O que é fato na
História?
Pedro
J. Bondaczuk
A História, tal como a
conhecemos e a estudamos na escola, é constituída por pelo menos 95% (ou muito
mais) de especulações, ficção, imaginação, invenção enfim (por mais verossímeis
que pareçam, ou que sejam) do que propriamente de fatos que são, quando muito,
só 5% (exagerando para mais). Embora afirmação como esta irrite historiadores e
faça os descerebrados (que se recusam a raciocinar) tentarem ridicularizar quem
a faz, é questão, até, de puríssima lógica. Afinal, por muitíssimo tempo
(quanto? Ninguém sabe!), o homem não dispunha de escrita. Supõe-se que por
milênios e mais milênios (quantos?) os povos primitivos, todos eles sem
exceção, não contaram com nenhuma forma para registrar, minimamente,
acontecimentos, idéias, especulações etc.etc.etc. Tudo e todos dessa época (de
quanto tempo?) perderam-se no absoluto esquecimento. Para a história e para a
cultura, não existiram, embora tivessem nascido, amado, odiado, sofrido,
pensado e morrido.
Quem aqueles homens e
mulheres foram, como e onde viveram, o que fizeram? Ninguém sabe e jamais
saberá. Há quem creia, sem o menor laivo de dúvida, nas versões existentes (e
consagradas) dos historiadores desse remotíssimo período, como sendo lídima
expressão da verdade. Quem age assim, contudo, não exercita o espírito
científico. A ciência exige provas de tudo o que se afirma. Não se satisfaz,
portanto, com simples crenças, por mais verossímeis que sejam. Que houve
civilizações até mesmo prósperas e razoavelmente evoluídas, a arqueologia
comprova. Até a antiguidade de muitas dessas tantas cidades de passado tão
distante pode ser razoavelmente determinada mediante o científico método de
datação do Carbono 14. Mas é impossível de se saber quais os personagens que as
erigiram, habitaram, e governaram. Quais foram essas pessoas que moveram
guerras, que amaram, odiaram, construíram, destruíram, pensaram, tiveram
crenças, concordaram, divergiram etc.etc.etc?. Não há como saber!
Essa longuíssima
digressão destina-se a tentar responder perguntas de alguns leitores sobre
quando o homem começou a filosofar e quem foi o primeiro a se preocupar e
tentar responder as quatro questões fundamentais que, ao fim e ao cabo não
foram respondidas, ainda, até hoje. Óbvio que jamais iremos saber. Não há como.
Primeiro, porque, reitero, não havia sido inventada a escrita. E depois da
invenção desta, a totalidade dos registros dos primitivos filósofos se perdeu,
ora por causa de guerras, ora por desastres cósmicos ou da natureza
(terremotos, furacões, vulcões etc.etc.etc.), ora por tantos outros motivos. O
fato é que eles não existem.
Jostein Gaarder
escreveu, no livro “O mundo de Sofia” a propósito dos filósofos da natureza
(que certamente viveram milênios, e não se sabe quantos, depois dos verdadeiros
pioneiros da Filosofia): “(...) A maior parte das coisas que os filósofos da
natureza disseram e escreveram ficou para sempre perdida no passado. O pouco
que restou chegou até nós através dos textos de Aristóteles, que viveu cerca de
duzentos anos depois dos primeiros filósofos (...)” Gaarder, aqui, referiu-se,
obviamente, aos primeiros cujas obras Aristóteles conheceu e cujas idéias
registrou para a posteridade. Com isso, prestou inestimável serviço à Filosofia
e à cultura.
O escritor norueguês
prossegue em sua explanação: “(...) Aristóteles apenas resumiu as conclusões a
que os filósofos antes dele haviam chegado. Isso significa que jamais saberemos
como eles chegaram a tais conclusões. Mas sabemos o suficiente para afirmar com
certeza que o ‘projeto’ dos primeiros filósofos gregos era especular sobre a
substância primordial e sobre as transformações da natureza (...)”.Dessas
especulações “nasceram” as ciências, tal como as conhecemos. É possível, se não
provável, que esses filósofos da natureza, aos quais Aristóteles identificou,
abasteceram-se de idéias, de princípios e de conceitos de antecessores. Mas dos
quais? De quando? De onde? Infelizmente não sabemos e certamente jamais
saberemos. Uma pena!!! Esses pensadores não lograram conseguir a única forma de
“imortalidade” acessível ao homem: a da memória.
É possível (será
provável?) que esta nossa tão avançada (e badalada) civilização tecnológica
desapareça, em consequência de algum cataclismo cósmico ou de uma guerra
nuclear (o que parece mais iminente) que deixe escassíssimos sobreviventes. Nesse
caso, o homem, certamente, retroagirá à barbárie. Todo o vastíssimo
conhecimento acumulado por milênios pode (e nesse caso vai) se perder. Se tal
ocorrer, a tendência é de nossos descendentes desse hipotético (mas não
impossível) futuro ignorarem por completo quem foram, por exemplo, um Einstein,
um Newton, um Freud, um Steve Jobs etc.etc.etc., que fizeram do nosso tempo o
que ele é. Pense nisso, caro leitor. Já aconteceu no passado, conforme
descobertas de arqueólogos. Por isso não dá para jurar que não ocorrerá de novo
no futuro.
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