Um ícone da ficção
científica
Pedro
J. Bondaczuk
O norte-americano
Robert Ansom Heinlein, que assinava seus livros como Robert A. Heinlein, é
considerado como um dos três mais importantes autores de ficção científica, ao
lado de Isaac Asimov e Arthur C. Clarcke. Pode-se dizer, pois, sem nenhum
exagero, que foi um dos ícones desse gênero que desperta tanta polêmica. Como
os outros dois citados, tem vastíssima bibliografia e algumas obras adaptadas
para o cinema. Todavia, é pouco conhecido, se não ignorado, fora do círculo dos
apreciadores de ficção científica. No meu caso, por exemplo, tomei conhecimento
da sua existência, e da sua importância, muito recentemente, e de forma
totalmente casual. E não foi por falta de opções. Heinlein é um dos escritores
de ficção científica que têm mais livros traduzidos para o português, lançados
ou no Brasil, ou em Portugal, ou em ambos. Atribuo seu quase desconhecimento à
pouca divulgação das suas histórias, ao contrário do que ocorre com Isaac
Asimov e com Arthur C. Clarcke.
Confesso que o tipo de
enredo que criou não é propriamente o da minha predileção. Todavia, aprecio
nele a notável capacidade descritiva e o ritmo ágil e dinâmico que imprimia às
aventuras de seus personagens, como que talhados para o cinema. É uma virtude
rara na maioria dos escritores. Quando leio algum livro, não me limito a fixar
atenção “apenas” na história que é narrada, que não raro sequer me agrada.
Busco detectar o estilo, a correção, a coerência e a quantidade de informações
que a narrativa contém. Por esses critérios, afirmo, sem pestanejar, que
considero Robert A. Heinlein um dos grandes escritores do século XX, apesar das
restrições que faço a esse gênero. E concordo com os que o reputam como tal.
Chamam-me, em
particular, a atenção as influências que sofreu e que provavelmente
determinaram a escolha que fez pela ficção científica. Heinlein nasceu na
cidade de Butler, no Estado do Misouri, em 7 de julho de 1907, em uma
comunidade profundamente religiosa. Sua família era batista e, até os 13 anos
de idade, sua visão de mundo e os valores pelos quais se pautava eram baseados
na Bíblia. Pode-se dizer que se tratava de um “fundamentalista”. Foi então que
teve contato com o livro “A origem das espécies”, de Charles Darwin. A
princípio, chocou-se com os conceitos emitidos pelo célebre naturalista inglês,
que contrariavam tudo o que acreditava até então. Não se sabe como, no entanto,
sofreu, da noite para o dia, radical transformação em sua crença. O fato é que,
ainda na adolescência, abandonou a religião e se tornou ateu convicto,
mantendo-se assim até o fim da vida (morreu em Carmel, em 8 de maio de 1988,
perto de completar 81 anos de idade).
Alguns dos livros de
Robert A. Heinlein, todos traduzidos para o português, são: “A companhia dos
mágicos”, “Nave Galileu”, “O planeta vermelho”, “O monstro do espaço”, “Um
túnel no céu”, “Cidadão da galáxia”, “Tropas estelares”, “A rapariga de Marte”,
“Revolta na lua”, “O número do monstro” e vai por aí afora. Poderia relacionar
mais umas dezenas deles, mas não o farei. Isso, sem contar as várias séries que
criou, como “Os filhos de Matusalém”, “O homem que vendeu a lua”, “Revolta em
2100” etc.etc.etc. Um dos seus livros, vertidos para o cinema, foi “Tropas
estelares”, que além do filme original, rodado em 1997, teve algumas
continuações. Sua história foi adaptada para as telas por Edward Neumeier, com
direção de Paul Verhoeven e que tinha no elenco Denise Richards, Dina Meyer,
Caspen Van Dien, Neil Patrick Harris e Jake Busey, entre outros.
Antes da adaptação do
seu livro, Heinlein já havia atuado como consultor de cinema. Foi em 1950, no
filme “Destination Moon”. O roteiro foi escrito pela dupla James O’Hanlon e Rip
Van Ronkel, mas ele pode ser considerado co-autor dessa história, pelos
acréscimos e cortes que fez no enredo. Essa produção, dirigida por Irving
Pichel, foi estrelada por John Archer, Dick Wesson, Warner Anderson, Tom Powers
e Erin O’Brien.
Tenho a impressão,
embora não possa jurar, que Robert A. Heinlein tinha, digamos, obsessão por
Marte. Pelo menos é o que depreendo quando constato que vários de seus livros
foram situados nesse nosso “vizinho” espacial. É verdade que a Lua é também
local recorrente nas histórias que criou. Os astrônomos resolveram
homenageá-lo. Todavia, não pensaram em nosso satélite natural ao fazê-lo.
Batizaram, isso sim, um dos acidentes geográficos de Marte como “Cratera
Heinlein”. Creio, pois, que minha impressão faz todo o sentido. De qualquer
forma, esse escritor prolífico e imaginativo é considerado, quase que consensualmente,
um dos grandes mestres da ficção científica.
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