Governo
mau pagador
Pedro J. Bondaczuk
O governo resolveu devolver o empréstimo
compulsório, aquele que tomou da população em 1986 durante a gestão do
presidente José Sarney, que incidiu sobre os preços dos combustíveis e
aquisição de veículos automotores novos.
Todavia, os que já estão planejando como vão gastar
esse dinheiro, é bom que se acautelem e observem como e quando Itamar Franco e
sua equipe querem que ocorra a devolução. Ela está marcada, de acordo com o
projeto-de-lei que o Planalto encaminhou ao Congresso, pasmem, para a partir de
1º de janeiro de 1999. Ou seja, como “o presente da virada do milênio”.
Além disso, o desembolso não vai ser feito de uma só
vez. O governo pretende pagar o que emprestou, e na marra, em 24 “suaves”
parcelas. Quer dizer que o pagamento será completado apenas em 2001. Será que o
cidadão comum, aquele que paga religiosamente seus impostos e não ocupa nenhum
cargo no funcionalismo, poderia aspirar uma regalia dessas? Claro que não!
Em primeiro lugar, nenhum banco lhe emprestaria
dinheiro nessas condições e muito menos de forma compulsória. Em segundo, se o
devedor não tivesse como honrar o compromisso seria, no mínimo, executado
judicialmente, depois de passar pelo vexame de ter seu fiador intimado a saldar
o débito.
O projeto terá que ser aprovado primeiro pelo
Congresso e é muito questionável que o seja. Mas a proposta do governo soa, no
mínimo, como indecente. Coisas de um país há tempos desgovernado!
(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio
Popular, em 5 de janeiro de 1994)
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