Sunday, February 14, 2016

Governo mau pagador


Pedro J. Bondaczuk


O governo resolveu devolver o empréstimo compulsório, aquele que tomou da população em 1986 durante a gestão do presidente José Sarney, que incidiu sobre os preços dos combustíveis e aquisição de veículos automotores novos.

Todavia, os que já estão planejando como vão gastar esse dinheiro, é bom que se acautelem e observem como e quando Itamar Franco e sua equipe querem que ocorra a devolução. Ela está marcada, de acordo com o projeto-de-lei que o Planalto encaminhou ao Congresso, pasmem, para a partir de 1º de janeiro de 1999. Ou seja, como “o presente da virada do milênio”.

Além disso, o desembolso não vai ser feito de uma só vez. O governo pretende pagar o que emprestou, e na marra, em 24 “suaves” parcelas. Quer dizer que o pagamento será completado apenas em 2001. Será que o cidadão comum, aquele que paga religiosamente seus impostos e não ocupa nenhum cargo no funcionalismo, poderia aspirar uma regalia dessas? Claro que não!

Em primeiro lugar, nenhum banco lhe emprestaria dinheiro nessas condições e muito menos de forma compulsória. Em segundo, se o devedor não tivesse como honrar o compromisso seria, no mínimo, executado judicialmente, depois de passar pelo vexame de ter seu fiador intimado a saldar o débito.

O projeto terá que ser aprovado primeiro pelo Congresso e é muito questionável que o seja. Mas a proposta do governo soa, no mínimo, como indecente. Coisas de um país há tempos desgovernado!  

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 5 de janeiro de 1994)

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