Trânsito neurotizante
Pedro
J. Bondaczuk
O
trânsito, nas grandes cidades do País e do mundo (e Campinas,
obviamente, é uma delas), é importante fator de estresse para os
motoristas e para a população, além de representar prejuízos
incalculáveis, quando não flui, quer de ordem econômica, quer
ambiental ou de outros tipos.
São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, entre outras megacidades,
sofrem muito com o problema, que se arrasta há anos, sem que se
vislumbrem soluções. Campinas também não escapa, e nem poderia,
desse lado negativo do progresso. O volume de veículos que circulam
nas ruas e avenidas da cidade, nitidamente precárias e inadequadas
para o seu porte, é muito maior do que manda o bom senso.
Os
engarrafamentos, notadamente em horários de “pico”, tão
irritantes e prejudiciais, tendem a se multiplicar, com o passar do
tempo. Afinal, Campinas (felizmente) não para de crescer. Além de
atrair pessoas de todas as partes do País para cá, para
compartilhar do seu desenvolvimento, conta com aumento constante e
expressivo na frota de veículos, fruto até da sua prosperidade.
Daí ser
explicável, e até louvável, a preocupação do atual secretário
de Transportes, Marcos Bicalho, de alterar a circulação do
transporte coletivo (ônibus e peruas) na área central. É sua
função (ou uma delas). Trata-se de pelo menos uma tentativa de
aliviar o pesado trânsito no quadrilátero conhecido como “Rótula”,
implantado em 1996 por Jurandir Fernandes, e que hoje já não
satisfaz às necessidades de Campinas.
Espera-se,
porém, que mais uma vez não se trate de mera medida paliativa, como
tantas que foram adotadas, em outras épocas e outras administrações,
que não apenas não resolveram a questão, como ainda a agravaram.
Há problemas muito antigos, que se não solucionados, vão
inviabilizar qualquer providência futura, se não definitiva (em
assuntos de trânsito nada é definitivo), pelo menos de longa
duração. Dois deles, e os mais graves são: a regulamentação de
carga e descarga de caminhões na área central e a proibição de
estacionamentos nessa sensível região.
O
progresso tem suas consequências. Tudo tem o seu preço. E os
problemas se multiplicam na razão direta desse crescimento invejável
de Campinas. Principalmente no trânsito. No caso da Rótula, por
exemplo, em 1996, quando foi implantada, o fluxo de veículos, que já
estava no limite, era de 1.340 por hora. Atualmente, se aproxima dos
dois mil por hora. Está mais do que saturado, portanto.
Espera-se,
pois, que as mudanças, que devem ser implantadas em seis etapas, não
sejam de natureza “empírica”, na base de tentativa e erro, e nem
somente paliativas, mas frutos de cuidadosos e competentes estudos.
Afinal, o trânsito mexe com a vida de todos os que vivem, trabalham
ou apenas transitam pela cidade, tenham ou não automóveis.
(Editorial
publicado na página 2, Opinião, do jornal Roteiro, em 28 de
setembro de 2002).
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment