A hora da verdade
Pedro J. Bondaczuk
A cidade vai conhecer, dentro
de poucas horas, na noite de depois de amanhã se não houver nenhum
contratempo sério, quem será o seu novo prefeito, que vai assumir a
árdua tarefa de administrar esta complexa, problemática mas
progressista metrópole interiorana, a partir de 1º de janeiro de
2001.
Qualquer que seja o escolhido,
e salvo grande e improvável engano, tudo indica que os destinos de
Campinas estarão entregues em boas mãos. Os dois candidatos,
Antonio da Costa Santos, da coligação PT-PSTU, e Carlos Sampaio, do
PSDB, apesar de não parecer à primeira vista, têm mais semelhanças
do que diferenças, em seus perfis e programas, se não for levada em
conta, é lógico, a retórica com que conduziram suas respectivas
campanhas.
Ambos são campineiros de
nascimento, bastante jovens e com justas aspirações de conseguir
saltos bem mais significativos no futuro, nas respectivas carreiras
políticas. Mesmo quem perder estas eleições, terá marcado, de
forma positiva, sua liderança no cenário campineiro e conseguirá,
com certeza, novas chances. A própria idade, e a garra demonstrada
nesta campanha, qualificam ambos a terem, potencialmente, um futuro
bastante promissor. O vencedor, por seu turno, caso a atual
legislação não seja mudada, vai ter, diante de si, a real
perspectiva de conquistar, em 2004, mais um mandato de prefeito.
Claro, se cumprir pelo menos metade de tudo o que prometeu nos
palanques.
Aliás, as propostas de
governo de Toninho e de Carlão são até muito parecidas, em termos
de conteúdo diferindo, logicamente, no estilo de administração, de
acordo com a personalidade, o temperamento, a formação acadêmica e
a ideologia de cada um. Mas não dá para se esperar milagres daquele
que for o escolhido pelo eleitorado, diante das enormes dificuldades
de geração de recursos para investimentos, obstáculo, aliás, que
afeta a grande maioria, para não dizer a totalidade, dos municípios
brasileiros, quase todos atolados em imensas dívidas.
O novo prefeito vai precisar
buscar parcerias com a iniciativa privada para um sem número de
ações. Espera-se, porém, que isto seja feito com transparência,
responsabilidade e absoluta clareza, características estas
desejáveis, para não dizer indispensáveis, em todos os seus atos
administrativos.
Qualquer que for o escolhido
(e a escolha cabe a você, eleitor, fazer com o máximo de cuidado e
realismo), precisará ser um bom negociador político, já que não
vai contar com maioria na Câmara Municipal. Terá que estabelecer
alianças e obter apoios, para que seus projetos tenham a devida e
indispensável aprovação dos vereadores. Falar das necessidades de
Campinas, neste momento, é redundante, pois toda a população sabe
quais são, por sentir essas carências na própria carne.
Alguns problemas, no entanto,
são mais urgentes do que outros. Por exemplo, o novo prefeito terá
que tomar para si a responsabilidade de cobrar do Estado
providências, urgentes, no que diz respeito à segurança. E dar, é
claro, a sua contribuição nesse sentido, mantendo praças e
terrenos baldios limpos de mato, as ruas muito bem iluminadas e
buscando alguma forma de entrosamento da Guarda Metropolitana ---
cuja tarefa fundamental é a da proteção do patrimônio público
--- com as polícias civil e militar, para coibir os assaltos,
homicídios, tráfico e consumo de drogas, roubos de cargas e outros
tantos delitos, que trouxeram uma incômoda e indesejável má fama à
cidade, como um dos polos nacionais do crime organizado, além, é
claro, de deixar a população aflita, insegura, apavorada e exposta
à nefasta ação de bandidos.
Será necessária, por outro
lado, atenção especial à saúde, à educação, aos transportes
públicos, ao trânsito e à moradia, além de uma política social
coerente e factível, que pelo menos amenize o alto grau de
miserabilidade que se verifica notadamente na periferia da cidade.
Mas que ninguém espere
milagres do novo prefeito, pois estes não existem em política e,
ademais, em nenhuma atividade humana. O que se requer do eleito é
liderança, trabalho, honestidade, aguçado senso ético, muito
diálogo com a população e, sobretudo, competência administrativa.
Qualquer previsão sobre o
possível ganhador deste segundo turno é mero e inútil exercício
de adivinhação. O eleitor consciente não deve se deixar levar por
pesquisas de opinião na hora de definir o seu voto. Estas, a
despeito do seu alto grau de acerto, é bom frisar, não são, em
absoluto, infalíveis. É desnecessário citar os vários exemplos em
que as urnas desmentiram os prognósticos.
Nunca é demais reiterar que o
voto, embora não nominal (e agora eletrônico), é, na verdade, um
"documento", posto que não assinado. Trata-se de uma
espécie de "procuração", que o eleitor passa a
determinado candidato, para que aja em seu nome. Quem vota mal, de
maneira irresponsável, por critérios que não sejam os da rigorosa
e honesta avaliação pessoal, moral e programática dos candidatos,
é cúmplice de eventuais crimes praticados pelo eleito. Pondere,
portanto, reflita muito bem e vote com consciência! O destino de
Campinas, nos próximos quatro anos, está em suas mãos! Esta é a
hora da verdade!
(Editorial da Folha do
Taquaral de 1º de novembro de 2000).
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