Algumas mestras de
grandes filósofos da Antiguidade
Pedro
J. Bondaczuk
A contribuição feminina
na origem e consolidação da Filosofia foi das mais relevantes, embora seja,
ainda hoje, pouco conhecida ou, pior, quase que absolutamente desconhecida e,
por isso, não reconhecida. Perdoem-me por este meu mau estilo literário, rimando
palavras em texto não poético. Essa, todavia, é a melhor forma de expressar
absurda realidade. Afinal, competência, criatividade e sabedoria não são, nunca
foram e jamais devem ser questões de
sexo. Ou as pessoas as têm ou não as têm, independente se são homens ou
mulheres. As informações que ora partilho com vocês as obtive na enciclopédia
eletrônica Wikipédia. Não repetirei, portanto, doravante, a fonte, que está
devidamente identificada e creditada, ok?
As mulheres
contribuíram decisivamente não apenas com a filosofia, mas com todas as
ciências, derivadas dessa prolífica fonte, com destaque para a matemática. Você
ficou admirado com isso?! Não deveria! Afinal, é para lá de conhecido o senso
prático feminino. E essa “arte” de quantificar, de medir, de pesar etc.etc.etc.
é de extrema praticidade. Aliás, é imprescindível para todas as ciências
(física, química, biologia etc.etc.etc.) e para as ações mais comezinhas do dia
a dia. Ou não? Quando se fala – o que raramente ouço, é mister frisar – da
contribuição feminina para a Filosofia, pensa-se, de imediato, nas gregas da
Antiguidade. As relativamente conhecidas são, realmente, dessa etnia. Mas não
foram as únicas. Em comentário anterior, abordei, por exemplo, o pioneirismo da
suméria Enheduama, em uma época em que a imensa maioria da humanidade ainda
estava mal saindo da era da Pedra Lascada.
Outra figura lendária,
todavia, que tem que ser pelo menos citada, é a indiana Lopamudra. Essa sábia
filósofa viveu, e atuou, em cerca de 800 a.C, portanto há quase três milênios.
Aliás, essa questão de data de passado tão remoto não é para ser levada muito a
sério. Trata-se, somente, de rústico referencial. Afinal, ao longo do tempo,
foram tantos e tão exóticos calendários adotados pelos diversos povos que a
adaptação para o nosso, atual, é mero exercício empírico. Datas de passado tão
remoto, portanto, podem ter diferenças, para mais ou para menos, de décadas, de
séculos e, às vezes, até mesmo de um milênio. Vá se saber! Portanto, as datas
que citarei não são para serem levadas rigorosamente ao pé da letra. Não passam
de rústico referencial e nada mais do que isso. Entre as façanhas de Lopamudra,
a tradição registra a composição de pelo menos um dos hinos do Rigveda, além da
disseminação dos mil nomes da Deusa mãe.
A primeira filósofa
grega de que se tem notícia é Temistocléia. Trata-se, conforme informações do
filósofo Aristoxenos, da mestra de ninguém menos do que Pitágoras, o tal do
famoso teorema. Além de se dedicar à Filosofia, foi, portanto, extraordinária
matemática. Viveu em Delfos, no século VI a.C. Foi quem introduziu Pitágoras
nos princípios da ética. É considerada a “primeira filósofa do Ocidente”. Quem
quiser conhecer sua obra, portanto, é só atentar para as idéias de seu ilustre
discípulo.
Outra grega que se
dedicou, simultaneamente, à Filosofia e à matemática, foi Melissa. Dela se
conhecem menos detalhes ainda do que de Temistocléia. Sabe-se que viveu, e
filosofou, também em Delfos, igualmente no século VI a.C e que foi ligada à
escola pitagórica. Da filósofa grega seguinte da minha relação já li inúmeras
referências, todavia, nenhuma vinculando-a à Filosofia. Refiro-me a Safo de
Lesbos, que viveu nessa ilha entre os séculos VII e VI a. C. É conhecida como
poetisa e educadora. Nasceu na cidade de Mitilene, na ilha de Lesbos. Rivalizou
com o poeta Alceo e, junto com ele, representa a criação da poesia lírica
grega, em contraposição à poesia épica (Homero). Da sua obra conservaram-se dez
livros. A ela, todavia, são atribuídas práticas sexuais nada ortodoxas entre
mulheres, sabe-se lá por qual razão. Supõe-se que a palavra “safada” e suas
derivadas surgiram a partir do seu nome. Vejam que covardia se faz com a
memória de pessoas que não podem se defender!
Outra filósofa grega
cujo nome chegou até nós. Aristocleia, também viveu em Delfos, onde foi
sacerdotisa. É citada por muitos antigos escritores como tutora de Pitágoras,
antes deste ser entregue à tutela de Temistocleia. Como se vê, esse ilustre
filósofo e matemático teve, na sua formação, importante e talvez decisiva
influência feminina. Theanã, nascida em 546 a.C., viveu na última parte do
século VI a.C. Foi respeitada matemática grega. É também conhecida como
filósofa e física. Theanã foi aluna de Pitágoras e supõe-se, até mesmo, que
tenha sido sua mulher. Acredita-se que ela e as duas filhas tenham assumido a
escola pitagórica após a morte do ilustre filósofo e matemático.
Aspásia de Mileto é
outra figura feminina que eu conhecia, mas fora do âmbito da Filosofia. Ela
viveu de 470 a 410 a. C. Pertenceu ao círculo da elite de Atenas, onde conheceu
Péricles e com ele teve um filho. Como sofista da época, Aspásia também nada
escreveu. Os relatos de sua habilidade como argumentadora e educadora, bem como
sua influência política sobre Péricles, encontram-se na obra de Platão. Aliás,
atribui-se a esse filósofo a criação da personagem Diotima de Mantineia, sábia
que é apresentada no diálogo “O banquete”. Não se sabe se ela existiu ou se foi
mero fruto de ficção. Supõe-se que tenha existido de fato e vivido em Atenas
entre os anos 427 e 347 a C. A ela atribui-se toda a teoria socrático-platônica
do amor.
A filósofa seguinte da
minha pífia relação, Asioteia de Filos, que viveu entre os anos de 393 e 270 a
C, também é vinculada a Platão. Ensinava física na Academia do ilustre filósofo
ao lado de outras mulheres que frequentavam a escola. Pena que nenhuma delas
teve sequer o nome citado para que a posteridade ao menos soubesse que
existiram. Mas... Deixa pra lá!
Já Hipárquia de
Maroneia foi uma aristocrata grega, que foi elogiada por Diógenes Laertios pela
cultura e raciocínio. Foi comparada a Platão. Escreveu: “Cartas e Tragédias”.
Gostaria de ter acesso a essa obra, para conhecer um pouco das suas idéias. A
filósofa seguinte é uma judia, que não praticava o judaísmo e que viveu no
século I d C., na cosmopolita Alexandria, no Egito. Trata-se de Maria, ou
Miriam, seguidora do culto de Isis. É
considerada fundadora da alquimia. Entre seus escritos está o livro de Magia
Prática. Atribui-se a ela a descoberta do ácido clorídrico e é em homenagem às
suas descobertas com o ponto de ebulição da água o nome de banho-maria que se
dá a esse processo tão utilizado hoje em dia.
O último nome da minha
relação de filósofas da Antiguidade é o de Hipácia. Ela viveu em 415 d C. Cultivou
superiormente as matemáticas e a filosofia. Manteve viva a chama do pensamento
helênico de raiz ateniense numa Alexandria dilacerada pelas lutas religiosas.
Aliás, justamente por causa desses conflitos, foi brutalmente assassinada por
uma turba enfurecida de religiosos fanáticos, que a linchou. É o preço que a
inteligência pagava e ainda paga ante a superstição, a ignorância e a
irracional violência. Na sequência, proponho-me a comentar sobre as filósofas
da Idade Média. Afinal, elas existiram. E... filosofaram... Aguardem.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
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