Saturday, May 26, 2018

DIRETO DO ARQUIVO - A bem vinda Banda B


A bem vinda Banda B


Pedro J. Bondaczuk


A aprovação definitiva, pelo Senado, da lei liberando a exploração, pela iniciativa privada, da banda B de telefonia celular --- além dos serviços de valores adicionados e do uso de satélites para transmissão de dados --- vem, senão solucionar, pelo menos atenuar um dos maiores problemas do País: o de comunicação.

As dimensões continentais do Brasil restringem negócios e isolam cidades, regiões e até mesmo Estados, servindo como grande obstáculo a um desenvolvimento uniforme. Nas cidades, essas distâncias encarecem custos e provocam desperdício de tempo, paciência e dinheiro.

A primeira vantagem da medida vai ser o barateamento dos preços das linhas de telefones celulares, hoje acessíveis para relativamente poucas pessoas. E, conforme estimativas de profissionais ligados ao setor, essa redução não será nada inexpressiva. Muito pelo contrário.

Por exemplo, o diretor de planejamento da empresa CellCenter, César Michels, prevê que uma linha de telefone celular poderá custar menos de R$ 100 a partir da entrada em vigor da lei. Atualmente, ela não sai por menos de R$ 3 mil no mercado paralelo.

E no oficial, também não é tão acessível à grande maioria dos brasileiros, que precisam desse útil instrumento de comunicação. Não, pelo menos, como seria desejável e necessário. Oscila entre R$ 200 e R$ 400.

A diferença entre as bandas refere-se somente à frequência das transmissões. Até aqui, apenas uma delas vem sendo explorada no País, a A. Sua exploração está  a cargo de empresas estatais estaduais, em número de 27, uma para cada Estado. Mesmo nessa faixa a lei vai interferir positivamente. Todas essas companhias vão ser reagrupadas em até 10 subsidiárias da Telebrás e depois privatizadas. Trata-se de uma garantia de inexistência dos indesejáveis monopólios.

A banda A funciona com frequência de 840 megahertz, enquanto a B será de 860. Um ponto sumamente positivo do projeto, portanto, é a garantia da concorrência. E esta é sempre uma certeza de serviço eficiente e de oferta considerável, senão farta.

A necessidade da conquista de faixas desse mercado --- nada desprezível, já que o número potencial de usuários da telefonia celular, cuja demanda está reprimida, é estimado em 20 milhões de brasileiros --- é que deve assegurar tudo isso. Em uma economia livre e com regras estáveis e iguais para todos, o grande beneficiado é sempre o consumidor.

Neste caso, a empresa que tiver condições de oferecer preços mais atrativos e atendimento de primeira qualidade certamente vai se dar melhor. Além disso, a exploração desse serviço será mediante concessões --- de 15 anos com possibilidade de renovação por igual período --- passivas de cassação em caso de irregularidades.

Provavelmente ainda neste ano a população já começará a usufruir dos primeiros benefícios da nova lei. A exploração da banda B vai começar imediatamente após a licitação pública, prevista já para o próximo mês. E com certeza não faltam interessados em um mercado tão atrativo e potencialmente grande. Daí a certeza de que o País se encaminha, pelo menos a médio prazo, para a solução de mais esse problema que angustia os brasileiros: a comunicação.

(Editorial número um, publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 21 de julho de 1996).



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