Monday, May 21, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - Voto de confiança


Voto de confiança


Pedro J. Bondaczuk


A administração de Izalene Tiene à frente da Prefeitura de Campinas, que ainda nem completou noventa dias, vem sofrendo sucessivas críticas, tanto por parte de algumas alas do Partido dos Trabalhadores, quanto, e principalmente, da oposição. Boatos sobre reformulação do seu secretariado têm circulado amiúde, por aí, como se mudanças desse tipo fossem uma heresia (evidentemente não são), tumultuando o seu planejamento e atrapalhando o seu trabalho.

A prefeita, porém, merece voto de confiança dos campineiros, já que o tempo em que está no comando dos destinos da cidade é, ainda, muito curto. Nesses setenta e sete dias no cargo, buscou, sobretudo, o indispensável apoio político na Câmara Municipal, sem o qual é impossível de governar, já que não conta com maioria absoluta no Legislativo.

Apesar de ser a vice do já saudoso Antonio da Costa Santos, o "Toninho do PT", os estilos de ambos são muito diferentes, e isso deve ser respeitado. É muito cedo, portanto, para se cobrar alguma coisa de Izalene, já que tudo indica que ela ainda está tomando pé da situação. Mas não pode demorar nessa tarefa. Os problemas que afetam a cidade, muitos e graves, não podem esperar, sob pena de se multiplicarem e de se agravarem.

Quanto às mudanças no secretariado, como a fusão da Secretaria de Governo e do Gabinete da prefeita num só órgão, e a consequente troca dos seus titulares, respectivamente Durval de Carvalho e Gerardo de Mello, por Lauro Câmara Marcondes, é um fato normal em qualquer governo, não sendo motivo para tanto barulho. São cargos de confiança e é compreensível que Izalene queira ter ao seu lado funcionários da mais estrita confiança, com os quais melhor se afine.

A saída de Péricles Caramaschi, da secretaria de Assuntos de Segurança, substituído pela diretora da Guarda Municipal, Maria Cristina Von Zuben, bastante enfatizada nos últimos dias, não se constituiu, na verdade, em nenhuma novidade. Há muito que se esperava essa troca.

Antonio da Costa Santos foi assassinado em um momento em que se preparava para pôr em execução alguns dos seus mais ousados projetos. Sua morte, lamentável em todos os aspectos, representou solução de continuidade de uma administração que começava a deslanchar.

Espera-se que Izalene Tiene consiga administrar as tensões e contradições internas do PT e passe a se preocupar, de vez, com os problemas da cidade, e não com os do partido. Que seus projetos, bem como os de Toninho, deslanchem de vez. Campinas espera muito dela. Que a prefeita não se perca, portanto, em tolas "briguinhas de comadre".

(Editorial publicado na página 2, Opinião, do jornal Campinas Hoje, em 28 de setembro de 2001).


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