curie, por exemplo. E nem pintor, do porte de Auguste Renoir, Jean-Baptiste Camile Corot, Georges Braque, Matisse ou Tolouse Lautrec.

O respeito e veneração dos franceses por essa figura carismática ficou mais do que evidenciado em 1985, quando do centenário de sua morte, oportunidade em que a França lhe rendeu toda a sorte de tributos. Na ocasião, escrevi longo ensaio a respeito, que tive a honra e o privilégio de publicar no jornal Correio Popular de Campinas, no qual então trabalhava, na edição de 22 de setembro daquele ano.

Nosso personagem é um escritor, que pode (e deve) ser considerado clássico da riquíssima literatura francesa, com tantos e ilustres expoentes do porte de Voltaire, Montesquieu, Balzac, Moliére, Rostand, Dumas (pai e filho), Júlio Verne, Valéry, Verlaine, Marcel Proust, André Gide, Jean-Paul Sartre, Albert Camus e vai por aí afora. Nos últimos anos, escrevi muito a seu respeito. Pudera! Um dos ensaios em que analiso uma de suas obras, um romance célebre e polêmico, integra meu livro (inédito, “ainda”), “Dimensões Infinitas”, obra que me deu imensa satisfação ao escrevê-la.

Como dá, pois, para o leitor sagaz deduzir (certamente já chegou a essa óbvia conclusão), é um mestre das letras pelo qual tenho enorme apreço. E tenho de fato.Trata-se do poeta e romancista (e também político, já que foi senador) Victor Marie Hugo. Seu genial talento cativou de tal sorte os franceses (e não apenas os amantes de literatura), que sua morte, ocorrida em 22 de maio de 1885, causou comoção nacional naquele país. Em seu funeral, concorridíssimo, houve uma das maiores manifestações populares de apreço já tributadas a alguém em toda a Europa.

Seu sepultamento, e todas as cerimônias que o envolveram, foi organizado e bancado pelo Estado francês, atitude inédita, principalmente em se tratando de um homem que não presidiu o país, não comandou exércitos, não venceu batalhas militares, não conquistou territórios e não exerceu, portanto, o poder. Os únicos “soldados” que comandou foram batalhões de editores, às voltas com a impressão e circulação de seus livros. As “batalhas” que travou, porém, foram tão importantes, ou mais, do que a dos generais. Foram contra a intolerância, o preconceito, a discriminação e a ignorância. Homens assim são preciosos e insubstituíveis, por serem raros.

O território que agregou ao patrimônio nacional francês foi o da liberdade e o do culto às tradições que mantêm coesas as sociedades. Hugo foi um homem de idéias. Foi um intelectual cujo poder estava em uma mente sumamente lúcida e esclarecida, em um domínio técnico da palavra raramente visto na literatura e fora dela e em um estilo candente, apaixonado e que, em determinadas ocasiões, chegava a descambar para o panfletário (quando isso se fazia necessário). Muitos críticos arrogantes torcem-lhe o nariz. Da minha parte, sou apaixonado por sua forma peculiar de escrever. E os franceses (creio que em sua maioria) também o eram e são.

Seu gênio foi tamanho, que o reconhecimento que a França lhe tributou foi quase unânime. Claro, houve uma ou outra voz discordante, que logo acabou calada, por temor do ridículo. Seus restos mortais (em louvável e rara atitude em se tratando de um escritor) foram sepultados no Panteon, onde permanecem até hoje, junto com os dos heróis da pátria;

Para fazer-lhe justiça, deve-se ressaltar que, além de poeta e romancista, Hugo foi, também, novelista, ensaísta, dramaturgo, estadista e, notadamente, um dos mais dinâmicos ativistas dos direitos humanos da França. Claro que em diversas oportunidades, após sua morte, houve tentativas de adversários e inimigos gratuitos (e todo grande homem os têm) de negar sua preciosa contribuição à cultura, não apenas francesa, mas humana.

Sua vasta obra foi vasculhada, com o objetivo único de se descobrirem falhas e contradições, por parte de alguns espíritos tacanhos e provavelmente invejosos, hoje mergulhados no absoluto (e merecido) anonimato. Mas... Víctor Hugo passou, e com louvor, nesse antipático e inútil exame “post morte”. Por que? Porque sua vida e sua obra credenciaram-no a se tornar mais do que mero escritor ou ativista político: em um inesquecível e inatacável mito. Voltarei, certamente, ao assunto.

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Sunday, December 30, 2012

Devemos lutar a vida toda, até o último segundo da existência, por causas coletivas, que engrandeçam a coletividade, a espécie, a própria humanidade. As pessoas imprescindíveis são as que, ao morrer, deixam sua tarefa inconclusa. Mas não porque não se empenharam no seu cumprimento, e desperdiçaram o tempo em tolices, lazer ou “descanso”. Para descansar teremos a eternidade. São as que deixaram a tarefa inconclusa pela sua dimensão, por ser maior do que a própria vida. Li, há muitos anos, um pensamento de Berthold Brecht, que coloquei num quadro, em frente à minha escrivaninha de trabalho, que diz: “Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são muito bons. Há homens que lutam muitos anos e são melhores. Mas há os que lutam toda a vida: esses são imprescindíveis”. Em qual dessas categorias iremos nos inserir? Na última? Na primeira? Em nenhuma?

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Mídia desperta para drama milenar

Pedro J. Bondaczuk

Os curdos, que receberam este nome somente após o século VII da nossa era, depois que se converteram à fé muçulmana, lutam por uma pátria não apenas há séculos, mas há três milênios. A etnia foi mencionada por um historiador grego já no ano de 420 antes de Cristo.

A comunidade está espalhada por todo o mundo, embora o grosso dos seus membros se concentre em cinco países, onde chegam a 28 milhões de pessoas: Turquia (12 milhões), Iraque (5 milhões), Irã (3 milhões), Síria (500 mil) e União Soviética (7,5 milhões).

Durante todo este tempo, esse povo sempre vagou pela Mesopotâmia e pelas regiões montanhosas, em especial na fronteira turco-iraquiana, sem despertar grandes atenções mundiais para a sua luta. Agora, mais uma vez, os curdos estão no centro do palco dos acontecimentos internacionais, mas como subprodutos da guerra do Golfo Pérsico.

Sua situação está despertando piedade, porque a atual perseguição é movida por Saddam Hussein, talvez o homem mais odiado da atualidade, no Ocidente. Isto não quer dizer, todavia, que este seja o maior genocídio já praticado contra eles no correr de sua longa e acidentada história.

A diferença é que, agora, a mídia internacional resolveu prestar atenção nas aflições dessa comunidade. A pergunta que se faz é: até quando? Até novos dramas serem produzidos, para saciar a necessidade de notícias dos meios de comunicação? Até que os curdos, finalmente, obtenham a pátria pela qual vêm lutando há pelo menos três milênios?

Esta última hipótese já está, a priori, descartada. Os Estados Unidos fecharam questão quanto à integridade territorial iraquiana, de olho numa futura queda de Saddam Hussein. O presidente do Iraque acaba de conceder autonomia ao Curdistão. Mas tal decisão, agora, será para valer ou repetirá outra, tomada pelo mesmo regime do Partido Baath, em 1970, que caiu, simplesmente, no esquecimento?

Não estaria, agora, o “carniceiro de Bagdá” agindo como o Ocidente? Seu objetivo atual não seria o de conquistar a simpatia da opinião pública, depois de ter desgastado a imagem inclusive com seus raros e esparsos aliados do tempo da guerra?

Teme-se que a resposta a todas estas perguntas seja uma só, e positiva. Ou seja, que mais uma vez, assim que os ânimos do conflito esfriarem, esse povo voltará a cair no esquecimento, enxotado, de um lado para outro, sem uma pátria segura onde cultivar sua cultura riquíssima e suas milenares tradições.

(Artigo publicado na página 44, Especial, do Correio Popular, em 25 de abril de 1991)

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Acusações devastadoras

Pedro J. Bondaczuk

O escritor norte-americano Gary Schwartz, naturalizado holandês, traçou, em seu livro “Rembrandt: sua vida e sua pintura”, um perfil nada favorável ao reverenciado mestre do “claro-escuro”. Aliás, faz revelações devastadoras sobre a personalidade e a conduta pessoal do artista, com base em documentos que colheu após meticulosa pesquisa. De acordo com esse biógrafo, seu personagem foi um sujeito antipático, arrogante, mal humorado e de difícil trato.

Afirma que o pintor trapaceava nos negócios, armava monumentais e desnecessárias polêmicas (como a que manteve com seu cliente de Messina, na Sicília, Antonio Ruffo, a propósito de alegado defeito em um quadro que esse nobre italiano encomendou e que Rembrandt se recusou a admitir e a reparar) e, não raro, não era muito chegado em pagar as contas. Chega a declarar, explicitamente, que o artista era tido e havido como caloteiro. Por causa desse comportamento, de acordo com o biógrafo, embora o pintor contasse com inúmeros admiradores do seu inegável talento, não tinha nenhum amigo.

É impossível afirmar (ou desmentir) que todas essas informações, ou mesmo algumas delas, são verdadeiras ou se não passam de intrigas dos contemporâneos do artista, passado tanto tempo (séculos) de sua vida e de sua morte. Pessoas que não esbanjam simpatia, via de regra, são mais suscetíveis a serem alvos de maledicências, por motivo óbvio. Atribuem-se-lhes, quase sempre, inúmeros defeitos que sequer têm, além dos que são verdadeiros. Não estou afirmando isso em relação a Rembrandt e nem dizendo que foi um santo homem. Só estou levantando uma hipótese, bastante plausível, até com base na lógica.

Schwartz destaca que a fase de ouro do pintor foi a época em que permaneceu casado com Saskia, a primeira mulher. Afirma que nesse período o pintor “nadava” em dinheiro. Mas enfatiza que gastava a rodo tudo o que ganhava com a venda dos seus quadros (cujos preços cobrados seriam exagerados, exorbitantes) com futilidades. E quais seriam esses gastos supérfluos? O biógrafo não esclarece. Não poderiam ser, óbvio, carrões de luxo, importados, do último tipo, pois o automóvel sequer havia sido inventado. Festas também não eram, pois não tinha amigos. Bebidas? É improvável, pois não consta que Rembrandt fosse dado ao alcoolismo. É, pois, uma informação sumamente vaga, subjetiva, e que favorece todo o tipo de interpretação com base na pura imaginação.

Schwartz ainda afirma que Rembrandt não tinha o mínimo senso de economia e não aplicava seu dinheiro em nada que lhe assegurasse a menor segurança financeira no futuro. Ou seja, que esbanjava, como um doido, o fruto do seu mágico pincel (na verdade, do seu enorme talento). Entre os documentos descobertos por Schwartz, para escrever as devastadoras 380 páginas do seu livro, há o de uma cobrança judicial de uma modesta dívida do escritor que, claro, não foi honrada, ação esta movida 16 anos após o débito ser contraído. Conforme o implacável biógrafo (Deus me livre desse sujeito cismar de escrever minha biografia!), essa mesma desonestidade de Rembrandt nos negócios ele replicava na venda dos seus quadros.

Esse aspecto, outros que trataram da vida do pintor também destacaram. Presumo, pois, que o artista quase nunca cobrava, por suas telas, gravuras e desenhos, preços que havia anteriormente combinado. E daí, o que isso quer dizer? Nada! A valorização de um objeto ou de serviço prestado raramente é consensual. Quem vende, ou executa algum trabalho, em geral acha que está cobrando pouco. Já quem compra... sempre entende que o preço é exorbitante e que deveria pagar muito menos. E isso mesmo quando este é combinado previamente. Enfim...

Schwartz cita que um retrato, pintado por Rembrandt, custava 500 florins, importância considerada alta ainda nos dias de hoje. . Na época, essa quantia era suficiente para se comprar uma boa casa em qualquer cidade holandesa. Ou equivaleria aos salários de alguns anos de um operário de remuneração modesta. Essa informação me suscita uma pergunta: se Rembrandt cobrava tão caro por suas produções artísticas, por que tinha tantos clientes, que o assediavam o tempo todo, para que os retratasse? Porque sua obra era de qualidade. Porque o “bom e barato” existe, apenas, na cabeça dos ingênuos e dos que querem levar vantagem em tudo.

Outra denúncia que Schwartz faz ao pintor, com base nos documentos que reuniu, é que muitos dos seus quadros eram entregues aos clientes inacabados, incompletos, ou com ostensivas falhas técnicas, que ele, arrogantemente, se recusava a reparar e cujo pagamento exigia assim mesmo, sob pena de acionar quem os encomendava na justiça. O implacável biógrafo chega a contestar, até mesmo, não apenas a “genialidade” de Rembrandt, mas sua competência. Escreve, em determinado trecho da sua biografia: “Eu creio que nossas avaliações acerca da sua obra mudarão e que perceberemos que alguns contemporâneos de Rembrandt produziram obras de arte de mais criatividade e qualidade do que ele. Contrariamente à crença popular ele não foi nada revolucionário no caminho escolhido para retratar seus personagens. Seguiu um caminho convencional, embora escorado num alto padrão”.

De acordo com Schwartz, até mesmo a esposa Saskia conheceu bem o lado obscuro, nada confiável, infiel e pouco conhecido hoje em dia da personalidade do escritor. Por que? Porque Rembrandt teria vivido tórrido “affair sexual”, um caso romântico, por anos a fio, com a criada da casa, Hendricke Stuffeis, e sob o mesmo teto da esposa. Seria nessa época, de “completa decadência moral”, que lhe teria sobrevindo a adversidade, a falência e a miséria. E nesse momento tétrico da sua vida, não teve a ajuda de ninguém. Acabou morrendo na pobreza, em 1669, em Amsterdam.

Se eu tivesse a oportunidade de conversar, cara a cara, com Schwartz, lhe faria uma sugestão (de “amigo da onça”): “Tente convencer, com seus argumentos, os multimilionários colecionadores das hiper-valorizadas telas de Rembrandt, que elas não valem tanto quanto se pensa. Convença disso os curadores dos mais importantes museus do mundo que expõem seus quadros”. Ora, ora, ora, cidadão, vá plantar batata!! Tenha a santa paciência!!!

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Saturday, December 29, 2012

A cada dia que passa, torna-se mais difícil passarmos, às novas gerações, princípios de grandeza, beleza, transcendência e sabedoria. Os jovens não se convencem apenas com palavras. Por isso, é muito importante que tenhamos a capacidade de trazê-los para o terreno abstrato, mas racional, das idéias e dos valores, mas tendo em mente que eles detestam sermões e ridicularizam posturas falsamente moralistas. Devemos, isto sim, conduzi-los sem que sequer percebam, com inteligência e respeito, mediante o expediente da sugestão. O sociólogo Konrad Lorenz faz uma indagação bastante pertinente a propósito: “Como despertar num adolescente o sentimento de respeito, se tudo o que ele vê ao seu redor é obra humana, feia e banal?”. O caminho é mostrar-lhe a beleza e a transcendência da natureza, e o poder das grandes idéias, aquelas que, de fato, movem o mundo. Diálogo, é o segredo. Diálogo paciente e inteligente.

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Enfim um político realista

Pedro J. Bondaczuk

O pragmatismo do novo presidente iraniano, Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, fazendo um discurso bastante realista e sobretudo revelador, tende, em pouco tempo, a amainar as tensões nesta parte tão estratégica do mundo, a "jugular do petróleo" do Ocidente, que é o Golfo Pérsico.

O reflexo de sua ação moderada, certamente, se fará sentir também no Oriente Médio, mais especificamente no Líbano, onde há cerca de dois mil guardas revolucionários do Irã treinando e lutando ao lado dos xiitas desse país e existem vários grupos que seguem a orientação política de Teerã. Afinal, foi ele que, logo após ter assumido a chefia das Forças Armadas da República Islâmica, recomendou a aceitação do cessar-fogo com o Iraque, sendo um dos primeiros líderes de sua nação a perceber que tal conflito era uma guerra destinada a não ter vencedores.

Muitos podem argumentar que suas promessas de reconstrução nacional, de aumento da produtividade interna e do combate à miséria existente atualmente no Irã terão um sério obstáculo nos membros radicais existentes no governo, em especial no Legislativo, onde o seu sucessor na presidência do Parlamento, Mehdi Karubi, é notoriamente desse tendência e sobretudo anti-ocidental.

Convém destacar, no entanto, o extraordinário "jogo de cintura" de Rafsanjani, que lhe garantiu a sobrevivência política (e inclusive física) nos anos do período de maior fervor revolucionário. E não somente isso. Mesmo fiel às suas posições, o novo presidente iraniano conseguiu progredir na carreira, conquistar as boas graças do falecido mentor da Revolução Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini, e de quebra, obter uma ampla reforma constitucional, aprovada em plebiscito realizado simultaneamente à eleição presidencial de 28 de julho passado, que tirou o caráter meramente decorativo do cargo que ele passa a exercer, para o tornar o de maior preponderância.

Questões como a dos reféns ocidentais no Líbano, certamente merecerão prioridade de sua parte, até porque o país precisa do beneplácito ocidental para obter dinheiro que financie a sua reconstrução. O que não se pode (e não se deve) é esperar soluções miraculosas. Este processo deverá se arrastar ainda por algum tempo, pois Rafsanjani , certamente, precisará vencer resistências dos radicais.

Além disso, prático como é, com toda a certeza vai tentar barganhar com os Estados Unidos, numa base que não dê ao mundo a impressão de que a superpotência do Ocidente estaria pagando algum eventual resgate pelos cativos. Mas a ascensão de um homem equilibrado, desse porte, à presidência iraniana, é um prenúncio de tranqüilidade para todo o mundo após anos de agitação no Golfo Pérsico.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 18 de agosto de 1989).

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Desnudando o mito

Pedro J. Bondaczuk

A sabedoria popular cunhou uma expressão, constante, inclusive, da letra de famosa composição da MPB interpretada pelo saudoso Ataúlfo Alves, que diz: “morre o homem, fica a fama”. Ela pode (na verdade, deve) nos servir de alerta para que não venhamos a cometer deslizes de conduta, principalmente se formos figuras públicas, com certa projeção. Não raro alguma tolice da juventude, que julgávamos que seria esquecida, vem à tona, anos depois, e às vezes mancha nossa reputação, construída com ingentes sacrifícios. Pior, ainda, quando isso ocorre após nossa morte, quando não podemos nos defender e, claro, nos justificar.

Tenho muita cautela, pois, quando trato de biografias e dou de cara com bobagens atribuídas ou supostamente cometidas pelos biografados. Na maior parte das vezes, não dou a menor importância a esses relatos e concentro a atenção no que essas personalidades legaram de bom, à posteridade. E, quando eventualmente menciono esses “escorregões” morais, faço-o com cautela e objetivo, sempre, extrair alguma lição positiva disso. Bem, essa é minha intenção. Só que, de bem intencionados... o inferno está repleto. Às vezes menciono fatos negativos da vida de determinado artista com uma finalidade, mas o efeito acaba sendo outro.

Mas, antes de ser escritor, fui e sou jornalista, comprometido, portanto, com informação. Daí sentir-me obrigado a passar adiante, divulgando-a, aquela que chega ao meu conhecimento, posto que com cautela e responsabilidade. Por isso, os fatos negativos que venha a citar nestas reflexões, a propósito do pintor Rembrandt Harmenzoon Van Rijn, não têm a finalidade de deslustrar sua imagem e, por conseqüência, conquistar leitores pelo expediente que tanto condeno: o do sensacionalismo e do escândalo. O objetivo é o de ser fiel na descrição do personagem, ou seja, de como era o homem, não só o artista, dentro e fora do seu atelier, em casa, na rua, enfim, na sua forma de viver.

Um escritor norte-americano, naturalizado holandês, Gary Schwartz, causou sensação nos meios artísticos, em 1984, com seu livro “Rembrandt: sua vida e sua pintura”, em que traça um perfil muito diferente do mestre do estilo claro-escuro que havia a seu respeito até então. Apresenta um homem antipático, irascível, desonesto, perdulário, infiel aos parentes e amigos e adúltero. Ou seja, traz a público imagem diametralmente oposta à que outros biógrafos haviam traçado.

Por favor, não confundam esse Gary Schwartz, escritor, com outros dois de seus ilustres homônimos (um deles parapsicólogo, professor de psicologia, medicina, neurologia, psiquiatria e cirurgia, ex-diretor do Laboratório de Sistemas de Energia Humana e outro famoso ator de cinema, que protagonizou, entre tasntos filmes, “O estranho mundo de Jack”). Eu também me confundi com esse biógrafo. Escrevi, em texto anterior, que ele era austríaco, naturalizado norte-americano. Obviamente me enganei. Na verdade, ele nasceu nos Estados Unidos e adotou a cidadania holandesa.

A biografia que citei, de autoria desse não tão ilustre escritor, é um grosso volume de 380 páginas, com mais de 400 ilustrações. Seu diferencial, porém, é que ele mostra a outra face de Rembrandt, encoberta pelo tempo e esquecimento. Gary foi a Amsterdam, em 1965, para completar seu curso de pós-graduação em História da Arte. Com duas semanas de permanência na Holanda, decidiu estender por mais tempo essa experiência, fascinado com o que descobriu a respeito de Rembrandt, cujo conhecimento, até então, se baseava, apenas, nos quadros, gravuras e desenhos do pintor, pouco sabendo de sua personalidade e comportamento.

Ao cabo de 44 meses de residência no fascinante país dos diques e dos moinhos, decidiu naturalizar-se, estabelecendo-se, em definitivo, no vilarejo de Maarssen, no centro do território holandês. Em 1977, diante do imenso volume de informações que havia reunido sobre o ilustre mestre do retratismo, e animado pela esposa, Loekie, Schwartz resolveu transformar aquilo tudo em livro. Arregaçou as mangas e empenhou-se na tarefa, por quase um ano, com jornadas contínuas de 14 horas diárias de trabalho, para redigir a tal da biografia.

Em entrevista concedida em 1985, o escritor explicou o que o motivou a encarar tarefa dessa envergadura, abordando, sobretudo, aspectos polêmicos da vida de Rembrandt, artista até então impoluto, tido e havido como intocável, uma espécie de “monstro sagrado” das artes, e não somente na Holanda, mas em todos os importantes centros culturais e artísticos do mundo.

“Até a extraordinária publicidade levantada em torno de Rembrandt, no ano de 1960, oportunidade em que foram lembrados os 300 anos de sua morte, apenas estudos especializados e voltados exclusivamente para a sua técnica foram publicados. Nenhuma, ou muito pouca referência havia sobre a figura humana, o indivíduo”, afirmou Schwartz. “Esse aspecto, até mítico, do artista, impedia que sua obra fosse corretamente avaliada, pelo lado da motivação que a havia inspirado. Meu livro completa o trabalho dos outros biógrafos de Rembrandt, sem repetir nada e, principalmente, sem repisar aquilo que eles haviam analisado fartamente”, acrescentou.

“Os historiadores de arte tradicionais tomam a obra em si mesmo, estudando-a sob o aspecto técnico, buscando ressaltar apenas o formal, sem maiores preocupações com o lugar em que ela foi produzida e, por exemplo, em que mundo ela surgiu”, arrematou Schwartz. Seu livro, nem é preciso dizer, foi retumbante sucesso editorial, principalmente na Europa. Esgotou, antes mesmo do lançamento oficial, toda a primeira edição, de alguns milhares de exemplares. Pergunto, cá com os meus botões: até que ponto esse sucesso editorial se deveu à qualidade e exatidão do livro ou ao prazer mórbido do público por escândalos? Afinal a biografia, sobre a qual tratarei com mais vagar em ocasião oportuna, desmistifica a imagem que até então se fazia (e que ainda se faz, pois nem todos tiveram a oportunidade de lê-lo) sobre a mítica figura de Rembrandt. É válida essa atitude de Schwartz? Cada um que responda para si mesmo.


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Friday, December 28, 2012

Com quantas pessoas cruzamos na rua, no supermercado, no banco, na faculdade e em tantos outros lugares, num dia comum de trabalho? Com dezenas, com centenas e, às vezes, até, com milhares. Da grande maioria, porém, não guardaremos na memória nenhum traço, nenhuma imagem, nenhuma recordação, nada. É como se cruzássemos com sombras, amorfas e sem face. Com poucas delas, temos (ou teremos) relações mais intensas, profissionais, sociais ou até afetivas. Estas, sim, nos marcam e temos condições de marcá-las. Por isso, devemos ser sempre positivos, bem-humorados e corteses, para que essa “marca” que deixarmos nelas seja construtiva. O antropólogo Loren Eiseley disse, a esse propósito: “Somos criaturas de muitas dimensões diferentes, passando pelas vidas uns dos outros como fantasmas passando por portas”. Sejamos, pois, fatores de felicidade e de crescimento na vida dos que tiverem cruzado conosco.

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Cronos e Narciso (crônicas, Editora Barauna, 110 páginas) – “Nessa época do eterno presente, em que tudo é reduzido à exaustão dos momentos, este livro de Pedro J. Bondaczuk reaviva a fome de transcendência! (Nei Duclós, escritor e jornalista). – Preço: R$ 23,90.

Lance fatal (contos, Editora Barauna, 73 páginas) – Um lance, uma única e solitária jogada, pode decidir uma partida e até um campeonato, uma Copa do Mundo. Assim como no jogo – seja de futebol ou de qualquer outro esporte – uma determinada ação, dependendo das circunstâncias, decide uma vida. Esta é a mensagem implícita nos quatro instigantes contos de Pedro J. Bondaczuk neste pequeno grande livro. – Preço: R$ 20,90.

Como comprar:

Pela internet – WWW.editorabarauna.com.br – Acessar o link “Como comprar” e seguir as instruções.

Em livraria – Em qualquer loja da rede de livrarias Cultura espalhadas pelo País.

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Por dentro da TV


LEWGOY NÃO PERDEU O SEU BOM HUMOR
O ator José Lewgoy é mesmo uma figura humana extraordinária. O acidente automobilístico que teve, há duas semanas, no Rio, conseguiu retirá-lo de circulação por 45 dias, mas não tirou o seu bom humor. Ele vem se portando com uma serenidade espantosa, e o seu quarto, no segundo andar da Clínica Santa Lúcia, no Rio, tem sido pequeno para receber todos os amigos que vão visitá-lo. E nessas oiportunidades, ele entretém as visitas com tanto charme e bom humor a ponto dos visitantes não querem deixá-lo.

PAULO AUTRAN ESTÁ "ÓTIMO"
O ator Paulo Autran é outro que vem tendo uma recuperação notável. Recorde-se que no mês passado ele teve um ataque agudo de angina, sendo necessária, até, uma cirurgia cardíaca, oportunidade em que teve implantadas cinco pontes de safena. Outro dia ele foi jantar na casa de amigos e mostyrou-se bem disposto. Ontem, compareceu no Teatro Municipal de São Paulo, na entrega do "Prêmio Moliére" aos melhores do teatro em 83 (oportunidade em que a atriz Yara Amaral foi uma das agraciadas). Entretanto, ainda não se sabe quando Paulo Autran vai retornar ao batente, com as gravações da novela "Guerra dos Sexos", na Globo.

HOMENAGEM A RAUL CORTEZ
Quem vai receber uma homenagem hoje, às 21h20, na TVS, é outro veterano ator, Raul Cortez. Ele será o convidado especial para o quadro "O Dia em que Você Nasceu", do "Show Sem Limite". Ainda a respeito de Cortez, correm insistentes rumores de que ele estaria praticamente fora da Rede Bandeirantes, já que a Rede Globo estaria seriamente interessada na sua volta ao Jardim Botânico. Sobre o "Show Sem Limite" de hoje, podemos adiantar as presenças de Maria Alcina e Marília Barbosa, relembrando a saudosa Carmem Miranda, do costureiro Ronaldo Esper, com um desfile de modas da época e do cantor Cauby Peixoto, interpretando seus grandes sucessos.

VOZ DE CAETANO EM "EU PROMETO"
A novela "Eu Prometo", que a Rede Globo está apresentando, de segunda a sexta, às 22 horas, tem todos os ingredientes indispensáveis para o sucesso. Além de ser de autoria de Janete Clair, o que é meio caminho andado para estourar em audiência, de ter um elenco dos mais expressivos e do cuidado de que é cercada, em termos de cenários e figurinos, ainda tem a voz de Caetano Veloso, abrilhantando a sua ótima trilha sonora. O bom baiano de Santo Amaro da Purificação canta a música "Você é Linda", tema da personagem Celina Kely, vivida com graça e charme pela Renée de Vielmond. E a gente fica sem saber se o título da canção está elogiando a ótima interpretação de Caetano, e não menos excelente atuação da atriz, ou a sua beleza pessoal. "Você é Linda" faz parte do repertório do LP "Uns", que Veloso lançou pela gravadora Polygram.

"DESAFIO", AGORA MAIS AMPLO
O programa "Desafio à Produção", da Rede Bandeirantes, comandado pela Baby Garroux, está passando por algumas transformações. O objetivo é dar mais ritmo, dinamismo e informação cultural ao telespectador. Agora, ao invés de uma só pessoa desafiar a produção, através de carta, várias vão fazê-lo, e das formas mais variadas possíveis. Inclusive a própria apresentadora Baby Garroux pode lançar seu desafio à equipe do programa, que é apresentado às sextas-feiras, às 21 horas. A produção, de agora em diante, poderá ser desafiada pela platéia, pelos jurados, por algum membro dela própria, por faculdades, clubes de serviço e entidades as mais variadas. Vamos ver como é que ela vai se sair desta...

ARTE PRIMITIVISTA
Qual a importância dos artistas "primitivistas" na História da Arte no Brasil? Esta e outras perguntas serão respondidas na próxima quinta-feira, às 23h15, no excelente programa produzido por Dan La Laina Sene e apresentado pelo professor de Artes Plásticas, Pedro Manoel, na Rádio e Televisão Cultura. O "História da Arte no Brasil" vai destacar que a aceitação dos "primitivos", também conhecidos como "ingênuos", começou na Europa, no final do século passado. Isso aconteceu em virtude da influência dos pendsadores românticos. Estes, recorde-se, valorizam a Arte como expressão dos sentimentos. Era o mito, tão em voga, do "bom selvagem", do homem primitivo que ainda não havia sido corrompido pela civilização e que por essa razão tinha uma mensagem absolutamente íntegra. Quem quiser saber mais detalhes, assista ao programa.

SILVA, O FEIO, NO CHICO ANYSIO SHOW
O Chico Anysio Show de hoje, na Rede Globo, às 21h20, marca o retorno de mais um dos inúmeros tipos criados pelo excelente humorista cearense. Trata-se do Silva, um feio excessivamente paquerador que, por isso mesmo, acaba fazendo sucesso entre as mulheres. Outro quadro, para o qual chamamos especial atenção, é o que focaliza aquele pai coruja, que considera seu filho imbecil um verdadeiro gênio, com a participação de Castrinho, que embora venha atuando todas as manhãs no "Balão Mágico", não se desligou do Chico Anysio Show.

(Coluna escrita por mim, sem assinar, publicada na página 22, editoria TEVÊ, do Correio Popular, em 25 de outubro de 1983).

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Fidelidade ao estilo

Pedro J. Bondaczuk

O estilo, numa definição bastante genérica e grosseira, é a nossa forma pessoal e particular de fazer as coisas e de se comportar em sociedade. É uma espécie de “marca registrada” que temos, maneira característica que reflete nosso gosto, cultura, formação, habilidades etc. Mesmo que seja, digamos, “copiado”, essa cópia jamais será rigorosamente igual ao modelo de que se “copiou”, a despeito das diferenças serem ínfimas, irrisórias, imperceptíveis a olhares menos atentos. Pode ser superior ao paradigma que o inspirou ou inferior a ele. Pode ser parecido, ou mesmo semelhante, mas jamais será igual, como não há e nem nunca houve duas pessoas que guardem ou guardassem estrita igualdade.

Em arte, o estilo é a forma peculiar do artista de pintar, esculpir, compor, tocar determinado instrumento, escrever e vai por aí afora. É a nossa identidade artística. Em lingüística (e aqui recorro aos préstimos da enciclopédia eletrônica Wikipédia) é conhecido como “estilística” e caracteriza “a forma de utilização da língua, incluindo o uso estético da linguagem em obras literárias ou não”. Enfim...creio que ficou claro o conceito e, ademais, já escrevi muito a esse propósito, cujos textos partilhei com vocês em tantas e tantas oportunidades. Estender-me mais no assunto, portanto, me tornaria redundante e repetitivo, se não impertinente.

Este longo preâmbulo tem o propósito específico de destacar uma das maiores virtudes do pintor holandês Rembrandt Harmenzoon Van Rijn: a fidelidade a seu estilo. Muitos artistas variam os seus, tentam, no curso das carreiras, mudar de rumo, de formas de produzir suas respectivas artes, com resultados nem sempre iguais e nem sempre favoráveis. Alguns, é certo, melhoram a performance e se consagram. Outros tantos, se perdem nas tentativas e erros e fracassam. No meu caso pessoal, mantenho a forma de expor idéias, sentimentos e informações que sempre me caracterizou. Não mudei e nem pretendo mudar. Rembrandt também agiu assim, o que se pode deduzir facilmente da análise da sua vasta obra.

Praticamente desde quando começou a pintar, abraçou a técnica do claro-escuro, do jogo de luz e de sombras, e nela permaneceu ao longo de toda a carreira. Essa forma de exposição da sua mensagem, enfim, essa linguagem artística, não foi invenção dele, como destaquei em reflexões anteriores. Foi criada pelo mestre italiano Michelangelo Merisi Caravaggio. Rembrandt, todavia, imprimiu de tal maneira sua marca pessoal nessa forma de expressão, que muita gente mal-informada lhe atribui sua paternidade.

O “claro-escuro” consiste, em linguagem bem didática e popular, na utilização da obscuridade como fundo de determinado quadro e na concentração da luz no rosto dos personagens retratados, realçando e valorizando suas feições. Dito dessa forma, parece simples, mas não é. Quem já tentou pintar um quadro e buscou se valer dessa técnica sabe das dificuldades que ela traz.

As figuras retratadas por Rembrandt são inesquecíveis, quer pela naturalidade de postura, quer, principalmente, pelos detalhes de suas expressões. Ele pode (admito) ter pintado telas com algumas imperfeições (conforme apontam seus detratores), mas a maior parte da sua obra tem que ser qualificada de “magnífica”, por maior que seja a má vontade para com o artista.

Rembrandt age, em quase todas as suas pinturas, como um hábil iluminador de cinema e de televisão contemporâneos, desses requisitados pelos bons diretores por contribuírem para imagens perfeitas. E o que esses profissionais fazem (e o artista holandês fazia, mas com tintas e pincéis)? Lançam (e Rembrandt parecia lançar) luz ou, quando é o caso, mantêm (e o pintor mantinha) a escuridão em fundo, para que o apreciador descubra por si só o essencial que se pretende ressaltar. Determinado crítico disse dele (opinião com a qual, aliás, compactuo), que seu principal mérito artístico era saber fazer visível o que comumente ñão se pode ou se tem dificuldade de ver.

O jogo de luz e sombras, habilmente utilizado, ressalta detalhes quase sempre escondidos e que passam batidos até do mais atento observador, permitindo que este deduza, dos personagens retratados, aspectos puramente subjetivos, como seu caráter, estado de espírito e até vícios, estampados em suas expressões faciais. O artista tem que ser muito talentoso para fazer tudo isso. E Rembrandt era, caso contrário suas obras não teriam a cotação que têm e nem seriam tão disputadas no seletivo mercado internacional de arte. O fato de ser “bad boy” (como talvez fosse classificado se vivesse nos dias atuais), segundo garantem alguns de seus biógrafos que ele teria sido, não anula e nem deslustra seu magnífico talento. Quem me dera ser o felicíssimo proprietário já não digo de algum de seus quadros, mas pelo menos de qualquer de seus descartados esboços!

Ressalte-se que Rembrandt não foi, apenas, o talentoso pintor, que tantas pessoas (entre as quais me incluo) admiram e veneram. Só isso já seria o bastante. Todavia, ele também incursionou (com sucesso, posto que não tão grande como o de pintor) pelos campos da gravação e do desenho. Uma das suas gravuras mais famosas é “Cristo: cura de doentes”, que data de 1642, também conhecida por “Folha de cem florins” Querem saber a razão desse nome tão estranho e tão pouco artístico? Ora, por motivo óbvio. Esse foi o preço pelo qual essa peça foi vendida. Convenhamos, altíssimo para uma gravura, mas bem de acordo com a prática de Rembrandt, de inflacionar tudo o que produzia.

Como se não bastasse, o artista deixou, também, magníficos desenhos, disputados, a peso de ouro, na atualidade, pelos mais renomados museus mundiais e por multimilionários colecionadores, que não relutam em pagar montanhas de dólares quando têm a oportunidade de adquirir algum deles. Embora contestado por alguns críticos de arte (não muitos) e por estudiosos de pintura e até por um ou outro biógrafo, há um quase consenso considerando Rembrandt um dos maiores pintores de todos os tempos. Pelo menos em relação aos retratos que pintou (mas não apenas a eles), endosso plenamente esse reconhecimento, que entendo ser justo, sobretudo por ele criar seu estilo e manter-se fidelíssimo a ele por toda a vida.

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