Voto de confiança
Pedro
J. Bondaczuk
A
administração de Izalene Tiene à frente da Prefeitura de Campinas,
que ainda nem completou noventa dias, vem sofrendo sucessivas
críticas, tanto por parte de algumas alas do Partido dos
Trabalhadores, quanto, e principalmente, da oposição. Boatos sobre
reformulação do seu secretariado têm circulado amiúde, por aí,
como se mudanças desse tipo fossem uma heresia (evidentemente não
são), tumultuando o seu planejamento e atrapalhando o seu trabalho.
A
prefeita, porém, merece voto de confiança dos campineiros, já que
o tempo em que está no comando dos destinos da cidade é, ainda,
muito curto. Nesses setenta e sete dias no cargo, buscou, sobretudo,
o indispensável apoio político na Câmara Municipal, sem o qual é
impossível de governar, já que não conta com maioria absoluta no
Legislativo.
Apesar
de ser a vice do já saudoso Antonio da Costa Santos, o "Toninho
do PT", os estilos de ambos são muito diferentes, e isso deve
ser respeitado. É muito cedo, portanto, para se cobrar alguma coisa
de Izalene, já que tudo indica que ela ainda está tomando pé da
situação. Mas não pode demorar nessa tarefa. Os problemas que
afetam a cidade, muitos e graves, não podem esperar, sob pena de se
multiplicarem e de se agravarem.
Quanto
às mudanças no secretariado, como a fusão da Secretaria de Governo
e do Gabinete da prefeita num só órgão, e a consequente troca dos
seus titulares, respectivamente Durval de Carvalho e Gerardo de
Mello, por Lauro Câmara Marcondes, é um fato normal em qualquer
governo, não sendo motivo para tanto barulho. São cargos de
confiança e é compreensível que Izalene queira ter ao seu lado
funcionários da mais estrita confiança, com os quais melhor se
afine.
A
saída de Péricles Caramaschi, da secretaria de Assuntos de
Segurança, substituído pela diretora da Guarda Municipal, Maria
Cristina Von Zuben, bastante enfatizada nos últimos dias, não se
constituiu, na verdade, em nenhuma novidade. Há muito que se
esperava essa troca.
Antonio da
Costa Santos foi assassinado em um momento em que se preparava para
pôr em execução alguns dos seus mais ousados projetos. Sua morte,
lamentável em todos os aspectos, representou solução de
continuidade de uma administração que começava a deslanchar.
Espera-se
que Izalene Tiene consiga administrar as tensões e contradições
internas do PT e passe a se preocupar, de vez, com os problemas da
cidade, e não com os do partido. Que seus projetos, bem como os de
Toninho, deslanchem de vez. Campinas espera muito dela. Que a
prefeita não se perca, portanto, em tolas "briguinhas de
comadre".
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