Tuesday, August 11, 2015

Valeu!

Pedro J. Bondaczuk

A Ponte Preta, finalmente, lavou a alma de sua fidelíssima torcida, não apenas pelo fato de retornar à elite do futebol paulista, dois anos depois de haver voltado ao cenário maior no plano nacional, mas pela brilhante exibição do time na goleada que aplicou sobre o Mirassol. A equipe reservou o melhor para o último instante, para a grande festa do renascimento (bem que o símbolo da Macaca poderia ser o mesmo da cidade de Campinas: a fênix).

Para um clube que ainda em 1996 estava prestes a ser rebaixado para a terceira divisão, pelas inúmeras dívidas acumuladas por diretorias anteriores, cuja atuação desastrosa os pontepretanos apenas querem esquecer, pode-se falar que ocorreu um "milagre". Mas nada caiu do céu. As conquistas da Ponte Preta de 1997, no Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, e de ontem, foram frutos de muito trabalho, de união, de competência administrativa e, principalmente, do apoio dessa imensa massa torcedora, que nos piores momentos do clube, nunca deixou de acreditar no "impossível".

Essa torcida sim merece o título de "fiel". Manter a fidelidade com um clube que coleciona títulos e que somente uma vez ou outra tropeça e deixa de ser campeão, é facílimo. Não tem todo esse mérito que as pessoas costumam lhe atribuir. Mas não abandonar uma associação quando ela só traz decepções, revela fragilidade e coleciona tropeços, chegando mesmo a correr o risco de desaparecer, como ocorreu com a Ponte Preta, é sublime. Isso sim é que é ser fiel. É amor incondicional e que, mais cedo ou mais tarde, acaba por operar milagres. Como operou.

Está de parabéns o presidente Sérgio Carnieli, que merece uma estátua no portão do Majestoso, por tudo o que fez. Merecem todos os cumprimentos possíveis e imagináveis os membros da atual diretoria, que deixaram vaidades e interesses pessoais de lado, para trabalhar pelo bem comum. É uma questão de justiça, também, destacar o trabalho incansável, humilde e sem vedetismo do técnico Marco Aurélio, criticado em muitas oportunidades, mas que soube dar a resposta no campo, com o acesso da Ponte Preta à série A-1 e a exibição de gala, histórica, fantástica e inesquecível, no jogo de ontem.

Não se pode esquecer, contudo, de José Macias, o Pepe, figura destinada a ser vencedora, desde os tempos em que integrou o mais perfeito e completo time de futebol do mundo, o do Santos de Pelé. Como técnico, colecionou títulos e mais títulos. E como supervisor, é um dos responsáveis pelas duas ascensões da Ponte.

Finalmente, os cumprimentos para os brilhantes atletas, que demonstraram grande hombridade e caráter, principalmente depois da derrota contra o Etti, no dia 9 passado. Mas o vencedor maior, o décimo-segundo jogador, é esta maravilhosa, fantástica e fidelíssima torcida. Todos vocês foram responsáveis pela maior alegria, no terreno esportivo, que este veterano jornalista já teve em toda a sua vida. Valeu, Ponte Preta!

(Artigo publicado na página 4 do Suplemento Especial sobre a Ponte Preta do Correio Popular em 19 de julho de 1999)


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