Voto de confiança
Pedro
J. Bondaczuk
O
prefeito eleito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, do PDT,
começou a tomar pé, tão logo obteve a consagradora vitória nas
urnas, no Segundo Turno, da real situação do Município, através
da sua equipe de transição, composta, certamente, por técnicos da
maior competência, seriedade e envergadura, com vistas à sua posse
em 1º de janeiro de 2005. Simultaneamente, deve negociar com a atual
Câmara Municipal – pelo menos é o que se espera dela – a
aprovação de um orçamento que não seja muito restritivo.
É
certo que os primeiros dias da nova administração não serão um
"mar de rosas". E nem poderiam ser, dadas as circunstâncias
e o atual momento que a cidade vive. Por maior sucesso que o novo
administrador venha a ter em suas negociações com os vereadores, é
possível afirmar, com alta dose de segurança, que o seu primeiro
ano de mandato vai ser repleto de obstáculos, de tensões, de
descontentamentos e de cobranças.
Principalmente
se for levada em conta a enorme dívida do Município, acumulada nas
últimas quatro ou cinco administrações e que, bem ou mal, vem
sendo "rolada", o que limita demais a capacidade de
investimento do Poder Executivo. É verdade que Hélio de Oliveira
Santos contou com o apoio explícito do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, o que faz prever que tenha sucesso em obter as verbas
necessárias para Campinas. Mas pode ter problemas junto ao governo
do Estado, embora não se acredite que tenha pelo menos maiores do
que as que sua antecessora, Izalene Tiene, vem tendo.
Compete,
porém, ao administrador consciente e responsável, definir
prioridades e fazer o dinheiro disponível render o máximo possível,
seja qual for o seu montante. É necessária, por isso, grande dose
de paciência e de compreensão, por parte da população, que não
pode, e nem deve, sair por aí exigindo grandes coisas do novo
prefeito, tão logo ele assuma o cargo, como se fosse possível, num
toque de mágica, resolver todas as questões do Município de uma só
vez. Milagres até que existem, mas são extremamente raros e não
fazem parte de nenhuma cartilha política.
Espera-se,
sim, do novo prefeito, trabalho, trabalho e trabalho. E uma grande,
uma imensa, uma inesgotável capacidade de diálogo com os mais
variados setores da sociedade, notadamente com a nova Câmara de
Vereadores, onde não conta com maioria.. Além disso, é desejável
que faça uma administração absolutamente límpida e transparente
e, sobretudo, de olhos voltados tão só e exclusivamente para os
legítimos interesses da cidade, sem privilegiar (ou prejudicar) "a",
"b" ou "c", por quaisquer motivos. Que saiba
separar, no exato limite da prudência, partido de governo. Ele é o
chefe do Poder Executivo e não o PDT e nem o PFL e PMDB, que se
aliaram para o conduzir ao Palácio dos Jequitibás. Compete-lhe,
portanto, "sempre" a última palavra em toda e qualquer
decisão.
Além
disso, Doutor Hélio precisa ter sempre em mente que a campanha
eleitoral já acabou. E que não vai (e não deve) governar somente
para os que lhe garantiram a consagradora vitória nas urnas. Tem que
buscar, permanente e incansavelmente, a conciliação, dentro dos
limites do possível, dos interesses de "todos" os
campineiros, mesmo daqueles que optaram nas urnas pelo nome do seu
adversário direto no Segundo Turno, ou dos mais de 20% dos
eleitores que se omitiram e sequer compareceram para votar.
À
oposição, que é maioria na Câmara de Vereadores, por seu turno,
cabe papel dos mais relevantes e fundamentais numa democracia que se
preze. Compete-lhe, sim, fiscalizar "com lupa" a nova
administração. Mas sem ranços de sectarismos e sem espírito
destrutivo e de vingança. É seu dever detectar todos os problemas
possíveis, de qualquer natureza, é certo. Porém é, também, sua
obrigação apontar as possíveis soluções.
Deve
opor-se a tudo o que, de fato, julgar errado. Mas agindo sempre com
honestidade de propósitos, com sinceridade, com ética e com um
sentido absolutamente construtivo. Caso contrário, estará se opondo
não ao novo prefeito e muito menos ao seu programa de governo, mas
aos legítimos interesses da cidade, o que é inconcebível para quem
tem o dever e a responsabilidade de representar determinado segmento
da população.
No comments:
Post a Comment